Wellington Silva

Os deslizes perceptíveis do Oscar


 

Me parece que o “Senhor Oscar” queria aprontar umas com a gente nos States, a começar por aquele “figuraço” apresentador sem graça com “pintas” de boneco de filme de terror. Seus comentários, de muitíssimo mal gosto, e suas piadinhas ácidas e sem graça deixaram no ar palavras de preconceito com o Brasil e no particular com o cinema brasileiro, leia-se, Ainda Estou Aqui.

Mas, pior que isso foi o comportamento nada ético dos jurados que colocaram o filme “Anora” como a excepcionalidade das excepcionalidades, algo “altamente” fantástico, quando, na realidade, fantástica foi a incrível atuação de Fernanda Montenegro em Ainda Estou Aqui ao interpretar o papel de Eunice Paiva.

Incrível também foi a atuação de Demi More interpretando o papel principal no impactante filme A Substância!

E o que me dizem de Duna com seus vermes, uma dramática e impactante visão surrealista de futuro?

Sinceramente, ficaria muitíssimo mal para o “Senhor Oscar” se por acaso nenhum troféu fosse dado ao filme brasileiro Ainda Estou Aqui.

“Entonces”, se Ainda Estou Aqui ganhou o troféu de Melhor Filme Internacional, porque não ganhar então o de Melhor Filme?

Muitas perguntas ficaram na cabeça de muitos…

O certo é que Ainda Estou Aqui foi record de público em todo o mundo, razão para se criar mais um título ao Oscar:

Melhor Público, ou coisa parecida…

Sob a direção de Walter Salles e produção original do Globoplay, “Ainda estou aqui” é a história da vida real de Eunice Paiva em plena ditadura militar no Brasil.

O drama de Eunice começa exatamente no momento em que agentes da ditadura “convidam” o Deputado Federal Rubens Paiva, seu esposo, (papel muito bem interpretado pelo ator brasileiro Selton Mello) para uma espécie de “entrevista de averiguações”. Ela vislumbra a cena da despedida da porta de sua casa, com o coração apertado, e, desde este dia, nunca mais o viu…

E assim Eunice passa 40 anos de sua vida em uma busca inglória e angustiante como advogada e mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva para tentar descobrir a verdade sobre o paradeiro de seu marido.

Sobre o momento presente que estamos vivendo de radicalismos, de pensamentos e regimes totalitários, Fernanda assim se expressou:

“Enquanto vemos tanto medo no mundo, esse filme nos ajudou a pensar em como sobreviver em tempos difíceis como esses”.

A luta de Eunice Paiva é exatamente a luta de todos aqueles que lutaram e ainda lutam contra o totalitarismo. E o grito, deve ecoar sempre alto e uníssono:

Ainda estamos aqui!!!