Wellington Silva

Moro, a Lava-Jato e o COAF


Ele foi aplaudido de pé no estádio Mané Garrincha, em Brasília, quarta-feira, 12 de junho, durante o cerimonial de abertura do jogo Flamengo e CSA. Falo do Ministro da Justiça, Sérgio Moro, quase unanimidade nacional como grande protagonista da Operação Lava-Jato. Ao que se vê e ao que se sabe agrande maioria da população brasileira não está nem aí para o festival de sensacionalismo criado em torno do breve bate-papo do ministro com os responsáveis diretos pela Operação Lava-Jato. E o que tem de “anormal” no bate-papo do ministro? Como ele mesmo disse nada, absolutamente nada demais. O ministro Veloso também acha o mesmo. Mas continuam apelando até para a vitimização, uma clara construção teatral com o objetivo de publicamente desmoralizar a Lava-Jato, o que por si só já configura um claro desrespeito a cerca de 1,6 milhões de brasileiros que assinaram o Projeto Ficha-Limpa, a Lei Complementar nº 135, de 2010, projeto idealizado pelo jurista Márlon Reis.

Mas, afinal de contas, qual é a deles, a dos sensacionalistas, escamoteados, camuflados e declarados opositores a Operação Lava-Jato? O que é certo estaria errado e o que é errado estaria correto? Estariam estas pessoas querendo inverter valores?

Qual é a deles? A deles é temeridade pura, de não passar um alfinete sequer…

Somente um grande tolo ou inocente útil é incapaz de perceber que a continuidade da Lava-Jato, surgida em 2014, muito preocupa corruptos e corruptores, corrompidos e laranjas, “malacos e vilhacos”. Mostrando profunda indignação, o general Heleno assim se manifestou:

“A presidência da República é quase uma instituição sagrada. Presidente corrupto devia pegar prisão perpétua”.

Corretíssimo o general!

Quantas laranjas maduras “seus meninos”, e que cor são elas?

Bom, domingo, 17 de junho a Lava-Jato completou cinco anos. O resultado de sua contabilidade operacional já somou 2.252 anos fixados em condenações para 159 réus. Ela mantém 11% dos seus 426 denunciados na cadeia. Os condenados cumprem pena no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Distrito Federal. A procuradoria já fez 183 acordos de delação premiada. A maioria das delações é de empresários e de operadores financeiros envolvidos num esquema que desviou R$ 6 bilhões da Petrobrás. Das 242 condenações, proferidas em Curitiba, somente duas foram declaradas prescritas. Após expor esta estatística digna de aplausos de grande parte da maioria da sociedade brasileira,“mui desejosa” em ver um Brasil passado a limpo, eu pergunto:

O que o COAF, considerado o núcleo central de combate à corrupção neste Brasil varonil tem a ver com o Ministério da Economia se ele, o COAF, é uma estrutura ou uma ferramenta de justiça com explícita competência para analisar casos “escabrosos” através da justa jurisprudência nacional contra corruptos, corruptores, corrompidos, laranjas, “malacos e vilhacos” deste solo verde e amarelo? E porque a Justiça Eleitoral passa a ter competência para julgar crimes comuns relacionados a delitos eleitorais se a sua principal responsabilidade física e operacional continua sendo com a organização e acompanhamento de pleitos eleitorais, em todo o território nacional? Procuradores do Ministério Público Federal, em Curitiba, e a Procuradora-Geral, Raquel Dodge, são da opinião de que a Justiça Eleitoral não possui estrutura para julgar crimes complexos e que alguns casos acabariam caducando por falta de pessoal para análise e julgamento da questão, consequentemente acarretando impunidade aos acusados. O senador Randolfe Rodrigues (Rede Sustentabilidade/AP) luta junto com outros parlamentares para tentar fazer retornar o COAF ao seu correto local de origem, o Ministério da Justiça.

Mas, o que diria Tim Maia? Chama o síndico?