Amapá investiga casos suspeitos da ‘doença da urina preta’ e alerta sobre consumo de Pacu
Estudos apontam que a Síndrome de Haff, conhecida popularmente como doença da urina preta, tem relação com toxina que pode ser encontrada em determinados peixes e crustáceos.

Railana Pantoja
Da Redação
O Governo do Amapá anunciou na tarde desta quarta-feira (6) que está investigando casos suspeitos de pacientes que estariam com a Síndrome de Haff, conhecida popularmente como doença da urina preta.
Segundo a Superintendência de Vigilância em Saúde do Amapá (SVS/AP), os quatro pacientes que estão sendo investigados deram entrada no Hospital Estadual de Santana nos últimos dias apresentando sintomas da doença, como a urina escurecida e dor muscular, mas também demonstram sintomas que se assemelham a outras enfermidades. “Tivemos a informação vinda de Santana ontem (5). A partir disso, estamos monitorando e fazendo a busca ativa dos casos, para se confirmar ou não a Síndrome de Haff. Hoje (6) estamos instalando um comitê de estudos com a Diagro, Rurap, SIMS, SVS e Sesa para monitorar os quatro casos suspeitos”, anunciou Dorinaldo Malafaia, superintendente da SVS/AP.
Estudos apontam que a síndrome é causada por uma toxina biológica sem cheiro e sabor que pode ser encontrada em alguns peixes e crustáceos, quando estes não são acondicionados de maneira correta. “Ao ingerir o produto, mesmo cozido, a toxina provoca a destruição das fibras musculares esqueléticas e libera elementos de dentro dessas fibras no sangue, ocasionando danos no sistema muscular e em órgãos como os rins”, diz nota técnica do Ministério da Saúde.
Como os pacientes que estão com suspeita da doença consumiram peixe da espécie pacu, a SVS orientou que a população não consuma, por enquanto, este pescado. “No caso específico desses quatro pacientes houve o consumo de pacu, proveniente da região de Santarém (PA). Então, nossa primeira medida é exatamente de orientação para a população: evitem, temporariamente, o consumo desse peixe. Outra medida é o monitoramento do pescado que chega por Santana, vamos fiscalizar intensivamente o pescado que vem da região do baixo Amazonas”, frisou.
Segundo Dorinaldo, a recomendação não atinge outros tipos de pescado e nem peixes criados em viveiros. “A população pode continuar consumindo os demais pescados, principalmente se forem da região amapaense e provenientes de psicultura, estes não representam risco à saúde da população”, garantiu o superintendente.
A confirmação ou descarte desses casos suspeitos deve sair nesta quinta (7). Enquanto isso, os pacientes, que são do município paraense de Afuá, estão internados no Hospital Estadual de Santana e no Hospital de Emergências de Macapá. “Dois deles são do mesmo núcleo familiar. Essas pessoas são de Afuá (PA), mas consumiram o pescado aqui na nossa região. Dos outros dois estamos levantando mais informações”, finalizou Dorinaldo Malafaia.
O secretário de Vigilância em Saúde de Santana, Plínio da Luz, disse que na manhã desta quarta (6) uma fiscalização foi realizada na área do Igarapé da Fortaleza, local onde teria sido comprado pacu por alguns pacientes. “Possivelmente o pescado foi adquirido no Igarapé da Fortaleza, inclusive, conseguimos identificar o comerciante que fez a venda e assim conseguimos rastrear a procedência do peixe, que veio da região de Santarém (PA). Agora, de forma contínua, vamos intensificar mais a nossa fiscalização para garantir a qualidade do peixe consumido pelos amapaenses”, disse.
Norte
Amazonas (AM) começou a registrar casos da síndrome em agosto de 2021 e até o fim de setembro contabilizava 78 casos suspeitos e um óbito, tendo o pior surto da história desde 2008, quando houve o registro de 27 casos e nenhuma morte.
No Pará (PA), municípios como Almeirim, Santarém e Belém apresentam casos suspeitos.
https://www.youtube.com/watch?v=ud0gX3hyMtM
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