Wellington Silva

Projetos esquecidos (final)


Mais de 100 jovens e professores universitários de sete instituições de ensino superior do Maranhão participam do projeto. Foto: Handson Chagas/Secom

O Projeto Rondon foi criado em junho de 1968, e era vinculado ao Ministério do Interior. Atualmente ele é desenvolvido em parceria com diversos Ministérios e tem o apoio das Forças Armadas, que proporcionam o apoio logístico e a necessária segurança às operações. Conta também com a colaboração dos Governos Estaduais, Prefeituras Municipais e empresas socialmente responsáveis. No momento possui atuação em 844 municípios, com 19.170 rondonistas, 291 instituições envolvidas e 151 ações. Coordenado pelo Ministério da Defesa, é um projeto de integração social que envolve a participação voluntária de estudantes universitários em busca de soluções sustentáveis para o desenvolvimento das comunidades, gerando bem-estar a essas populações.

Desenvolvido nos anos 70, as primeiras propostas de Campus Avançado tinham o objetivo de contribuir para o desenvolvimento local e regional através de atividades educativas, culturais e científicas a fim de proporcionar o desenvolvimento sociopolítico, educacional e econômico das populações. As parcerias eram sempre realizadas entre instituições universitárias e municípios. Havia financiamento direto de bolsas de extensão para discentes, docentes e material de consumo destinado ao desenvolvimento de cada projeto. Os municípios parceiros forneciam transporte, hospedagem e alimentação da equipe envolvida, bem como selecionavam o público alvo a participar de cada projeto. Felizmente, essa feliz ideia até hoje ainda é mantida entre instituições universitárias e municípios, a exemplo da Universidade Estadual do Pará.

Quem não se lembra dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), popularmente chamados de Brizolões? O projeto, de autoria do antropólogo Darcy Ribeiro, foi implantado no Rio de Janeiro durante os dois governos de Leonel Brizola (1983 – 1987 e 1991 – 1994). Seu objetivo era oferecer ensino público de qualidade, em período integral, aos alunos da rede estadual. O horário das aulas estendia-se das 8 às 17 horas. Além do currículo regular havia atividades culturais, estudos dirigidos, educação física, refeições completas, atendimento médico e odontológico. Cada Ciep tinha uma capacidade média de atendimento para mil alunos. Durante o período de férias eram realizadas atividades recreativas para que as crianças pudessem continuar a frequentar o CIEP, as salas de leitura e receber uma boa refeição. Materiais didáticos eram entregues as crianças tais como cadernos, lápis e borracha. O grande objetivo do projeto, de acordo com a visão de Leonel Brizola, era tirar crianças carentes das ruas e oferecer-lhes os chamados “pais sociais”, funcionários do Centro que cuidavam das crianças. A concepção arquitetônica do Ciep é de autoria do conhecido arquiteto de Brasília, Oscar Niemeyer. Durante o governo brizolista, mais de 500 unidades foram construídas. A ideia de edificar cada unidade com peças pré-moldadas de concreto barateou, em muito, o custo da construção. Cada complexo Ciep constava de salas de aula, centro médico, cozinha, refeitório, banheiros, áreas de apoio e recreação, ginásio esportivo, espaço para atividades artísticas e culturais, biblioteca, dormitórios e piscina.Infelizmente, governos que sucederam a Brizola não deram continuidade administrativa ao projeto. As unidades construídas tornaram-se escolas comuns, com ensino em turnos. Outras irresponsavelmente foram simplesmente abandonadas. E o que é pior, a “fábrica de escolas”, que produzia as peças pré-moldadas de concreto, também fora irresponsavelmente desativada. Brizola, Darcy e Niemeyer foram visionários além de seu tempo. Brizola foi um nacionalista convicto, sem ser fascista.