Cidades

Câncer do colo do útero impera entre mulheres no Amapá, afirma especialista

Médico mastologista, ginecologista e obstetra, Antônio Sergio tratou sobre o tema no programa LuizMeloEntrevista (Diário 90,9FM), chamando atenção para os cânceres de colo do útero.


Foto: lavoisier.com.br

Elden Carlos
Editor-chefe

 

O Dia Nacional de combate ao Câncer, celebrado em 27 de novembro, reforça as lembranças das batalhas travadas diariamente contra uma das maiores e mais fatais doenças no mundo moderno. Porém, a mais antiga evidência de câncer, no entanto, remonta a 8.000 a.C.
Em fevereiro de 2018 o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) divulgou números do estudo “Estimativa 2018 de Incidência de Câncer no Brasil”. O documento apontou o registro de 600 mil novos casos de câncer por ano em 2018 e 2019.

Segundo o Inca, baseado nas projeções, o câncer de pele não melanoma, o mais frequente do país, deveria chegar a 165 mil novos casos diagnosticados. Já no âmbito da saúde da mulher, o câncer de mama teria 59 mil ocorrências, enquanto que o de colo de útero, 16 mil. O câncer de intestino em mulheres também alcançaria a marca de 19 mil casos, nos homens, 17 mil.

Durante entrevista na manhã desta sexta-feira (27), ao programa radiofônico LuizMeloEntrevista (Diário 90,9FM), o médico mastologista, ginecologista e obstetra, Antônio Sergio da Silva Carvalho, tratou sobre o tema chamando atenção para os cânceres de colo do útero na nossa região (Norte), sendo este o mais incidente entre as mulheres. Antônio Sérgio é especialista em câncer do colo do útero, ovário e mama, ou seja, a área genital feminina

“Aqui na nossa região, fora o câncer de pele [não melanoma], o câncer de colo do útero é a doença mais incidente. Para se ter idéia, no meu consultório particular, no ano passado, atendi entre seis a sete pacientes com câncer do colo do útero localmente avançado, ou seja, são aqueles casos em que você não consegue mais fazer a retirada do tumor e a paciente precisa ser encaminhada para radioterapia e quimioterapia. E isso apenas no meu consultório, não estamos falando da rede pública [SUS], portanto, o câncer de colo do útero é o de maior frequência entre as mulheres da nossa região”, disse o médico.

O especialista também discorreu sobre outro tipo de câncer: o de pele. Ele alerta que pessoas de cor branca e com ausência de pelos no couro cabeludo estão mais propensas a desenvolver a doença.

“O câncer de pele é o mais comum no mundo. A pele é um órgão do corpo humano, aliás, é o maior órgão e que serve como revestimento externo do corpo. Existem vários fatores para isso. Pessoas muito brancas, que não tem melanina, são mais propensas a desenvolver a doença. Pessoas com ausência de pelo no couro cabeludo precisam de mais proteção. É o mais frequente, porém, de maior facilidade para identificar por causa das manchas apresentadas, o que pode ser retirado com a cirurgia da lesão”, observa.

O ginecologista declarou existir muitas dúvidas sobre o câncer de mama. Entre essas dúvidas está a de que a doença é totalmente genética. “No caso do câncer de mama apenas 10% é de herança genética. 90% é familial, tendo como fatores envolvidos a dieta inadequada, poluição ambiental, estresse do dia a dia, dentre outros. As pessoas, nas regiões sul e sudeste, estão mais expostas a esses fatores, podendo desenvolver a lesão”, explica.

Antônio Sérgio afirmou durante a entrevista que a detecção precoce proporciona ao médico fazer um diagnóstico do câncer antes que ele se agrave, conseguindo mais eficácia no tratamento e cura. “A qualidade de vida e exames de rastreamento são fundamentais. Podemos citar o preventivo, mamografia, colposcopia, próstata, dosagem de PSA, toque retal, dentre outros. Então, são exames periódicos que podem ajudar no diagnostico e tratamento rápido para a cura”, declara.

Quando questionado sobre se a alimentação balanceada e exercícios físicos regulares podem diminuir os fatores de risco que levam ao câncer o ginecologista foi enfático ao afirmar que, sim, exemplificando duas pesquisas realizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Existem dois trabalhos da OMS, patrocinados por ela própria. Eles selecionaram dois grupos de pessoas. O primeiro seguiu vida normal. O segundo grupo teve as seguintes medidas: aumento de ingestão de fibras vegetais; diminuição ou zero de ingestão de produtos industrializados; prática de 30 minutos de atividade física [dia], de moderada intensidade e diminuição da ingestão de carne vermelha. O outro estudo acrescentou a ausência de bebidas açucaradas, principalmente, dos tipos soda, como refrigerantes. Para se ter idéia, esse segundo grupo, durante o período da pesquisa, que foi longa e comparativa, reduziu a incidência de câncer de mama em 30%, apenas de mama. Então, hoje, obesidade e inatividade física estão entre os principais fatores de risco para câncer de mama, assim como para os demais tipos. Por isso, é necessária a prevenção primária, seguindo essas orientações.”

Ele observou que o câncer de mama também pode ocorrer entre seres do sexo masculino. Nesse caso, a incidência dos casos diagnosticados é de 1%.

Antonio Sérgio encerrou a entrevista fazendo um alerta sobre o sistema público de saúde que atende os casos de diagnostico e tratamento de câncer no Amapá.

“Temos profissionais altamente gabaritados para todas as áreas do câncer, cujo tratamento é multidisciplinar. Mas, infelizmente, não temos uma rede pública estruturada para isso. Veja bem, essa não é uma discussão política, mas, técnica. Às vezes se perde um paciente por não ter o equipamento para radioterapia. Em outros casos, o paciente morre por ter parado o tratamento. Motivo: não havia medicação para continuar a quimioterapia. Então, é uma discussão que envolve profissionais, governos e toda a sociedade”, concluiu.


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