Wellington Silva

Entre a razão e a “pregação”


Alguns líderes políticos e religiosos forçaram a barra, apelaram para o presidente e até para o Supremo Tribunal Federal, o STF, a fim de liberar geral a reunião de cultos em templos e igrejas, em plena pandemia, nosso Brasil como o grande epicentro mundial do maldito coronavírus!

Somente nesta sexta-feira, dia 09 de abril de 2021, no momento em que escrevia este artigo, foram contabilizadas, no país, 4.190 mortes, e isso em apenas 24 horas!

Sinceramente, não sei se os tais líderes religiosos, persistentes no “ofertório”, sabem ou tem clara ciência da gravidade dos riscos, isto é, do gravíssimo perigo em reunir pessoas em templos justamente no momento do grande pico disseminador da nova mutação do covid-19!

Ele, o vírus circulante, não escolhe espaços, seja em templos suntuosos ou em boites vip! Basta apenas algumas gotículas de suor, espirros ou gritos, na “euforia” das pregações, para contaminar fiéis desavisados…

Não sabemos se os proponentes e os persistentes em tal proposta absurda vem acompanhando as estatísticas do país, o drama das famílias e principalmente o que vem ocorrendo no mundo inteiro em termos de legislação e urgentíssimas medidas sanitárias contra o covid-19.

Ainda bem que entre a razão e a “pregação”, prevaleceu a razão!

Por nove votos a 2, contra a liberação de reuniões em espaços religiosos, o Supremo Tribunal Federal usou a razão, o bom senso, e juridicamente fez coro aos diversos apelos da ciência, dos médicos e principalmente da Organização Mundial da Saúde, a OMS. Apenas Dias Toffoli e Kassio Marques Nunes votaram favoráveis a aglomerações em espaços religiosos.

Na avaliação da maioria dos ministros do STF a grave situação sanitária em que se encontra o Brasil torna sobremaneira imperativo que igrejas e templos religiosos sejam fechados, temporariamente, a fim de evitar aglomerações em lugares fechados. Com a nova decisão do STF estados e municípios continuam tendo poder legal de decisão para proibir, por decreto, reunião de pessoas em igrejas e templos pelo período que um parecer científico achar necessário.

Ao mesmo tempo, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, ordenou que o Senado Federal institua a CPI da Pandemia, ou, como outros a denominam, CPI da Covid.

 

Objetivo:

Apurar causas e efeitos da grave crise sanitária em que o Brasil se encontra, como epicentro mundial da pandemia de covid-19, e o papel do estado brasileiro.

Sobre a grave situação sanitária nacional, e a proposta defendida por líderes religiosos, assim se manifestou Luís Roberto Barroso:

“Trata-se, portanto, de ciência e não de ideologia. De medicina e não de metafísica. Ciência e medicina são, nesse caso particular, a salvação”.