José Sarney

Aeroporto: belo sonho sonhado


É a realização de belo sonho o aeroporto de Macapá, inaugurado sexta feira. Quando fui eleito Senador pelo Amapá, sonhei dotar o Estado de uma infraestrutura capaz de transformá-lo num grande estado. Pensava alto. Nada de plantar couve, plantar carvalho, como dizia Rui Barbosa.

Em 1990 o aeroporto era modestíssimo, pequeno barracão de embarque. Apenas uma linha da Varig, representada por Zagury, servia a cidade. O porto de Santana era em Belém, de onde vinham as cargas para cá, em balsas. A estrada de asfalto que existia, a BR para o Oiapoque, tinha apenas cento e poucos quilômetros, até Ferreira Gomes, já construída por mim quando Presidente da República. Vim inaugurá-la juntamente com a ponte sobre o Rio Araguari, também feita no MEU GOVERNO. Energia, apenas quatro motores a óleo, que forneciam a Macapá eletricidade intermitente, com apagões mais da metade do dia.

Resolvi o problema da energia com os motores novos que consegui da Bahia, com o Governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, e depois, definitivamente, com o Linhão de Tucuruí. Consegui a transferência do porto de Belém para Santana e construímos lá o terminal de Contêineres para atender à Zona de Livre Comércio Macapá-Santana, obra que me custou grande luta. Assim, o Amapá tem hoje nela o motor de sua economia e a História do Estado se divide em antes e depois dela. Antes ia-se daqui para Belém para comprar, hoje de Belém se vem aqui para se abastecer. O que seria do Estado se não existisse?

Parti para consegui construir um novo aeroporto. Trouxe o Brigadeiro Adir, então presidente da Infraero, para fazê-lo. Mas naquele tempo havia uma longa lista e, para sermos prioridade, o governo do Estado tinha de participar da obra: apenas 10%. Mas o Governo alegou que não tinha recursos para participar. O meu sonho e o sonho do povo do Amapá foi adiado.

Quando Lula foi eleito, escolheu para presidente da Infraero o ex-Senador Carlos Wilson, que era meu velho amigo. Pedi a Lula o aeroporto novo para Macapá. Foi a primeira obra autorizada por ele. Carlos Wilson, para ajudar, mandou que o projeto básico fosse o mesmo que fora construído em Palmas. Quando me mostrou não tinha pontes que levassem o passageiro até o avião. Não concordei e o modificaram.

Foi feita a licitação. O consórcio que ganhou faliu. A obra parou e depois várias tentativas para termina-lo fracassaram por problemas dos construtores com o TCU. Continuamos lutando, até que conseguimos a retomada das obras, já então com recursos apresentados por emendas da bancada federal, que tiveram grande participação.

Agora está sendo inaugurado. Saúdo o povo do Amapá com meus parabéns. Eu amo este Estado. A ele devo um pedaço da minha vida. Aqui tenho grande amigos e sou grato ao seu povo.

Dizem os chineses que quem for beber água num poço deve lembrar de quem abriu o poço. Está no livro do Gênesis que no princípio era o verbo, o sonho.

Macapá agora tem novo ícone, o belo Aeroporto. Parabéns.