Nilson Montoril

O museu a céu aberto da Segunda Guerra Mundial


No período em que o estado do Amapá foi governado por João Alberto Capiberibe, a transformação da Base Aérea de Amapá em Museu a Céu Aberto da II Guerra Mundial foi amplamente badalada. Um relatório técnico elaborado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-Iphan, datado de 15 de fevereiro de 1995, informa que, dos 22 prédios que existiam na Base Aérea, 1 servia de alojamento para o pessoal da Aeronáutica, 9 precisavam ser reformados e 12 se encontravam em ruínas.Em julho de 1997, uma equipe de servidores da então Fundação Estadual de Cultura do Amapá esteve na Base Aérea e ratificou tudo que o Iphan já havia registrado. No período de 01 a 03 de abril de 1998, o Dr. Alfredo Oliveira, Gerente de Projeto “Transformação da Base Aérea de Amapá em Museu a céu aberto da Segunda Guerra Mundial”, nomeado para esse cargo através de decreto, ali compareceu a fim de proceder a levantamento geral da área.

Em seu “Relatório de Viagem”, o ilustre gestor público verificou a situação física e jurídica das terras ocupadas pelos norte-americanos entre 1942 a 1946, fez o levantamento e o cadastro das pessoas (cerca de 70) que viviam dentro das áreas patrimoniais da Base, inclusive usando antigos prédios como moradia e preparou um relatório fotográfico muito interessante. O Dr. Alfredo Oliveira iniciou suas atividades vinculado à Fundecap, mas nunca foi aceito pelos que a dirigiram no governo Capiberibe. Tanto é verdade, que ele perambulou pela Secretaria de Educação e terminou encostado na Secretaria de Infra Estrutura, com exercício no Departamento de Saneamento e Desenvolvimento Urbano. Sempre que ele retornava da Base Aérea fazia contato comigo e relatava suas agruras e decepções. Deixou em meu poder cópias de vários documentos que produziu e lamentou que nenhuma atitude decisiva no sentido de criar o pretendido museu foi tomada, nem por Capiberibe, nem por Waldez Góes. Mesmo lutando contra a má vontade de alguns derrotistas que ainda vicejam no Amapá, Alfredo Oliveira conseguiu reformar o prédio onde funcionou um posto médico do Exército Americano, para ser a sede do museu, limpou os prédios ainda eretos e as carcaças de outros, limpou e pintou o Paiol de munição e explosivos, o Forno Crematório, a Estação Transmissora, o Escritório da Marinha Americana, Torre de Atracação do “Blimps” (dirigíveis tipo Zeppelin) e muitos objetos relevantes.

O Ministério da Aeronáutica foi um dedicado parceiro nas atividades que o saudoso Cabo Alfredo desenvolveu.
A Base Aérea é subordinada ao Primeiro Comando Aéreo Regional do Ministério da Aeronáutica, sediado em Belém-PA. Segundo o Serviço de Patrimônio do citado Comando, a área da Base aérea de Amapá mede 623,34 hectares, correspondendo a 6.233.445,00 m², compreendendo os 6.198.000,00 m² do lado da rodovia BR 156 onde está situado o aeroporto e demais instalações e outra menor com 35.445,00 m², ao lado esquerdo da mencionada rodovia, distante cerca de 7 km da primeira.

O Serviço de Telecomunicações da Aeronáutica S/A-Tasa, vem realizando periodicamente o cadastramento de pessoas que residem e/ou trabalham dentro dos limites das áreas patrimoniais da Aeronáutica. A presença desses posseiros é tolerada pelo Estado Maior do 1º Comar, haja vista que eles não causam qualquer prejuízo para as atividades do aeroporto. Portanto, o local onde demora a Base Aérea do Amapá não pertence ao governo amapaense e a implantação de um museu que o mesmo pretendia efetivar depende de contatos formais com o Ministério da Aeronáutica. Nada deve impedir que isso ocorra, afinal de contas foi criado um museu na Base Aérea de Natal, que poderá servir de modelo para o projeto amapaense. Entretanto, é preciso que os encargos sejam entregues a técnicos e pesquisadores gabaritados, deixando-se de lado a questão do apadrinhamento político. A militância que deve prevalecer é a que se relaciona com a competência profissional. O sonho ainda pode ser concretizado.