Heraldo Almeida

A Região: uma rede de relações


O tema da região me persegue. Talvez pela circunstância de viver num Estado, o Rio Grande do Sul, cuja cultura, e especialmente cuja literatura, tradicionalmente vêm sendo apodadas de regionalistas. Em função disso, escrevi um ensaio (Pozenato, 1974), tentando separar as ideias de regionalismo e de regionalidade na literatura gaúcha, confrontando-as com o possível ideal da universalidade literária. Mas vivo também num espaço, o da colonização italiana, que reivindica de longa data ser classificada como região com identidade própria. Mais ainda, trabalho numa Universidade que tem um projeto de regionalização, sobre o qual também tentei refletir num novo ensaio (Pozenato, 1995) em que a ideia de região é mais uma vez posta em cena e, mais uma vez, em confronto com o ideal universitário da universalidade do conhecimento.

Agora, para cúmulo das circunstâncias, estou envolvido num projeto de estudos regionais. Não há como negar, portanto, que sou perseguido pela ideia de região. Mas desde o início dos meus estudos sobre o tema até agora, num período de vinte anos, mudou sensivelmente a inflexão com que a ideia de região é abordada. Talvez seja possível simplificar essa mudança dizendo que ela transitou de uma visão negativa para uma visão positiva. Quer dizer: antes era preciso demonstrar que o regionalismo não consistia numa visão estreita do processo social, em qualquer de suas dimensões; hoje, a percepção das relações regionais é vista como um modo adequado de entender como funciona, ou pode funcionar, o processo de mundialização de todas as relações humanas.

Mas não adiantemos a discussão. A ideia de região é antiga. Buscando a sua etimologia, Emile Benveniste (citado por Bordieu, 1989, p. 118) mostra que a palavra regio deriva de rex, a autoridade que, por decreto, podia circunscrever as fronteiras: regere fines. A região não é pois, na sua origem, uma realidade natural, mas uma divisão do mundo social estabelecida por um ato de vontade. Tal divisão só não é totalmente arbitrária porque, por trás do ato de delimitar um território, há certamente critérios, entre os quais o mais importante é o do alcance e da eficácia do poder de que se reveste o autor da região. Enquanto esse poder é reconhecido, a região por ele regida existe. Em suma, a região, sem deixar de ser em algum grau um espaço natural, com fronteiras naturais, é antes de tudo um espaço construído por decisão, seja política, seja da ordem das representações, entre as quais as de diferentes ciências. A idéia de região como um espaço natural talvez tenha surgido a partir de sua utilização pela geografia. A Geografia Física circunscreve territórios em função da paisagem, como se dizia antigamente, ou seja, da Meteorologia, da Hidrologia, da Topografia, da vegetação etc. A Geografia Humana define os espaços regionais também com critérios objetivos, fornecidos pela História, pela Etnografia, pela Lingüística, pela Economia, pela Sociologia. Como nem sempre esses critérios coincidem, é possível falar de região histórica, região cultural, região econômica e assim por diante, com fronteiras distintas no mesmo território físico. (José Clemente Pozenato – https://www.ucs.br)

 

 

CURUPIRA: Curupira é uma figura do folclore brasileiro. Ele é uma entidade das matas, um moleque de cabelos compridos e vermelhos, cuja característica principal é os pés virados para trás.

 

 

Seu boto dono das águas
Ensine-me a remar
Cortar essas marés de léguas
Cavalgar feito égua
Annie Carvalho/poeta

 

 

É hoje
Neste sábado (4) vai acontecer o tradicional concurso garota junina, a partir das 20h, na quadra do super Fácil, bairro Beirol. São sete candidatas concorrendo ao título. A realização é da quadrilha junina Reino de São João.

 

Festivais
Artistas sentem falta dos festivais de músicas que descobriam novos talentos para a música (compositores, músicos, cantores, produtores, etc. #BonsTempos.

 

Museu
Governo Federal anuncia que em setembro entregará o Novo Museu do Ipiranga. O projeto custou 84 milhões de reais captados e 76 milhões autorizados a captar. Um total de 160 milhões de reais, em parceria com a iniciativa privada.

 

‘Pegada de Gorila’
Nome do mais novo grupo de samba do Amapá, sob coordenação do sambista Zeca Mazagão. Só músicos da pesada compõem o projeto. #MeteACara.

 

Samba
Sambista Nonato Soledade está com um novo disco pra ser lançado, em breve. A música ‘Canto de Lamento’ faz parte do projeto. É composição dele com Darlan Ribeiro. Essa toca no programa O Canto da Amazônia (Diário FM 90,9).

 

Homenagem
Neste sábado (4), a partir das 21h, tem show da banda Roupa Nova Cover, no Enceada (Garden Shopping). Informações: 98117-1889. Abertura com a cantora Taty Taylor.

 

‘Luz do Mundo’
Título de uma bela música do maestro, Manoel Cordeiro com o cantor, Ronery, gravada pela Banda Warilou e pela cantora, Gaby Amarantos, no primeiro disco solo de Manoel Cordeiro, ‘Sonora Amazônia’.