Política

Bancada do Amapá só tem um voto garantido a favor da Reforma da Previdência

Janete Capiberibe (PSB) e professora Marcivânia (PCdoB) são as únicas parlamentares que dizem claramente que vão votar contra a proposta. Vinícius Gurgel diz que seu voto será “parcialmente favorável”. Demais deputados não quiseram se manifestar.


Ramon Palhares
Correspondente em Brasília

Confirmando entendimento firmado pelo presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM), o governo está longe de garantir os 308 votos necessários para a votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Reforma da Previdência: no total, até agora, 220 deputados já revelaram que vão votar contra a proposta segundo levantamento feito pelo jornal Folha de São Paulo entre os dias 27 de novembro e 1º de dezembro com 512 parlamentares (um está de licença e o suplente não assumiu).

Entre os membros da bancada do Amapá apenas três declararam seus votos: Janete Capiberibe (PSB) e Professora Marcivânia (PCdoB) votarão contra, enquanto Vinícius Gurgel (PR) afirmou que vai votar “parcialmente favorável”. André Abdon (PP) e Cabuçu Borges (PMDB) não quiseram se manifestar. Marcos Reátegui (PSD) e Roberto Góes (PDT) não foram encontrados.

Acostumados a verem Jozi Araújo (PODE) se posicionar ao lado do governo em todas as votações polêmicas até agora, os amapaenses poderão se surpreender com o voto da parlamentar na Reforma da Previdência, porque sem declarar seu voto ela diz que vai seguir a orientação do seu partido. Só que a tendência do partido dela é votar contrariamente à proposta, porque dos 16 deputados da sigla, 9 dizem que vão votar contra e apenas 1 a favor, enquanto que os demais (6) também dizem que vão seguir a orientação da liderança, que já vem sinalizando que poderá fechar questão atendendo à maioria.

Em entrevista à imprensa credenciada na Câmara neste sábado (02) Rodrigo Maia ratificou o entendimento dele firmado na última quinta-feira (30) de que a base do governo está desarticulada, reconhecendo que “faltam muitos votos” para aprovar a proposta, por isso ainda não há data para pautar a matéria no plenário.

“Estou realista, trabalho 24 horas por dia nesse tema. Falta muito voto, já que fazemos uma projeção do que está ouvindo dos líderes”, afirmou, ponderando que além do desgaste enfrentado pelos parlamentares após a rejeição das duas denúncias contra o presidente Michel Temer, muitos deputados têm preferido não anunciar apoio à reforma da Previdência. O PSDB, que é o segundo maior partido da Câmara condicionou votar favoravelmente em bloco se a medida for alterada, só que essas alterações propostas pelo partido representam R$ 100 bilhões a menos no ajuste fiscal pretendido pelo Palácio do Planalto.

Mesmo assim, apesar do já anunciado desembarque da base de sustentação do governo, o PSDB não descarta apoio de sua bancada às mudanças nas regras da aposentadoria. Segundo o presidente interino da legenda, Alberto Goldman, a cúpula do partido se reunirá no próximo dia 6 com deputados para discutir o texto da reforma por entender a necessidade de a proposta ser aprovada.

Base dividida

Apesar do partido dele estar muito dividido (dos 29 deputados apenas 3 se manifestam claramente favoráveis à proposta), Rodrigo Maia diz que defende a reforma porque é um tema de interesse do Brasil. “Falta entender que a votação não tem caráter diabólico, mas que garante a aposentadoria dos que ganham menos e acaba com a distorção dos que ganham mais. É um tema fundamental e urgente, que vai garantir o futuro de milhões de brasileiros. Se não for aprovada, no futuro vão faltar recursos para saúde e educação”, prevê.

O próprio PMDB, do presidente Michel Temer, o partido de maior bancada na Câmara está dividido: dos 60 deputados da sigla 10 se dizem contrários à proposta e apenas 9 afirmam que vão votar favoravelmente, enquanto 31 não quiseram responder à pesquisa. Apenas um deputado não foi ouvido por se encontrar de licença e seu suplente não assumiu a vaga. Terceiro maior partido de sustentação do Palácio do Planalto na Câmara com 20 deputados, o PP tem 7 votos contrários, 12 favoráveis e 7 indecisos; no PR, que é o 4º em número de parlamentares, a maioria é contrária: 17. Apenas um deputado diz que vai votar a favor. Todos os demais partidos da base do governo seguem essa tendência.

Na oposição o PT desponta como o partido com o maior número de votos contrários: dos 57 deputados apenas dois ao se manifestaram, enquanto os demais disseram que vão votar contra. Algumas surpresas: o PSB possui 23 votos contrários, 2 favoráveis e 8 indecisos e a REDE, que possui 3 votos contra e 1 deputado também não quis declarar o voto. Os 12 deputados do PCdoB afirmam que vão votar contra a proposta e no PSOL dos 6 deputados 5 são contrários e 1 está indeciso. O PDT, com 21 deputados, terá 16 votos contra, 1 a favor. 2 não quiseram se manifestar e 2 não foram encontrados, entre os quais o deputado Roberto Góes, do Amapá.

Reflexos nas eleições de 2018

Analistas políticos avaliam que essa ‘rebeldia’ de parlamentares filiados a partidos aliados ao governo ocorre por causa da proximidade das eleições de 2018, porque eles estão sentindo em suas próprias bases eleitorais o acentuado desgaste por contribuírem para aprovar medidas impopulares, como as duas denúncias contra o presidente Michel Temer (PMDB) e a reforma trabalhista.

Por isso, muitos parlamentares de diferentes partidos vêm sinalizando que pretendem votar contra a reforma da previdência, mesmo sabendo que isso poderá resultar em desfiliação da legenda. Por isso muitos já fazem articulações nos bastidores para mudarem de partido, inclusive no PMDB, onde pelo menos 20 deputados estão tentando uma saída negociada, isto é, sem o risco de perderem os seus mandatos.

Dois partidos são apontados como pousos mais prováveis dos insatisfeitos: PSB e PDT. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, confirmou que tem sido procurado e vem conversado com alguns deputados sobre o assunto.


Deixe seu comentário


Publicidade