Defesa de árvore centenária coloca em choque interesses de poderes
Decisão sobre futura da faveira deve ser decidido nesta sexta-feira (17)

A mais nova polêmica surgida em Macapá diz respeito à uma faveira [árvore] e que há mais de um século está plantada no centro de Macapá, na Avenida Iracema Carvão Nunes, entre as ruas Tiradentes e General Rondon, em frente ao prédio anexo da Escola Estadual Barão do Rio Branco.
A árvore além de centenária compõe o cenário paisagístico da capital e de forma imponente chama a atenção do passeio público desde os tempos em que Macapá era um município pertencente ao estado do Pará e não existia o Território Federal do Amapá. Atravessando várias gerações, participou da evolução histórica da cidade e do estado.

A razão da polêmica diz respeito a uma ação movida pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, órgão público federal, sob a alegação de que a referida árvore representa uma clara ameaça em caso desabamento, podendo atingir o prédio onde funciona esse órgão. Contra essa ação se levantaram a Prefeitura Municipal de Macapá, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) e o Instituto Memorial Amapá, entidade sem fins lucrativos cuja finalidade consiste na preservação da memória ê do patrimônio histórico, material e imaterial do estado do Amapá e que se opõe frontalmente ao sacrifício da espécie vegetal.
Em decisão recente, o juiz João Bosco atendeu o pedido da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e autorizou a derrubada da árvores “incômoda”. A Semam alegou que o juiz não foi subsidiado por dados técnicos confiáveis produzidos especialistas que apresentassem parecer e análise mais precisos e atentando para questão da segurança, decretou a extinção da árvore centenária. O próprio titular da pasta ambiental, Márcio Pimentel, informou que já havia encomendado estudos que após realizados recomendaram apenas a podagem, embora outros laudos da PMM apresentassem dúvidas em relação ao destino da árvore.
De acordo com o secretário, “não teve laudo feito com equipamentos que dão análise mais precisa, por conta disso veio a decisão do juiz. Nossa procuradoria jurídica entrou em contato e pediu para que ele aguardasse um laudo consistente. Ele concordou e nós chamamos uma empresa especialista no cuidado com árvores; um técnico veio pra Macapá e fez a análise detalhada”, disse o secretário.

Outro interesse que também emerge na questão diz respeito ao Instituto Memorial Amapá, contrário à derrubada da árvore. Segundo Walter Júnior, presidente do instituto, “sacrificar a uma árvore que faz parte da paisagem urbana da cidade não constitui somente um grave agressão ao meio ambiente, mas acima de tudo um atentado contra a própria história da cidade e sua gente”. O instituto também encomendou parecer técnico de profissionais renomados em nível local, os quais pontuaram que a derrubada da árvore é uma atitude extrema e que a questão pode ter encaminhamentos menos traumáticos.
“A exemplo do que ocorreu com a samaumeira localizada na área do Ministério Público do Amapá (MP-AP) e que sob risco de ser derrubada, foi resgata e revalorizada a ponto de deixar de ser uma ameaça para se transformar na identificação visual daquele órgão e um mote poético para a preservação ambiental, sendo a maior fonte de inspiração para a criação de um grande evento artístico-cultural e que vem servindo para aproximar o MP-AP dos setores da sociedade e que movimenta de forma muito interessante a cena cultural de Macapá. Com o apoio de políticos sensíveis como o senador Randolfe Rodrigues, esperamos destinar à faveira centenária do centro da cidade o mesmo tratamento que salvou a samaumeira do MP da condenação à morte”, concluiu Walter Júnior.
O veredicto final sobre o destino da faveira centenária que deveria ser anunciado em audiência marcada pelo juiz João Bosco para esta quinta-feira (16), foi adiada esta sexta-feira (17), devendo contar com a presença do autor do laudo para dar maior segurança do ponto de vista técnico à decisão judicial.
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