Cidades

Com atraso de 10 anos, censo agropecuário marca os 83 anos de criação do IBGE

Pesquisa é tida como preparatória para o censo demográfico de 2020, e no Amapá também vai abranger também os municípios paraenses de Afuá e Chaves


Criado por lei federal no dia 6 de julho de 1934, no governo Getúlio Vargas com o nome de Instituto Nacional de Estatística (INE) e instado dois anos depois com a denomina Instituto Nacional de Geografia e Estatística, o IBGE chega aos 83 anos de efetivação contribuição para o desenvolvimento do Brasil com muito a comemorar, apesar de constantemente ser alvo de cortes de recursos, o que tem impedido o órgão de realizar na periodicidade prevista as pesquisas de sua competência, como o Censo Agropecuário, que com um atraso de dez anos está confirmado para ser deflagrado em outubro deste ano.

Conforme revelou com exclusividade para o programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9) na manhã desta quinta-feira (06) o estatístico Raul Tabajara, que já soma 32 anos dedicados ao IBGE, o Censo Agropecuário de 2017 do Amapá, que coletará dados referentes a 2016, neste ano, também vai abranger os municípios paraenses de Chaves e Afuá, e somente vai ocorrer graças ao empenho do então presidente da instituição, Paulo Rabelo, que há dois anos garantiu os recursos necessários para a realização da pesquisa, que segundo ele, é vital para o desenvolvimento agropecuário do país, em especial do Amapá.

“O trabalho executado pelo IBGE é muito importante para o país, porque subsidia os governos municipais, estaduais e federais no sentido de conhecerem a realidade de cada comunidade, de cada município e de cada estado para viabilizar o planejamento das ações públicas em todas as regiões. E é importante frisar que não apenas os governos, como também a iniciativa privada se beneficia diretamente desses serviços, através da identificação das tendências do mercado, permitindo que se saiba onde e como investir”, pontuou;

Conforme explicou Tabajara, todas as pesquisas realizadas pelo IBGE são disponibilizadas para toda a população através da internet, inclusive com o detalhamento da realidade dos de todas as comunidades, distritos, municípios, do estado e do país de forma global. Perguntado qual a área que o Amapá mais se destaca em nível nacional, ele não titubeou: “Sem nenhuma dúvida é a educação, principalmente no que diz respeito ao Ensino Médio, que é bem superior a todos os estados brasileiros; esse fenômeno se deve aos investimentos do Estado no setor, tanto que 85% das escolas do Amapá são públicas”.

Instado a se manifestar sobre a situação econômica do país, Raul Tabajara creditou a ampliação da crise à falta de confiança da população e dos investidores: “Na minha opinião para haver investimento é preciso de confiança; mas o que vemos é uma crise atrás da outra; o país tem potencial, mas o que falta é confiança; nós vemos muitas críticas, muitas comparações absurdas do Brasil com a Finlândia, por exemplo, mas são realidades completamente diferentes; a Finlândia tem uma população de pouco mais de 5 milhões e meio de habitantes e uma faixa territorial pequena, enquanto que aqui são mais de 200 milhões espalhadas em florestas e mesmo áreas desérticas existente numa enorme área territorial”.

Censo Agropecuário

Raul Tabajara confirmou o início do Censo Agropecuário no início de outubro: “Estamos com quase tudo pronto, inclusive com as equipes já sendo treinadas para a deflagração do Censo no dia 1º de outubro, com dez anos de atraso, porque quando completou cinco anos do anterior, e é realizado de cinco em cinco anos, não teve recursos para a sua realização; e nesses dez anos muita coisa mudou em todo o país, em especial no Amapá, onde a energia elétrica chegou às comunidades mais distantes, houve introdução de novas culturas; teremos um grande desafio pela frente, mas o trabalho precisa ser realizado com muito empenho, muita competência, com o objetivo de dar as informações necessárias para que os governos possam viabilizar políticas públicas eficientes para a população, principalmente considerando que o Agropecuário é uma preparação para o Censo Demográfico que vai acontecer em 2020”.

A inserção dos municípios paraenses de Chaves e Afuá no Censo Agropecuário deste ano é explicada por Tabajara: “Na realidade nós já vimos realizando isso desde 2010 porque é muito elevado o custo das equipes para se deslocarem de Belém para cá, e no Amapá estamos bem mais próximos desses municípios; o pessoal que vai trabalhar em Chaves e Afuá é selecionada no Pará, mas o treinamento é feito aqui; vai ser um trabalho gratificante, mas muito desafiador por causa da grande extensão territorial, que de acordo com a nossa estimativa abriga algo em torno de seis mil estabelecimentos agropecuários”.

Corte de recursos

O Censo Agropecuário deste ano será o 10º realizado no país e de acordo com Raul Tabajara, serão cinco meses de trabalhos ininterruptos de visitas a estabelecimentos agropecuários do Amapá, quando serão levantadas informações sobre a área, a produção e as características da mão de obra, entre outros temas. Os resultados do Censo Agro 2017 devem começar a ser divulgados pelo IBGE em meados de 2018.

Apesar do orçamento do Censo Agropecuário de 2017 ter sofrido um corte de mais de 50%, o técnico avalia que não haverá prejuízos para a coleta dos dados porque diante desta contingência, mesmo considerando a diminuição do número de recenseadores, essa coleta, que era prevista para cerca de 90 dias, foi ampliada para cinco meses. Além disso, conforme ele revelou, houve uma diminuição de itens do questionário, de 36 para 14, permitindo que em média três estabelecimentos agropecuários sejam visitados a cada dia, de acordo com a distância que separa esses estabelecimentos.


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