Estudantes quilombolas disputam no Rio final da Olimpíada Brasileira de Cartografia
Quatro meninas da Escola Estadual Professor David Miranda dos Santos, da comunidade quilombola São José do Matapi, ficaram em primeiro lugar na competição, entre os estados da região Norte; agora vão disputar título nacional na Universidade Federal Fluminense

Douglas Lima
Editor
As estudantes amapaenses Maria Eduarda Tavares, Kathleen Daniele Mota Araújo, Viviane Santos de Lima e Dyelen Karine Duarte Moraes, vibrando com a conquista do primeiro lugar da região Norte na segunda etapa da Olimpíada Brasileira de Cartografia (Obrac), agora estão na expectativa de viajar ao Rio de Janeiro para disputar a competição em nível nacional.
A Obrac é realizada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), do Rio de Janeiro, entre alunos do ensino médio e do 9º ano do ensino fundamental de escolas das redes pública e privada com objetivo de divulgar e incentivar o interesse pela ciência cartográfica, com foco no conhecimento espacial para cidadania, além de oferecer ferramentas inovadoras de ensino para os professores participantes.
As meninas amapaenses são da Escola Estadual Professor David Miranda dos Santos, da comunidade quilombola São José do Matapi, zona rural do município de Macapá. A final da Olimpíada, com alunos de outras quatro escolas brasileiras, acontecerá em novembro, no Rio de Janeiro.
Maria Eduarda, Kathleen Daniele, Viviane e Dyelen Karine estiveram na manhã desta terça-feira, 14, no programa ‘LuizMeloEntrevista’ (Diário FM 90,9), acompanhadas da diretora da Escola David Miranda dos Santos, professora Socorro Silva, e do professor de geografia, Bruno Brandão, o orientador das quatro.
O professor explicou que a conquista regional foi conseguida pela criação de um projeto cartográfico nele incluso os ‘Caminhos Quilombolas: Raízes do Matapi’, jogo de tabuleiro que combina trilhas, desafios cartográficos e missões culturais, ligados à geografia e à luta contra o racismo.
Bruno Brandão explicou que o material para a composição do jogo foi conseguido em pesquisas sobre quilombos, territórios tradicionais e representações cartográficas. Também foram utilizados símbolos e curiosidades que aproximam os jogadores da história afro-amapaense, visando uma cartografia antirracista e que represente a região do Matapi.
As próprias alunas são as jogadoras do tabuleiro, mostradas em imagens 3D. A escola de São José de Matapi foi a única do país a receber pontuação máxima em um dos componentes avaliados, justamente pela criação do jogo de tabuleiro. “Foi uma participação marcada por dedicação, superação e orgulho afro-amapaense”, destacou o professor no programa de rádio.
Quilombola originária da própria comunidade de São José do Matapi, a professora Socorro Silva se disse orgulhosa com o grande feito. A estudante Maria Eduarda, em nome das colegas, disse que agora é só esperar o momento de embarcar ao Rio de Janeiro para disputar o título da Olímpiada Brasileira de Cartografia.
O professor Bruno Brandão ainda agradeceu a todos os que ajudaram as estudantes na empreitada, entre eles Alan Nazaré, Luís Eduardo, Aline Coutinho e Lucas Renan, do Núcleo de Pesquisas Arqueológicas do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa).
Deixe seu comentário
Publicidade





