Wellington Silva

IRMANAR Amapá – Maçonaria e Sociedade


Por Pedro Velleda & Wellington Silva

A Maçonaria desperta muita curiosidade e desconfiança em muitas pessoas da sociedade.

Para alguns, os maçons se reúnem em poderosas, sinistras e até perigosas irmandades secretas e praticam cumprimentos e rituais obscuros.

Para outros, os benefícios da Maçonaria podem ser encontrados desde a formação dos Estados Latino americanos.

Mas qual é o segredo da Maçonaria, quem são os maçons, o que fazem, porque se reúnem, para que os rituais.

A maçonaria já foi acusada de tudo: fazer rituais sinistros, promover orgias, querer dominar o mundo… Muita gente acredita que a organização controla governos e que seus integrantes usam cargos públicos para se ajudar mutuamente.

Mas a verdade é que tudo isso não passa de um grande engano.

Somos um grupo filosófico, filantrópico e progressista. Nosso escopo é o de cumprir as leis e ajudar uns aos outros, vencer nossas paixões e combater veementemente os vícios.

A maçonaria não é tão secreta assim. Em vários países, inclusive no Brasil, todo mundo sabe onde ficam as lojas maçônicas e quem são seus membros. Maçons publicam revistas e divulgam suas ideias em sites da internet. E, se antes mantinham seus templos imersos numa aura de mistério, hoje permitem visitas.

O grande segredo da maçonaria é não ter segredo algum, apesar de nossas sessões serem realizadas a portas fechadas.

A maçonaria não é secreta, mas discreta.

Nossa Irmandade é uma rede global, hoje composta de cerca de 6 milhões de integrantes espalhados pelos 5 continentes. Só no Brasil estima-se que existam 150 mil maçons e 4.700 lojas regulares.

Os rituais variam muito, de um país para outro. Cada loja tem autonomia, mesmo que pertença a uma federação nacional ou continental.

E foi graças a ela que personalidades extraordinariamente distintas já vestiram o avental da irmandade: de Mozart a Dom Pedro 1º, de Winston Churchill a Simon Bolívar.

Mas todas têm muito em comum. Independentemente do país, defendem os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Veneramos o Grande Arquiteto do Universo – como nos referimos a Deus.

Embora seja proibido falar de política e religião dentro do templo, os maçons continuam tendo o poder e a influência de sempre.

A mesma que usaram para orquestrar capítulos decisivos da história, como a independência do Brasil, dos EUA e de quase todos os países da América Latina.

A origem da maçonaria é um mistério até para os maçons. Uma das teorias diz que ela surgiu há cerca de 3 mil anos, durante a construção do Templo de Salomão, em Jerusalém.

Nossa ordem deixou de ser “operativa” para ser “especulativa”. E as lojas maçônicas passaram a interpretar esses símbolos por meio de conceitos morais, éticos e filosóficos. A sociedade foi aberta a outros profissionais, como os cientistas, e deixou-se influenciar até pela alquimia.

A história de perseguição explica por que os maçons desenvolveram códigos para se reconhecer no meio de outras pessoas, através de sinais, toques e palavras.

Para ingressar na maçonaria, é necessário ter ficha limpa, ser maior de idade e acreditar em Deus.

Nossa meta é formar homens melhores, ensiná-los a se libertar dos dogmas e a pensar por si mesmos.

As pessoas ficam constantemente se perguntando quem está entre os maçons, o quanto já sabemos, e o quanto é simplesmente invenção.

Mas nossa preocupação, no momento, como maçons comprometidos com o Brasil, e no particular com o Estado do Amapá, é justamente com o futuro.

Nós, da Maçonaria, não desejamos mais a continuidade de um estado de violência e ao mesmo tempo de preconceitos de toda ordem. Observamos a corrupção teimar em manter impérios e em propiciar preocupantes índices de fome, miséria e má qualidade de vida em regiões do Brasil.

Não que se reduza, num curto prazo, esse número extremamente preocupante, mas que haja um programa sério de geração de emprego e renda em parceria com o setor privado.

Percebemos que políticas imediatistas, qual seja a que dá bom visual e votos vem sobrepondo emergenciais necessidades públicas e privadas e estrangulando, de certa forma, a confiança e a vida do empresariado. Não existe nação, Estado e município forte sem uma atividade comercial forte e competitiva.

