Cidades

Com novos equipamentos, laboratório da UNIFAP desenvolverá pesquisas com foco na pandemia

Cabine de segurança biológica, centrífugas, refrigeradores e outros itens foram comprados pelo UNOPS, organismo das Nações Unidas, com recursos revertidos pelo Ministério Público do Trabalho PA-AP


O Laboratório Multiusuário de Análises Biomoleculares da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), em Macapá (AP), tem novos equipamentos e desde setembro do ano passado oferece uma estrutura melhor para sua equipe de pesquisa. A entrega dos bens é fruto de um convênio, firmado em abril de 2020, entre o Ministério Público do Trabalho no Amapá (MPT) e o Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (Unops), organismo que presta serviços na área de compras, para o desenvolvimento do subprojeto “Ações emergenciais de enfrentamento à pandemia de COVID-19 em Macapá/AP(PTM Macapá)”.

O MPT possui nacionalmente uma cooperação com a Unops para estruturação de subprojetos de infraestrutura social e compras decorrentes da atuação ministerial. Só para a o Laboratório Multiusuário da UNIFAP foram revertidos mais de R$ 226 mil, provenientes de acordos judiciais e extrajudiciais firmados pelo Ministério Público do Trabalho.

Cabine de Segurança biológica, cabine de CPR, agitador de tubos, termobloco, microcentrífuga, centrífuga refrigerada, Kits com 3 pipetas monocanais, nano spectrophotometer, freezer vertical, refrigerador e peças de mobiliários são alguns dos intens adquiridos para o laboratório.

 

Análises mais eficientes

“O ganho de eficiência e qualidade no uso dos equipamentos é notável”, afirma o professor do curso de Medicina da UNIFAP, Emerson Castilho. Após cinco meses de uso, ele ressalta que os projetos de pesquisa “tiveram ganhos substanciais, melhoria significativa”.

Segundo o professor, hoje é possível fazer a extração de material genético de 12 amostras em 15 minutos. Antes, para cinco amostras eram necessárias quatro horas de trabalho. Já a análise da qualidade do material dessas amostras exigia entre 45 minutos e uma hora para dez amostras. Agora em poucos segundos já é possível saber a qualidade de uma amostra. Além de diminuir o tempo, ganha-se em qualidade “quanto mais agilidade no processo de manipulação do material, melhores os resultados”, afirma.

Outro ponto importante, é o aumento da segurança de quem trabalha e pesquisa no laboratório. A cabine de segurança biológica permite o estudo de organismos que são infecciosos pelo ar, como é o caso do coronavírus. O mesmo vale para a nova centrífuga: além de aumentar a capacidade de 32 amostras para 192, tem um sistema de contenção que evita que partículas sejam liberadas para o ambiente, o que aumenta a segurança e amplia as possibilidades de uso.

“Os equipamentos deram um “up” na produção dos experimentos”, afirmou a técnica de laboratório, Jemima Messias. Segundo ela, isso impactou positivamente nos projetos que desenvolve, porque alguns processos que antes eram feitos manualmente, hoje são realizados por esses equipamentos e “isso me possibilitou um resultado mais seguro, confiável e com maior chance de ser reproduzido, confirmando os meus resultados”, concluiu.

Atualmente, a equipe do laboratório desenvolve uma série de pesquisas na área da saúde humana. Estudam os fatores genéticos associados ao desenvolvimento das doenças, como alguns tipos de câncer, HPV e Leishmaniose, além de mecanismos de ação de fármacos e processos fisiológicos de cura de doenças, contribuindo para novos tratamentos e diagnósticos. Outro tema de pesquisa é a identificação e classificação de novas espécies de animais e parasitas, a fim de gerar conhecimento sobre a diversidade biológica do Amapá.

 

Pesquisas com foco na pandemia

A equipe do laboratório está planejando ainda realizar pesquisa sobre a situação epidemiológica do Amapá em relação à COVID-19. Isso significa que vão trabalhar com amostragem e devem ser realizados testes em residências de pessoas que não necessariamente apresentam sintomas da doença, o que permitirá mapear até a população assintomática.

Uma pesquisa assim pode orientar as ações dos governos até a vacinação completa da população e ainda permite o monitoramento e a busca ativa de novas linhagens (cepas) do vírus. O professor Emerson Castilho explicou que a cidade de Oiapoque faz fronteira com a Guiana Francesa, país que tem trânsito importante de pessoas indo e vindo da Europa. Isso mostra a importância de se fazer esse tipo de monitoramento no estado.


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