Randolfe denuncia a Anglo American em Londres e atrai a atenção da imprensa internacional
Durante evento denominado ‘Brazil Weeg’ (Semana do Brasil, na tradução livre), que acontece no Kings College, na capital da Inglaterra, o senador Randolfe (REDE) denunciou o que chamou de ‘ação criminosa’ da Anglo American no Amapá.

Em pronunciamento nesta terça-feira (29), por ocasião da abertura do evento ‘Brazil Week’, que é realizado anualmente pelo na ‘Brazil Week’ (Semana do Brasil), evento que é realizado anualmente pelo Brazil Institute do King’s College de Londres, uma das mais influentes universidades da Europa, o senador Randolfe Rodrigues (REDE/AP) denunciou o que chamou de “ação criminosa” da Anglo American no Amapá, que deixou, segundo ele, um rastro de destruição ambiental e dívidas trabalhistas e com fornecedores.
De acordo com o senador amapaense, a morte de seis operários no porto da empresa, em Santana, continua sem resposta até hoje, cujas famílias passam enormes dificuldades porque a empresa até hoje ainda não pagou as indenizações devidas. O evento, que prosseguirá até o dia 2 de janeiro, reúne personalidades acadêmicas de vários países com rica programação enfocando a cultura brasileira, além de discussões sobre a realidade contemporânea do país.
O senador denunciou para uma platéia lotada, com a presença de jornalistas dos mais importantes veículos da imprensa internacional, os graves problemas políticos do Brasil e usou grande parte do tempo para falar sobre o que ele chamou de “os deletérios efeitos da exploração mineral por empresas não responsáveis”, fazendo clara referência à Indústria e Comércio de Mineração Ltda. – ICOMI, que explorou minério por mais de cinquenta anos no município de Serra do Navio, no Amapá, contando a história e os efeitos devastadores que a mineradora deixou. “Importante salientar que a reserva ferrífera era estimada em 250 milhões de toneladas, o que garantiria uma vida útil de 15 anos à mina. Mas, infelizmente, hoje em dia, nem uma grama de minério é lavrada no Amapá.” – relatou.
Em tom de denúncia, Randolfe continuou dando detalhes de operação da empresa MMX, do EIke Batista, até a chegada de outras coligadas. Em 2008, a Anglo American, empresa Sul-africana, com sede em Londres, adquiriu da MMX as operações do Amapá em conjunto com uma operação que envolveu a soma de R$5,5 bilhões de dólares. O senador amapaense atraiu a atenção da imprensa internacional e já concedeu entrevistas a vários veículos de comunicação, entre os quais o The Financial Times, que tem circulação diária impressa e eletrônica em mais de 150 países.
Transferência de ativos
Conforme o senador relatou, a Anglo American atuou entre 2009 e 2013, tendo sido o período mais produtivo da história da extração de ferro no Amapá, com mais de 18 milhões de toneladas exportadas e receitas superiores a 1,5 bilhões de dólares, chegando a ser responsável por mais de 90% da pauta de exportações do Estado. Mas, segundo Randolfe, o ar do aparente êxito na atividade, em meados de 2012 a Anglo American informou que não mais prosseguiria com as operações no Amapá, anunciando o interesse em vender seus ativos no Estado sem maiores explicações.
Em março de 2013, oito meses antes da transferência de ativos para uma pequena empresa, a Zamin, o porto flutuante utilizado para o escoamento de minérios desabou, num incidente que ocasionou a morte de seis operários e cujas causas ainda estão sendo investigadas, mas com fortes indícios de ter sido originado por falhas na operação do porto.
Apesar do acidente e de todas as consequências, a operação de transferência de ativos foi realizada, o que leva a suspeitas, suscitadas por importantes atores que acompanham este caso, de que a Zamin nunca tenha pretendido explorar o minério de ferro, mas sim “aceitará assumir o desonroso papel de desmobilizar a atividade de mineração, da pior forma possível, causando grandes prejuízos ao Estado e ao povo amapaense” denunciou.
Calote
Apenas um ano após ter adquirido os direitos de exploração e exportação de minério de ferro das jazidas do Amapá, a Zamin colocou fim a todas atividades, ficando sem pagar fornecedores, direitos dos trabalhadores e sem recolhimento recolher tributos. Atualmente, segundo o senador, estima-se que a soma das dívidas no mercado da Zamin aproxime-se da cifra de R$ 1 bilhão, relegando à uma situação pré-falimentar mais de trinta fornecedores de pequeno e médio portes. Além de fornecedores, a empresa deixou de recolher tributos e suas dívidas trabalhistas também alcançam somas elevadíssimas.
Para Randolfe, as suspeitas do Ministério Público amapaense levam à convicção de que a transição da Anglo American para a Zamin fora fraudulenta, tendo causado danos gigantescos à economia, ao meio ambiente e ao povo do Amapá “Dessa forma, ainda, acuso aqui a Anglo American de ser responsável pelos seguintes crimes cometidos no coração da floresta amazônica: a morte de 6 trabalhadores amapaenses e o não pagamento de indenização a seus familiares e graves danos e riscos ao meio ambiente – além dos danos e riscos próprios da atividade de mineração em si, nos causa extrema preocupação a possibilidade de um acidente causado por rompimento ou transbordamento de uma barragem de resíduos deixada pela Zamin, em razão da ausência de manutenção nos últimos três anos”.
No final, o senador lembrou a tragédia ocorrida na cidade de Mariana (MG): “Neste ponto, impossível não recordar o maior desastre ambiental já ocorrido no Brasil, o rompimento da barragem operada pela empresa SAMARCO, em Mariana, no Estado de Minas Gerais. Foram dezenas de mortos e prejuízos ambientais incalculáveis, causados por negligência da mineradora que operava naquele local”.
Assista o pronunciamento.
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