É doente uma nação, um Estado ou um município que possua baixos índices de escolaridade e de formação acadêmica, principalmente para negros, ameríndios e pobres.

É doente uma nação quando uma das principais razões do crescimento da violência reside justamente no câncer maldito da corrupção.

É doente uma nação quando o mínimo serviço de atenção básica de saúde, em determinado município, não possui estrutura física adequada, médicos bem remunerados, equipe suficiente de apoio, leitos e medicamentos.

É doente uma nação quando parte do dito staff do executivo e do legislativo responde a processos na justiça.

O que fazer? Quem me apontaria uma saída? ( … )

Religiosos diriam que só Jesus salva!

O pragmático político teima em pensar num sistema parlamentarista!

Já o filósofo, pensador e esotérico sustentaria que o homem é a razão de si mesmo, causa e efeito de tudo de bom e de ruim. Que o mal reside dentro de nós mesmos, e que se agiganta quando homens de boa vontade silenciam e se acovardam.

Grandiosa é a tarefa daqueles que ousam transformar o veneno da cobra em remédio, pois realimenta vidas à beira da cova e dá-lhes nova chance de recomeçar.

Oxalá um dia seja controlado ou amenizado o estado ruim da natureza humana, momento em que reinarão na Terra homens de boa vontade tão anunciados pelos profetas.

Numa só palavra, parafraseando o poeta:Depende de nós!

O projeto Ficha Limpa, por exemplo, foi cuidadosamente gestado pela Maçonaria goiana, escrito por renomados advogados maçons, ganhou apoio total do Grande Oriente do Brasil – GOB, da Grande Loja Maçônica, da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, assim  como da Associação Brasileira de Imprensa – ABI, Confederação Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, e de empresários e políticos sérios deste rico Brasil varonil.

Muito ainda precisa ser feito para sanear a vida pública do Brasil.

Essa luta também é da Maçonaria, por justiça, liberdade, equidade social e de reconhecimento do mundo para a soberania nacional e a justa melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro.

Luta que surgiu a partir de Gonçalves Ledo, José Bonifácio, D. Pedro I, Frei Caneca, Padre José Maurício, Padre Diogo Antônio Feijó, e muitos outros, que não podem ser esquecidos, pois foram homens maçons que lutaram pela independência do Brasil e pela Proclamação da República Federativa do Brasil.

Outro exemplo, que para nós é digno de permanentes reconhecimentos, e neste evento nossa homenagem pública, é Cabralzinho, o herói deste Estado, patrono do IRMANAR Amapá.

Poucos sabem que Francisco Xavier da Veiga Cabral (Cabralzinho), oficial militar, para o Amapá veio exilado, a mando do governador João de Abreu, do Grão-Pará, por defender abertamente, em Belém, no Ver-o-Peso e nas tabernas e clubes militares e de dança, a República, fato que profundamente irritava o governador, que era monarquista e defensor de D.Pedro II. Cabralzinho só não foi enforcado graças à intervenção de maçons que convenceram o governador a não praticar o ato para não causar insurreição na tropa e no meio do povo, devido a grande popularidade de Xavier e a força do movimento republicano em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco.

Pergunto aos senhores e senhoras: Alguma semelhança da história de Benjamin Constant e de Cabralzinho com o presente?

A época é diferente, os atores são outros, mas a história de uma forma ou outra se repete no presente: CORRUPÇÃO, ESPERTEZA e PERSEGUIÇÃO contra o justo.

Mas, como nem só de pão e passado vive o homem maçom e nossa secular Ordem maçônica, a Maçonaria do Amapá realizou, em setembro de 2017, a 21ª edição do Projeto IRMANAR.

Um projeto não só da Maçonaria e nem só de alguns, mas um despertar de todos nós, do povo do Amapá, e de todos que aqui vivem. Foi para isso que o IRMANAR foi concebido.

Sua missão foi discutir com os participantes que estiveram na Câmara de Vereadores de Macapá, assuntos de interesse de nossa Terra sobre política, saúde, segurança pública, meio ambiente, educação, cultura, esporte, Maçonaria, e questões sociais cruciais.

E foi assim que aconteceu, discutido com muita paz, sobriedade e, sobretudo, com compromisso para o futuro.

Por isso, podemos afirmar, o IRMANAR em Macapá foi sucesso absoluto.