Cidades

Coronavírus: Economia, direito, psicologia e cidadania analisados por especialistas no rádio

A prioridade da atenção dos especialistas e as autoridades do país é a saúde da população, mas uma equipe multidisciplinar chama a atenção para outros aspectos da pandemia.


Cleber Barbosa

Da Redação

Não só os aspectos relacionados à saúde física são objeto da atenção neste período de calamidade pela pandemia do novo Coronavírus. A equipe do programa Togas&Becas, da Rádio Diário FM (90,9) reuniu – por telefone – um time de especialistas para analisar outros aspectos que o isolamento domiciliar já está provocando no seio da sociedade, alterando comportamentos e influenciando aspectos da economia, do direito, da psicologia e da cidadania.


A psicóloga Claudia Oliveira, por exemplo, diz que a primeira consequência deste período é o medo, natural, mas que ele pode ser usado no sentido de potencializar a proteção do ser humano, algo importante em se tratando da transmissibilidade da doença. Além disso, ela ensina que há sempre um aspecto positivo nos acontecimentos, ou seja, o que ela define como ressignificar essa experiência. “O lado positivo disso pode ser só o fato de pararmos um pouco com a nossa correria do dia a dia de uma vida muito atribulada para estarmos mais ao lado de nossa família, prova de que não estamos sós, apesar de que algumas pessoas vivam sozinhas, mas manter a mente o mais saudável possível é essencial”, prega a especialista.

O advogado e professor Paulo Lemos, que é deputado estadual, lembra de aspectos relacionados aos direitos do cidadão, que precisam também ser considerados no período da quarentena. Ele protocolou junto a outros parlamentares um pacote de medidas relacionadas a isso, como a proibição de cortes não só de serviços essenciais, como água tratada, energia elétrica, mas também serviços de telefonia, internet, dentre outros. “Mas também apresentamos um projeto que permite a pacientes do SUS [Sistema Único de Saúde] serem recebidos por instituições particulares de saúde quando a rede pública não fornecer mais capacidade para isso”, diz ele. Outros 08 projetos, deverão ser analisados na próxima semana em sistema remoto de votações no Parlamento Estadual, por videoconferência, que se aprovados seguirão para sanção do governador do Estado.

O economista Charles Chelala, por sua vez, disse ser importante um olhar para o aspecto da conjuntura econômica do Brasil com o advento da crise epidêmica, que é mundial. Ele diz ser ainda muito difícil se projetar agora qual deverá ser esse impacto, num momento em que o país ensaiava uma lenta recuperação econômica. “Isso vai depender da extensão da crise provocada pelo Coronavírus, que é de grandes proporções, então só será possível fazer uma projeção quando passar o pico da pandemia tivermos dados sobre os efeitos da paralisação dos serviços”, disse Chelala. Ele também se manifestou a respeito da pressão para de flexibilizar algumas atividades econômicas, como o comércio. “Sou contra, pois temos o exemplo de Milão, na Itália, que há um mês tinha 12 mortos pelo Coronavírus e começou uma campanha para a cidade não parar e agora com 5,5 mil mortos o prefeito pediu desculpas pela decisão irresponsável que tinha adotado”, disse ele.

Já o médico Advaldo Vítor Barros falou sobre o legado para o futuro da sociedade em se tratando do controle epidêmico e os cuidados com a imunidade das pessoas, que podem adotar posturas e hábitos mais saudáveis de vida, seja com o consumo orientado de vitaminas e alimentos. Ele também comentou sobre aspectos de supostas modificações genéticas do Coronavírus, que estaria levando a outros sintomas da doença. “Todas as pesquisas têm mostrado que o vírus tem um certo tempo de latência, mas que ele também pode ser morto com temperaturas acima de vinte e sete graus, então é bem provável que nas superfícies externas, nas calçadas, nas roupas, enfim, ele não sobreviva a temperaturas maiores. A questão é que como o vírus se reproduz dentro de células, que são organismos de reprodução intracelular, diferente de bactérias e outros microrganismos, como também sofre modificações genéticas a cada turno, então é muito provável que outros sinais e sintomas vão surgir, senão agora, em futuras manifestações ou endemias”, alerta o médico.


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