Ulisses Laurindo

Medalhas, sonho distante


De nada adianta propagar qualidades em atividades esportivas se, paralelamente, não houver as devidas ações para atingir os resultados desejados. O que está acontecendo com o esporte brasileiro nestes Jogos Olímpicos faz parte do desejo de se conquistar muitas medalhas, sem, contudo, ter havido o necessário trabalho para viabilizar os objetivos.

É cedo ainda para se prognosticar um saldo positivo ou negativo do esporte do país. Salvo algumas modalidades, a exemplo, o voleibol, a vela, o judô, as demais correm por sua própria conta e risco.

Quando se reúnem os melhores atletas do mundo desaparece a possibilidade de milagre, ou seja, brilham só os que de fatos estão preparados. O Comitê Olímpico Brasileiro projetou a décima colocação entre os vencedores e o saldo dos primeiros dias deixa dúvida quanto ao resultado. Um dos grandes trunfos para aumentar o número de medalha, 108 até agora, pode sofrer um sério revés, com a péssima atuação do futebol, duas vezes vice-campeões e que, agora, está correndo sério risco de não se classificar para as quartas de final. Também a seleção masculina de voleibol, de Bernardinho, não está no seu auge.

A grande distancia existente pelos países vitoriosos é formada, principalmente, pela natação, atletismo e ginástica. Nessas modalidades o nível brasileiro é baixo, criando, assim, dificuldade para se sobressair entre vencedores. A natação brasileira é muito forte na América do Sul, mas sem índice compatível a confronto internacional. Igualmente, o atletismo, com mais de 37 eventos e que só em um, no salto com vara, Fabiana Murer, pode ter êxito. Na ginástica, a concorrência com Europa é enorme, diminuído as chances brasileiras. A grande saída para desenvolvimento no esporte é o intercambio. Antigamente não havia dinheiro, diferente de hoje, onde sobram recursos. No momento, é preciso idéias.

O exemplo seguido agora vem de longa data. Só se preocupam com Jogos na véspera da disputa. Um pequeno deslize do esporte nacional, aconteceu em março de 2014, quando foi demolida a principal pista de atletismo do Rio e uma das melhores do país sob alegação que era preciso o espaço para fazer garagem para a Copado Mundo de 2014. Talvez consigamos a posição pensada pelo COB, mas é tarefa exagerada para os atletas, porque eles não foram preparados para a grande batalha.

Claro que esse não é um diagnostico final da atuação do esporte nos jogos. O brasileiro é de superação e tudo pode acontecer, embora se admita que melhor seria que os atletas estivessem preparados para oferecerem luta de igual para igual.