Pe. Claudio Pighin

A grandeza da liberdade cristã


Dando espaço aos meus leitores, quero publicar uma reflexão acerca de alguns artigos meus sobre a temática da comunicação. A admiradora escreveu:
“Querido padre Cláudio, a leitura de seu texto, com gratidão, levanta várias questões. Uma delas é sobre o valor da liberdade de opinião e de imprensa. Esquecemos muitas vezes como essa foi uma grande conquista, não só para a democracia, mas para o crescimento dos valores da ética em uma sociedade. E lembrar que, há dois dias, um jovem jornalista foi morto no Irã, condenado pelo exercício do jornalismo. Esquecemos a preciosidade que é dispor dessa liberdade. Seu texto mostra um aspecto que a maioria de nós desconhece. A constituição da liberdade de imprensa veio junto com um princípio ético, expresso na deontologia, de respeito à verdade dos fatos, o segredo profissional sobre a fonte da notícia. Além disso, o compromisso em respeitar a privacidade – que muitas vezes não é plenamente respeitado. Adorei sua referência ao salmo que fala que o conhecimento integral do outro é atributo de Deus. E, portanto, é um convite não só ao respeito, mas à humildade e ao compromisso com o que seu texto diz: ‘A privacidade, portanto, na comunicação é um momento de respeito, porque na verdade não conhecemos a verdadeira situação’. Quantas e quantas vezes esquecemos disso! A ética cristã tem muito a ensinar à comunicação na nossa sociedade! A comunicação pode chegar a destruir uma pessoa, até pela superficialidade com que podemos comunicar sobre uma pessoa. Seu texto é um convite à reflexão! Assim como construímos instrumentos de comunicação poderosos, avanço civilizacional, podemos nos tornar objetos inertes ou manipuláveis perante os instrumentos. O respeito à ética é um princípio importante tanto para a produção das notícias e sua difusão, quanto para o consumo das notícias. Gostei muito desse texto que nos convida a pensar criticamente comunicação, ética e respeito humano… E reafirma a contribuição cristã nesse processo… Muitas vezes a comunicação via internet, com sua velocidade e variedade, nos faz reproduzir injustiças e condenações. Será que um cristão perante a comunicação tem de ter uma postura crítica, lembrando os valores da ética da comunicação?”

Nunca vou me cansar em dizer que a mensagem cristã traz libertação ao ser humano e não escravidão. Não podemos ser cristãos robôs, mas pessoas que enaltecem a liberdade, que saibam refletir constantemente para contemplar a verdadeira vida que vem de Deus. E uma das características de se manter livres é saber comunicar e recepcionar as mensagens. Ter, portanto, capacidade crítica e não falar por falar. Qualquer crítica, fundada no uso da razão, deve ser bem fundamentada, regulamentada em provas bem concretas e não inventadas. Liberdade é expressão também de tudo isso. Talvez devemos ser mais cristãos de verdade, sem falsas aparências.

Quantas vidas foram destruídas porque não soubemos viver essa liberdade cristã! Eu sou testemunha disso. Liberdade cristã significa que ninguém de nós é dono da verdade, mas que todos juntos a busquemos. E se todos juntos a busquemos não podemos esquecer que o protagonista da nossa vida é Deus, portanto, precisamos saber dar atenção pra Ele. Mas se alguém disser: ‘eu não acredito, não quero saber Dele’, vai favorecendo o subjetivismo que enaltece a parcialidade da verdade. Sozinhos não vamos longe!.