Pe. Claudio Pighin

Louvemos o nosso Deus


Quem confia em Deus e experimenta sua presença, louva-O com todo o coração e inteligência. Viver a confiança em Deus enche de esperança e alegria o fiel. Quantos testemunhos eu já conheci ao longo dos meus anos de sacerdote! Teve uma pessoa, inclusive, que me disse: “Eu perdi tudo, padre, eu sou um derrotado pela sociedade, mas a minha vida não perdeu sentido porque eu confio em Deus. Nele está a minha vida, eu lhe pertenço. Por isso, me sinto forte e creio em um futuro diferente que estou passando! Estou cheio de esperança.” Isto me mostra que Deus faz parte, sim, da nossa vida. E com isso nos leva a louva-Lo, incessantemente, a cantar o seu louvor. A reconhecer a sua grandeza que supera toda a nossa pequenez, e limitações. Com esses olhos, a nossa vida se enche de novos horizontes que exaltam a nossa humanidade. Lendo o salmo 47 das Sagradas Escrituras se compreende perfeitamente porque o nosso Deus é digno de louvor. Preste bem atenção ao que ele nos diz:

“Grande é o Senhor e digno de todo louvor, na cidade de nosso Deus. O seu monte santo,colina magnífica, é uma alegria para toda a terra. O lado norte do Monte Sião é a cidade do grande rei.
Deus se mostrou em seus palácios um baluarte seguro.

Eis que se unem os reis para atacar juntamente.

Apenas a veem, atônitos de medo e estupor, fogem.

Aí o terror se apodera deles, uma angústia como a de mulher em parto, ou como quando o vento do oriente despedaça as naus de Társis.

Como nos contaram, assim o vimos na cidade do Senhor dos exércitos, na cidade de nosso Deus; Deus a sustenta eternamente! Ó Deus, relembremos a vossa misericórdia no interior de vosso templo.

Como o vosso nome, ó Deus, assim vosso louvor chega até os confins do mundo. Vossa mão direita está cheia de justiça.

Que o Monte Sião se alegre. Que as cidades de Judá exultem, à vista de vossos juízos! Relanceai o olhar sobre Sião, dai-lhe a volta, contai suas torres, considerai suas fortificações, examinai seus palácios para narrardes às gerações futuras: como Deus é grande, nosso Deus dos séculos eternos; é ele o nosso guia.”

O salmo descreve que aos pés dos muros de Sião se encontra um baluarte seguro onde os inimigos são derrotados, qualquer adversidade é vencida. É dentre esses muros a segurança do seu povo. Nós poderíamos dizer hoje: é estar com Deus que não tememos os inimigos e seremos sempre invencíveis. É nisso que consiste a alegria das pessoas: viver essa segurança de Deus e que nenhuma potência do mundo pode oferecer. E este salmo se torna quase um canto litúrgico eterno e sempre presente na vida. Podemos dividir esse salmo em duas partes.

A primeira parte é uma celebração da Sião vitoriosa: “cidade do nosso Deus”. Manifesta o salmo o esplendor da cidade santa, divina e humana, visível e misteriosa, presente na história e, ao mesmo tempo, com projeções além da história. Mas aquilo que o autor aqui quer realçar é o que acontece fora da cidade santa. As tropas do inimigo estão assediando-a. Porém, os reis que aí estão comandando são logo rejeitados e colocados em fuga, e diz o salmista: “Fogem, aí o terror se apodera deles, uma angústia como a de mulher em parto”.

Os poderosos são reduzidos às fragilidades humanas! Uma imagem, igual aquela das naus de Tarsis, que perante Deus nenhuma força humana, por quanto poderosa possa ser, será vitoriosa. Uma visão de grande otimismo pelo triunfo de Deus contra as potências do mal. Na segunda parte, o salmista se concentra no interior da cidade de Deus. Aqui focaliza o louvor a Deus no Templo. É um louvor pela misericórdia de Deus pelo seu povo por tudo o que faz para protegê-lo. Logo depois, é descrito uma procissão fora do Templo ao redor do muro onde se confere as torres, sinal da proteção de Deus.

Contemplar essa muralha é contemplar a solidez da cidade de Deus, Sião.Todas essas realidades terrenas querem demonstrar o quanto o amor de Deus está presente e protege o ser humano. Também nós podemos fazer essa experiência, contemplando a ação de Deus na nossa vida através dos eventos históricos. Portanto, através de manifestações bem concretas se protagoniza o nosso Deus. Sião é o coração de uma série de ações salvadoras de Deus professadas no Credo de Israel e na liturgia. E o salmo termina clamando por Deus o seu guia, o seu pastor. O Deus que liberta o seu povo e garante que sua peregrinação o levará pelos prados infinitos de paz e de vida. É essa experiência de fé que nos leva a fazer da nossa vida uma vida de esperança eterna, porque o nosso Deus está conosco.