Wellington Silva
Lula, Haddad, o mercado e o povo

Todo poder emana do mercado, “power of money”, e em seu nome ele deve ser exercido?
Evidentemente que não! E seria até uma aberração pensar assim!
Nenhuma Constituição do mundo democrático, jurisprudência, os reais valores jurídicos do mundo livre sequer pensam em tamanho absurdo!
Mas, ocorre que o mercado especulador, o lobby plantonista instalado no Brasil, forçosamente quer que assim seja!
Então, a gente se pergunta:
E o povo?
Entre nós e eles, pode parecer que somos apenas um detalhe!
Deixa transparecer, também, bem dentro de nós, aquele sentimento ufanista, sonhador, quando relemos na Constituição da República Federativa do Brasil a expressão socrática de que “todo poder emana do povo e em seu nome ele deve ser exercido, através de seus representantes eleitos”.
Como a esperança é sempre uma fonte nascente em nossos corações e olhos marejados de esperas e canções, expectativas e ansiedades, rogamos sempre fé nas falas e sentimentos de Luís Inácio Lula da Silva e do ministro Fernando Haddad, justamente quando externam a sua permanente preocupação com o povo, os pés descalços, favelados, desempregados, os esquecidos e desamparados pela sorte, eles que já somam mais de 36 milhões, de acordo com levantamento de pesquisadores.
Se, antes, entre 2004 e 2014, mais de 30 milhões de brasileiros deixaram a linha de pobreza (Fonte: IBGE), e, hoje, mais de 36 vivem abaixo da linha de pobreza, é porque algo de muito errado e de muito sério ocorreu nestes últimos anos como notável política de ignorância perante o grave cenário social brasileiro.
Se o impostômetro arrecadou trilhões e tantos bilhões, ano passado, e a Petrobrás obteve um fantástico lucro de mais de 106 bilhões em 2021 é porque evidentemente a força da lucratividade tem sido muito forte neste país, a nossa “Pátria Mãe Gentil…”
Como bem pensou, disse e escreveu Eça de Queiroz, advogado, jornalista, poeta e grande escritor do realismo português:
“Há no mundo uma raça de homens com instintos sagrados e luminosos, com divinas bondades do coração, com uma inteligência serena e lúcida, com dedicações profundas, cheias de amor pelo trabalho e de adoração pelo bem, que sofrem, e se lamentam em vão.
Estes homens são o Povo, e são os que nos servem.
E o mundo oficial, opulento, soberano, o que faz a estes homens que o vestem, que o alimentam, que o enriquecem, que o defendem, que o servem?
Primeiro, despreza-os ao não pensar neles, não vela por eles; trata-os como se tratam os bois; deixa-lhes apenas uma pequena porção dos seus trabalhos dolorosos; não lhes melhora a sorte, cerca-os de obstáculos e de dificuldades; forma em redor uma servidão que os prende e uma miséria que os esmaga; não lhes dá proteção; e, terrível coisa, não os instrui: deixa-lhes morrer a alma”.