Pe. Claudio Pighin

O mundo digital


A tecnologia digital se desenvolve com uma velocidade sem precedente na história da humanidade, leva-nos a uma desorientação na vida individual e social. O que constatamos perante esse grande fenômeno? Alguns rejeitam totalmente; outros são atraídos por esta tecnologia, sem conseguir, efetivamente, entrar em sua lógica. Enfim, há outros que se identificam em fazer uma só coisa com esta nova tecnologia.

Aqueles que rejeitam este fenômeno digital sustentam a tese de que essa nova realidade não condiz com suas idades já avançadas nem com seus hábitos e rotinas. A vida deles já foi planejada e, portanto, foram acostumados a um estilo de vida que não permite mais se aventurar em outras experiências. Existe um imobilismo nesta situação. Aqueles que se tornaram eufóricos perante a nova tecnologia foram, praticamente, os primeiros fregueses, adquirindo produtos sem, porém, conhecê-los de maneira correta. Podemos dizer, de maneira muito simples, que há uma total dependência e entusiasmo pela estética dos meios.

Aqueles, no entanto, que se lançaram totalmente à tecnologia digital se integraram na nova realidade, quase se identificando com ela. Quem são eles? São os verdadeiros especialistas que criaram outra dependência: sem esta tecnologia parece quase impossível viver. Aqui nasce uma nova maneira de viver e pensar. Um novo mundo se direciona para esta realidade, aliás, que transforma totalmente a mesma realidade do passado e não a continua, como alguns a consideram.
Perante este novo cenário, nós nos conscientizamos do quanto é difícil a convivência dessas três realidades. Eu diria que nos deixa um pouquinho inquietos, perplexos, e assim surgem espontaneamente essas perguntas: como dialogar com essas três realidades? Como fazer para não exasperar a convivência uns com os outros? Quais os elementos que poderiam unir no lugar de dividir? Como fazer do mundo digital um verdadeiro serviço a humanidade? Como a evangelização pode usar esse mundo digital? O novo mundo digital pode favorecer mais justiça e fraternidade no mundo? O novo mundo digital será a verdadeira mudança do mundo por sua correta compreensão?

A virtualização e a ilusão do contato físico levam para problemas de reconhecimento, comportamento, privacidade e de ética em geral. A fragilidade do sistema é dada pelo seu formato transmissível na rede e é totalmente dependente da energia ou de outros componentes técnicos que quando falham põe em crise a mesma sociedade. A Igreja é provocada a enfrentar tal realidade, não como uma simples expectadora, mas como uma verdadeira protagonista. Educar permanentemente em todo o lugar subsiste para sempre.

Por isso, também, esse novo mundo digital precisa ser instruído conforme o mandato de Jesus, o Ressurgido. A nova cultura virtual requer tempo, espaço e estrutura nova para uma nova evangelização.