Repórter localiza no meio da praça homem que família vinha procurando há muito tempo
Com dependência química, Luiz Carlos fugiu de uma clínica de reabilitação e passou a morar nas ruas. Família já não sabia mais aonde procurar. Direcionado pelo espírito natalino, repórter acabou descobrindo homem dormindo em banco de praça.

O repórter Costa Filho, do programa LuizMeloEntrevista (Diário FM 90,9), foi surpreendido na manhã desta sexta-feira (22) com um homem aparentemente de fisionomia normal, mas que estava despertando de uma noite mal dormida na Beira-Rio, no Centro de Macapá. Olhar desconfiado, passos trôpegos, o homem, que se identificou como Luiz Carlos Menezes Correia, de 64 anos, descreveu o sentimento que nutre em meio ao espírito natalino.
“Sou homem, estou aqui há algum tempo sem ter em que me escorar. Sempre fui bem de vida, mas de uma hora pra outra as coisas desandaram e perdi tudo, inclusive, a família. Foi um abandono mútuo. A crise me pegou, os clientes sumiram e fui obrigado a largar tudo e viver ao relento. Sou um fracassado, mas, sinceramente, ainda alimento a esperança de voltar a caminhar na estrada do meu destino”, desabafou o técnico em refrigeração.
Mais adiante, após revelar que há muitos dias estava sem se alimentar e sem condições de comprar um lanche pelo menos, Luiz desabafou: “Eu trabalhava como técnico de refrigeração, mas perdi tudo o que tinha. Não foi por causa de bebida, por causa de vícios, simplesmente eu me joguei na rua porque não tive mais como pagar aluguel… A situação me trouxe para rua, tive que abandonar a família… Não foi um ato de covardia, mas preferi assim, porque é um peso a menos e na casa sobraria um pouco mais para os meus filhos”.
Perguntado se já tentou sair das ruas e buscar nova oportunidade de trabalho, Luiz disse que sim, mas reclamou da falta de oportunidades: “Hoje não tenho casa. Tenho esposa e filhos, mas por causa da minha decisão de morar na rua eles se afastaram. Eles não entenderam que essa decisão foi pra tirar um peso de dentro da casa, pra sobrar um pouco mais pra eles, porque infelizmente eu acabei ficando sem condições de garantir o sustento que eu sempre dei quando foi possível. Eu já tentei sair da rua, arrumar um trabalho, mas é muito difícil, ninguém dá oportunidade. Hoje só posso dizer que estou com fome, não tenho para onde ir”, lamentou.
O repórter convidou o morador de rua para fazer um lanche, cujo convite foi aceito. Ao final, Luiz não conteve a emoção e disparou: “tenho 64 anos, sou safenado, tenho problema cardíaco, mas a maior doença que tenho atinge a minha alma. Espero que o espírito natalino contamine todo mundo, inclusive eu, para que o lugar reservado a todos nós seja respeitado, independentemente das razões que nos levaram a seguir por atalhos desconhecidos e inesperados”.
Durante a entrevista um familiar de Luiz manteve contato com o programa. O parente revelou que, infelizmente, Luiz Carlos se tornou dependente químico. Ele estava internado em uma clínica de onde fugiu para as ruas. A família já não sabia mais aonde procurar. Após saber seu paradeiro, os familiares foram acolhê-lo novamente para tentar mudar a história de vida do técnico de refrigeração que tem um sonho: curar a ferida da alma.
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