Wellington Silva

Carta Aberta a Roberto Carlos


Sou fã do Roberto. Desde garoto, na casa da minha saudosa e querida avó Maria Severina, que era localizada ao lado do que hoje é o Boticário, que ouvia minhas tias curtirem as canções de Roberto Carlos e Jovem Guarda, Tim Maia e Jorge Ben, Elvis e Beatles. Em casa, aos fins de semana, meu pai ouvia seus clássicos prediletos: Verdi, Bach, Vivaldi, Beethoven, Mozart, Dvorak, Chopin, etc.. Fui criado nesse saudável ambiente cultural, com muito orgulho, e aprendi a apreciar a boa música, a boa melodia, a arte poética das letras e dos sons. E é justamente nas coisas simples que surgem os melhores diamantes, musicalmente falando. A discografia de Roberto Carlos é rica neste aspecto, fruto de uma dupla histórica e de uma velha amizade que é Festa de Arromba: Roberto & Erasmo. Se dermos uma rápida olhadela na discografia ela fala de quase tudo. São diversas situações que lembram e marcam momentos.
E, como já dizia a saudosa Aracy de Almeida, uma das principais juradas da Buzina do Chacrinha:
– Chacrinha, negócio é o seguinte!
Negócio é que algumas belíssimas canções do Roberto ainda não foram ouvidas no tão esperado show de fim de ano, transmitido pela Rede Globo de Televisão. O Homem, por exemplo, para mim, é a mais linda e iluminada inspiração a falar do Divino Mestre:
“ Um certo dia um Homem esteve aqui, tinha um olhar mais belo que já existiu. Tinha no cantar uma Oração, não falar a mais linda canção, que já se ouviu. Sua voz falava só de amor, todo gesto seu era de amor, e paz, ele trazia, no coração… Ele pelos campos caminhou, subiu as montanhas e falou, do Amor Maior…”
E o que dizer da magnífica e nostálgica construção poético/melódica da canção Rotina, que sempre lembra o amor de um casal: “Eu quase posso ver a água morna, a deslizar no corpo dela. Meu corpo está comigo, mas meu pensamento ainda está com ela. A porta se abre de repente e eu, me envolvo inteiro nos seus braços…”
A Canção O Moço Velho, de Silvio César, na cálida voz de Roberto Carlos, lembra um pouco de cada um de nós:
“Eu sou, um livro aberto sem histórias, um sonho incerto sem memórias, do meu passado que ficou. Eu sou um moço velho, que já viveu muito, que já sofreu cedo, mas não viveu tudo. Eu sou alguém livre, não sou escravo e nunca fui, Senhor. Eu, simplesmente sou um homem, que ainda crer no amor…”
A Namorada dispensa maiores comentários. Lembra sempre o primeiro amor:
“ A namorada à minha espera, meu refúgio, meu regresso, minha vida meu amor…”
Todos Estão Surdos é sempre uma canção para ser ouvida e é mais atual que nunca. Diria mais: é altamente introspectiva:
“Muita gente não ouviu porque não quis ouvir, eles estão surdos. O amor só traz o bem, e a covardia é surda, e só ouve o que convém. Meu Amigo volte logo, o Amor é importante, vem Dizer tudo de novo….”
Para finalizar, seria simplesmente Fantástico ouvir o grande mestre Lulu Santos e Roberto cantando Certas Coisas, de autoria do Lulu. Ela também fala de Amor, na sua dimensão maior: “Eu te amo calado, como quem ouve uma sinfonia, de silêncios e de sons. Nós somos medo e desejo, somos feitos de silêncio e sons…”
Falar no Lulu, a palheta da sua guitarra a mim foi ofertada por ocasião de sua apresentação em frente ao Forte São José. Estava como assessor de imprensa do Setentrião. Chovia muito e lhe emprestei meu guarda chuva. Disse que era seu fã e acabei ganhando a palheta personalizada com seu nome gravado. Pedi para ele cantar Certas Coisas. Não cantou. Infelizmente, a canção não estava no repertório.