Pe. Claudio Pighin

Seus fiéis exultarão de alegria


“Davi dançava com todas as suas forças diante do Senhor, cingido com um efod de linho. O rei e todos os israelitas conduziram a arca do Senhor, soltando gritos de alegria e tocando a trombeta.” O salmo 131 das Sagradas Escrituras revive essa trasladação da arca para Jerusalém, a nova capital escolhida pelo rei Davi. Foi um juramento que fez ao Senhor: “Não entrarei na tenda em que moro, não me deitarei no leito de meu repouso, não darei sono aos meus olhos nem repouso às minhas pálpebras, até que encontre uma residência para o Senhor, uma morada ao Poderoso de Jacó.”
Essa morada da arca era muito importante porque representava a proximidade de Deus com o seu povo. Ele era tudo para o seu escolhido: fonte de prosperidade, de salvação e alegria. E nessa entrada triunfante litúrgica, lembra-se cantando o evento do reencontro da arca nas “campinas de Jaar”, na região de Éfrata: “A arca estava em Éfrata, nós a encontramos nas campinas de Jaar.” Agora com a presença de Deus o povo se sente seguro e manifesta toda a sua devoção e louvação.

“Entremos em sua morada, prostremo-nos diante do escabelo de seus pés. Levantai-vos, Senhor, para vir ao vosso repouso, vós e a arca de vossa majestade. Vistam-se de justiça os vossos sacerdotes, e jubilosos cantem de alegria vossos fiéis.” É a alegria da presença do Altíssimo. E perante a certeza que Davi é o escolhido de Deus que não o abandona, segue-se um juramento: “De que não há de se retratar: Colocarei em teu trono um descendente de tua raça.” Esse juramento divino, diz o salmo, é condicionado por um “Se”: “Se teus filhos guardarem minha aliança e os preceitos que eu lhes hei de ensinar, também os descendentes deles, para sempre, se sentarão em teu trono.”

Isto significa que ao dom de Deus deve corresponder por parte humana uma adesão fiel e observância dos preceitos. Deus assim age na história da humanidade, não no sentido único, mas de participação das pessoas. É verdade que o Senhor toma a iniciativa primeiro, porém, envolvendo as suas criaturas na ação Dele. E acrescentou o Senhor: “É aqui para sempre o lugar de meu repouso, é aqui que habitarei porque o escolhi. Abençoarei copiosamente sua subsistência, fartarei de pão os seus pobres.”

O autor do hino, enfim, apresenta Davi como uma lâmpada resplandecente. Qual a importância da luz? A luz na Bíblia é um símbolo divino. Assim sendo, Davi reflete essa presença brilhante de Deus de Sião. Para nós cristãos, esse salmo se torna uma oração ao Deus conosco, que escolhe de estar próximo das suas criaturas, pela encarnação de Jesus Cristo. Portanto, uma profissão de fé ao Deus que se encarna para compartilhar a carne do ser humano, isto é, à sua fragilidade. E por fim termina que para cobrir de confusão os inimigos do seu escolhido, consagrado fará brilhar na sua fronte o seu diadema. Toda a realeza encobri o seu enviado.

O papa Francisco falou no dia 18.12.2013: “Ele escolheu habitar a nossa história como ela é, com todos os seus limites. Assim, Deus mostrou, de modo insuperável, a Sua misericórdia.”