Alimento para o corpo e para a alma: indígena internado com Covid em Santana recebe atenção especial e dieta diferenciada
Equipe multiprofissional se reveza em atenção ao idoso da etnia Tiriyo.

Por Hélmiton Prateado
Um indío da etnia Tiriyo de 83 anos está sendo tratado no Centro Covid-19 de Santana e recebe atenção especial dos profissionais. Amuyupo Tyrio chegou à unidade na segunda-feira, 02 de agosto, e já está praticamente recuperado, podendo receber alta até o final da semana.
Segundo o diretor-geral do Centro Covid de Santana, André Franco Ribeiro, a atenção especial ao indígena se deve a fatores diversos. “É um paciente idoso, que está fora de sua zona de conforto como a aldeia e a família, não fala português e na unidade também não temos pessoas que dominam o idioma dessa etnia, o que exige uma atenção redobrada para cumprir nossa missão de devolver a saúde a esse homem”, comenta.
Amuyupo Tiriyo estava na Aldeia Missão Tiriyo, localizada na região do Tumucumaque, distante 300 quilômetros da capital, quando apresentou os sintomas. Trazido para a Casai de Macapá teve seu quadro diagnosticado positivo e os sintomas se agravaram. Ele foi levado para a UPA Lélio Silva e encaminhado para a UTI do Centro Covid-19 de Santana. Ele não precisou ser intubado, mas os médicos o colocaram em um respirador de alto fluxo para melhorar a função pulmonar.
A dificuldade da língua e os hábitos alimentares forçaram a equipe multiprofissional a se desdobrar em tentativas para suprir o paciente idoso e de hábitos diferenciados de alimentação. Uma psicóloga e uma assistente social tentaram de variadas formas convencê-lo a aceitar uma alimentação servida para os outros pacientes.
Diante da recusa do índio Tiriyo a alternativa foi ficar oferecendo coisas que ele pudesse conhecer. “Quando falamos pausadamente ‘açaí’ parece que ele entendeu e demonstrou familiaridade com o alimento e balançou a cabeça positivamente”, explica a nutricionista Edinilci Quaresma Barros, que fez parte da comitiva encarregada de tentar fazer o paciente de 83 anos comer alguma coisa.
Eles trataram de providenciar uma dose reforçada de açaí para Amuyupo Tiriyo, sob supervisão da equipe e lhe foi servido um regalo caprichado. “Nosso atendimento nutricional diferenciado visa não só as necessidades alimentícias, mas as afetivas e habituais. Nosso paciente indígena recebe nas suas refeições preparações com adaptações para que seja mais parecido com o do seu dia a dia, como o açaí, que rico em antioxidantes e gorduras boas”.
Amuyupo Tiriyo vive com a família na aldeia e o contato com branco é basicamente com a equipe de saúde da atenção básica que faz atendimento aos indígenas. A esposa e um neto dele gravaram áudios na sua língua que foram reproduzidos pelos assistentes, o que acalmou o paciente.
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