Nilson Montoril

Recordações da minha infância – Praça da Matriz


Em fevereiro de 1758, ao ser feito o delineamento da área onde seria implantada a Vila de Macapá, dois amplos espaços retangulares foram traçados e identificados como Largo de São Sebastião e Largo de São João. Devido à edificação da Igreja Matriz de São José, com o passar do tempo, o Largo de São Sebastião ficou conhecido como Largo da Matriz e assim permaneceu até 1924, ocasião em que recebeu como patrono o Capitão do Exército, Augusto Assis de Vasconcelos. Em torno do Largo da Matriz despontou o centro histórico de Macapá compreendendo prédios públicos da administração municipal e residências diversas.

Entre os primeiros figuraram a sede do Senado da Câmara, a Cadeia Pública, a Escola São José, a Casa Paroquial e o templo religioso cujo patrono é o santo carpinteiro. Os imóveis em questão ocuparam terrenos à Rua São José, a única via pública de Macapá, que manteve sua designação original. Casas de comércio, oficinas e portas de prestadores de serviços contornaram o referido largo. Os principais acontecimentos ocorriam no centro da vila e depois cidade de Macapá. Em 1943, quando foi criado o Território Federal do Amapá, a decadência de Macapá era preocupante. A contar de janeiro de 1944, mudanças expressivas começaram a mudar o panorama desolador do burgo. Velhos casarões passaram por reformas bem interessantes. As chamadas casas de taipa, feitas de barro foram reparadas com o mesmo material e apresentaram ótimo aspecto. Elas serviram para abrigar órgãos da administração territorial.

No antigo casarão do Senado da Câmara foi instalada a Unidade Mista de Saúde e esse uso se estendeu até a Inauguração do Hospital Geral de Macapá. Posteriormente serviu pra o funcionamento do Palácio do Governo. Em 1970, o prédio estava seriamente avariado e sem condições de ser reformado ou adaptado. Na área despontou a Biblioteca Pública de Macapá, cujo aspecto era mais modesto do que vemos atualmente. Na Travessa Floriano Peixoto, onde o Padre Júlio Maria de Lombarde fez funcionar o Colégio das Irmãs do Sagrado Coração de Maria passou a funcionar a Divisão de Segurança e Guarda.Mais adiante, na esquina da travessa em epigrafe, com a Rua Barão do Rio Branco( Cândido Mendes), o Fórum foi revitalizado.Entre a Travessa Siqueira Campos(Av. Mário Cruz e o Beco do Sambariri(Passagem Abraham Peres), o governo montou o Serviço de Geografia e Estatística.

Os demais órgãos dividira espaço com a Prefeitura de Macapá, onde hoje está funcionando o Museu Joaquim Caetano da Silva. Pequenas casas comerciais e residenciais prontificavam nas demais áreas.O Largo de São Sebastião foi o ponto vital da Vila de Macapá, que tinha no Senado da Câmara o órgão encarregado da gestão administrativa, da Justiça e de Policia. O pelourinho, símbolo das franquias municipais ficava próximo ao próprio Senado da Câmara. Em frente ao pelourinho eram lidas as proclamações e alvarás da edilidade macapaense e as oriundas do Grão-Pará e de Lisboa. As correções disciplinares principalmente as que se destinavam aos escravos também ali aconteciam.O Largo da Matriz não era dividido por caminho ou passarela.Por ocasião das festas de devoção, notadamente as consagradas a São José, competições comuns em Portugal eram levadas a efeito.

A mais empolgante era o “Jogo das Argolinhas” disputado por exímios cavaleiros que integravam a guarnição da Fortaleza. Cavalgando bons cavalos, e postando lanças, os competidores deveriam introduzi-las em pequenas argolas dependuradas em linha reta, que ficavam balançando como o pêndulo de um relógio. Os arraiais, com barracas bem ornamentadas e brincadeiras populares encantavam aos participes Ao longo do tempo, a área da atual Praça Veiga Cabral foi a mais utilizada por ser plana. A outra ala tinha um declive no sentido da Avenida General Gurjão.Em síntese, a Praça da Matriz serviu de pasto para animais, campo de futebol, armação de barracas de arraial,carrossel,barquinhas, roda gigante, circos,desfiles escolares, missa campal,comício político, show de artistas, etc.