Amapá recepciona evento nacional de conscientização sobre violência contra a população negra
Discussão sobre violência e intolerância religiosa é promovida pelo Ministério dos Direitos Humanos em todo o país.

A violência racial, intolerância religiosa e xenofobia foram temas de discussão promovida pela Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos. O evento teve o apoio da Secretaria Extraordinária de Políticas para os Povos Afrodescendentes (Seafro) e foi voltado para agentes de segurança pública e membros da sociedade civil organizada. As discussões ocorreram no auditório do Museu Sacaca, em Macapá.
O titular da Seafro, Aluízio de Carvalho, foi quem recepcionou a comitiva da pasta, bem como os participantes. Ele colocou o Estado à disposição para acolher as demandas provenientes do debate para estudar a melhor forma de atender as necessidades da população negra do Amapá. “Discutir esses temas ajuda a melhorar as informações sobre os afrodescendentes, para se criar instrumentos de assistência a eles”, considerou.
Discussões
Os debates já alcançaram aproximadamente cinco mil pessoas entre agentes de segurança pública, gestores e membros da sociedade civil, em todo o país, segundo informou o secretário Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Juvenal Araújo, que esteve presente no evento em Macapá.
“É importante que os agentes de segurança pública conheçam a realidade da população negra, para que possam desmistificar alguns mitos entre eles, o perfil do infrator que ainda é o jovem negro que usa boné de aba reta e bermuda”, argumentou Araújo.
O secretário nacional comentou que existem outros mitos, principalmente, relacionados às religiões de matrizes africanas. Ele disse que a sociedade precisa entender o fundamento dos cultos afros e compreender essa realidade, para acabar com a intolerância religiosa.
Juvenal Araújo também defendeu a importância de se implementar políticas públicas de promoção da igualdade racial, não apenas na segurança pública, como também na saúde e educação.
Ele pede que os estados implantem um programa de saúde integral da população negra, argumentando que, por conta da etnia, ela é mais vulnerável a doenças como anemia falciforme, diabetes mellitus, hipertensão e glaucoma.
Na área de educação, existe a Lei 10.639/03 que obriga as escolas a lecionarem sobre a história da África e história afro-brasileira a estudantes a partir de 5 anos. Araújo observou que o Amapá já cumpre a lei, mas que ela precisa ser fomentada na educação municipal. “Para nós é importante porque ali está a história do negro que não é contada nos livros didáticos”, acrescentou.
O secretário Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial frisou também que, dos mais de 5 mil municípios brasileiros, somente 80 já implantaram órgão de igualdade racial e conselho de políticas de promoção da igualdade racial. O primeiro, é criado pelo Executivo e o segundo conta com a participação da sociedade civil organizada com as suas entidades representativas.
Adesão nacional
Juvenal Araújo deve retornar em setembro para incluir o Amapá ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial. “O estado já possui órgão e conselho, só falta aderir ao sistema e, com isso, acessar recursos federais voltados para a promoção da igualdade racial no estado”, anunciou.
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