Política

Camilo insiste na candidatura de Randolfe ao governo e nega enfraquecimento do PSB

Ex-governador diz que o senador tem perfil e liderança para unir as esquerdas e garante que não se trata de estratégia para viabilizar a reeleição do pai, João Capiberibe


Em entrevista concedida com exclusividade na manhã deste sábado à bancada do programa Togas&Becas (DiárioFM 90.9) ancorado pelo advogado Helder Carneiro, o ex-governador Camilo Capiberibe (PSB) afirmou que o senador Randolfe Rodrigues (Rede) tem perfil e liderança para unir as esquerdas e, por isso, é o nome ideal para unir as oposições em eventual candidatura ao governo do estado.

Questionado se a pretensão de lançar Randolfe para disputar o Palácio do Setentrião seria estratégia do PSB para viabilizar a reeleição de João Capiberibe, pai dele, ao Senado, Camilo negou, garantindo que a oposição tem condições de preservar os dois mandatos que atualmente detém caso o projeto da candidatura de Randolfe ao governo não se consolide.

“O senador Randolfe consegue reunir as forças politicas de oposição e essa hipótese está em discussão; não há uma posição consolidada porque o PSB não é monolítico, mas eu tenho dito que o senador Randolfe tem 45 anos e tem perfil para o governo; ele é senador da Republica, chegou, portanto a um ponto da carreira (política) que daí ele vai para presidente ou governador, não tem outro caminho aceitável, porque concorrer para deputado federal ou estadual é retrocesso; ele tem condições de procurar partidos de esquerda, aglutinar o PSB que se dispõe a apoia-lo, além de outros partidos; não se trata de nenhuma estratégia, pois enxergo que em 2018 o senador Randolfe seria fundamental para consolidar esse projeto de união das esquerdas”.

Sobre o histórico do PSB de priorizar candidaturas próprias em detrimento de coalisões com outros partidos, e o fato de agora insistir em apoiar Randolfe em eventual candidatura para o Palácio do Setentrião, Camilo explicou: “Não se trata de recuo, mas sim de maturidade; tomo como exemplo o que ocorreu em 2010, quando estávamos numa duvida interna grande sobre candidatura própria; na ocasião, mesmo eu tendo sido apontado como candidato eu propus ao então pré-candidato Lucas (Barreto) para que nós o apoiássemos para o governo; eu chamei ele em via publica, levei o senador (Capiberibe) para reunir o grupo e fiz essa proposta; eu pessoalmente acreditava que o PSB podia fazer isso, defendi internamente dentro do partido, mas naquele momento não houve possibilidade de apoia-lo; o PSB optou por minha candidatura e quis o destino que eu derrotasse o Lucas no segundo turno”.

Descrédito para composição de alianças
Ao ser lembrado que a postura política adotada pelo PSB em 2014 ao abandonar a candidatura da então aliada Dora Nascimento (PT) para o Senado em favor da candidatura de Davi Alcolumbre (DEM) poderia fazer o partido ficar desacreditado para consolidar aliança, Camilo descartou:

– Nós estamos fazendo debate publico, falando publica e claramente o que queremos para 2018; se eu fosse senador na posição dele (Randolfe), com a visibilidade que ele tem, eu optaria por continuar em Brasília se as circunstâncias fossem outras; eu lembro do Darcy Ribeiro no Rio de Janeiro, que foi eleito senador a reboque pelo Brizola (Leonel) e perguntaram pra ele como era o Senado; ele respondeu que é melhor que o paraíso porque não é preciso morrer para ir pro Senado; só que a situação é diferente no Amapá, onde passamos por extremas dificuldades; não vejo como alguém pode chegar a dizer que o PSB quer passar pra trás, enganar, castigar alguém; o PSB agiu com a maior responsabilidade em relação à Dora e ao PT; o PSB vota pelos seus princípios, sem moeda de troca, tanto que não tivemos nenhum cargo federal nos governos Lula e Dilma”.

Enfraquecimento do PSB
Instado a se manifestar sobre se a derrota acachapante do PSB nas eleições municipais do ano passado significa um enfraquecimento do partido no Amapá, Camilo minimizou: “Eleição municipal foca a conjuntura muito local, onde a preocupação é com o buraco ser tapado, o lixo ser recolhido, coisas do dia a dia; não está em jogo a situação politica; o que houve em 2016 é que havia duas candidaturas de perfis semelhantes, uma, a do atual prefeito (que se reelegeu) que tinha uma coalisão heterogênea com partidos que não têm perfil de esquerda e a outra nossa, mas ficamos isolados; na minha avaliação aconteceu que o Ruy Smith não conseguiu incorporar o eleitor de esquerda, que foi para o Clécio, e terminou afundando, tanto que apareceu 10% na pesquisa do Ibope e na reta final despencou por conta do voto útil; houve uma confusão na cabeça do nosso eleitor porque em 2014 a gente estava junto com o Clécio”.

Cobrado sobre a não realização de concurso para a Defensoria Pública (Defenap) durante os 12 anos dos governos do PSB, sendo oito do pai dele, Capí, e os quatro dele próprio, Camilo ponderou: “O senador Capiberibe salvo engano em 1999, lançou o edital para o concurso público da Defenap, mas alguém entrou com uma ação (judicial) e embargaram o concurso; ele fez um esforço muito grande nesse sentido, mas o e edital foi derrubado pela justiça; o Waldez (atual governador) tem que explicar as razões dele por não ter feito o concurso, porque afinal são 10 anos de governo; na minha gestão eu fiz a modificação da lei porque precisava mudar, mas a Assembleia (Legislativa) levou séculos para aprovar essa mudança, o que aconteceu só em julho de 2014; mas depois a Procuradoria Geral da Republica questionou as regras, que aliás foram propostas pela própria Procuradoria e acabou não sendo possível realizar no meu governo; mas não se pode esquecer que eu fiz três concursos, sendo um para a Ueap, um para a Educação e outro para a Saúde, com a contratação de mais de quatro mil servidores”.


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