Cidades

CPT lança relatório sobre conflitos no campo

Programação começa às 15h desta terça-feira no Centro das Pastorais atrás de Igreja Jesus de Nazaré.


Padre Sisto Magro, coordenador da Comissão Pastoral da Terra no Amapá (CPT-AP), anunciou no começo da noite desta segunda-feira, no programa ‘Café com Notícia’ (Diário FM 90,9), que às 15h de terça-feira, 16, no Centro das Pastorais, na rua Padre Manoel da Nóbrega, atrás da Igreja Jesus de Nazaré, haverá o lançamento local da publicação anual Conflitos no Campo Brasil 2018. É a 34ª edição do relatório que reúne dados sobre os conflitos e violência sofrida pelos trabalhadores do campo brasileiro, no ano passado, neles inclusos indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais.

A abertura da programação, conforme release da Comissão Pastoral da Terra no Amapá, será feita por representantes da própria CPT-AP, das comunidades eclesiais de base (CEBs), Programa de Pós Graduação em Geografia (PPGEO/Unifap), Fórum de Acompanhamento dos Conflitos Agrários (Facade) e Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Amapá (Sindufap).

A programação será continuada por mesa sobre ‘Resistência na e pela terra’, com participação de Sâmia Picanço, do Quilombo do Ambé; Jairo Palheta, da Frente Nacional de Lutas (FNL); Irineu Padilha, do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Afuá/PA, e do padre Sisto Magro. Na ocasião, serão destacados os números dos conflitos no Amapá e na Amazônia.


Padre Sisto, no programa apresentado por Ana Girlene, mostrou que o Relatório Conflitos no Campo Brasil 2018 registrou 1.489 conflitos em 2018 ante os 1.431 de 2017, representando aumento de 3,9%. A maioria desses conflitos, com informação do jornalista e colaborador da CPT, Antônio Canuto, constante do release, está concentrada na região amazônica. Eles somam cerca de 1 milhão de pessoas envolvidas, um aumento de 35,% em relação a 2017, que registrou o envolvimento de 708.520 pessoas.

O relatório também mostra que em 2018, com 276 casos registrados, foi o ano com o maior número de conflitos por água desde que a CPT começou o registro em separado dos conflitos por terra no ano de 2002. 73.693 famílias estão envolvidas nesses 276 conflitos por água; 85% delas são comunidades tradicionais. O número de conflitos é 40% maior do que em 2017 e o de famílias envolvidas, 108% maior.

Duas mil trezentas e sete famílias foram expulsas do território. Esse número é 59% maior que o de 2017. Para a metodologia da CPT, expulsão é o ato de retirar da terra seus ocupantes, sem ordem judicial (despejo). Nesses casos, os responsáveis pela expulsão são, geralmente, fazendeiros, empresários, o suposto dono que, por conta própria, obriga as famílias a sair, principalmente através da pressão de jagunços e, muitas vezes, com a participação ilegal da própria polícia. Em grande parte, a expulsão se dá em terras griladas.

Padre Sisto se referiu a Amcel que, segundo disse, é dona de três mil hectares de terras no Amapá, mas emprega pouca gente por causa da mecanização de que se utiliza. O religioso denunciou que apesar da grande quantidade de terras que possui, a empresa, lentamente, vai conseguindo mais hectares com práticas não condizentes ao respeito que deve ser dado aos seus vizinhos, homens e mulheres do campo.

Fotos: Joelson Palheta


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