Cidades

Fenômeno ‘terras caídas’ aumenta e ilhas do Bailique estão sendo devastadas

Juiz reclama que autoridades só se preocupam com medidas paliativas e pede a realização de “estudos técnicos sérios” para a implantação de políticas públicas eficientes que possam resolver definitivamente o problema


O juiz de direito Luciano Assis alertou na manhã desta segunda-feira (14) no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9) que o aumento do fenômeno ‘terras caídas’ no Bailique está devastando as ilhas do Arquipélago, já tendo causado a destruição de vários prédios públicos e residências particulares. Conhecedor da realidade por suas freqüentes viagens integrante a Justiça Fluvial, Luciano Assis reclama que as autoridades só se preocupam com medidas paliativas e pede a realização de “estudos técnicos sérios” para a implantação de políticas públicas eficientes que possam resolver definitivamente o problema.

“Eu venho acompanhando a muito tempo o sofrimento dos moradores do Bailique por causa esse fenômeno, que é cada vez mais preocupante; o que era igarapé se tornou rio de grande proporção, além do fato de que os grandes rios foram todos assoreados; o que está faltando é um estudo conclusivo sobre o fenômeno porque permanentemente obriga moradores a mudarem suas casas; a política publica tem que ser revista porque senão vamos perder muito dinheiro; uma escola já caiu e outra está sendo consumida”.

Luciano Assis disse que o fenômeno começa a mudar a geografia da Vila Progresso, uma das principais ilhas do Arquipélago: “A situação na Vila Progresso assusta muito; na viagem anterior que fiz à região as passarelas (pontes em madeira) estavam intactas, mas na viagem que fiz agora na última sexta-feira vi que boa parte está caindo; a frente da Vila Progresso está muito afetada, pois esse fenômeno obriga os moradores a removerem suas casas, recuando cada vez mais; a geografia da Ilha está mudando drasticamente; escolas estão sendo destruídas, já perdemos postos de saúde, a Escola Bosque está sob ameaça e acredito que ela não suporta até o ano que vem, o campo de futebol que tinha na frente já não existe mais… A situação é muito preocupante”.

Para o juiz a classe política e as autoridades do Executivo não estão de braços cruzados, mas falta uma política séria para resolver de vez o problema: “Os políticos e as autoridades do Executivo vão lá, inclusive no próximo dia 19 vai ter uma grande reunião política para discutir os problemas, entre os quais o do fenômeno das ‘terras caídas’; o problema é que sempre são adotadas apenas medidas paliativas, como madeira para mudar casas e construção de novas passarelas; na verdade estão mudando o problema de um lugar para outro; estamos cada vez mais longe da água tratada e a situação se agrava cada vez mais”.

Na opinião do juiz o que falta para o Arquipélago é a adoção de políticas públicas sérias e eficientes: “É preciso que se pense em políticas públicas eficientes e definitivas; dou como exemplo a construção de um posto avançado do Tjap (Tribunal de Justiça), cujo local escolhido inicialmente eu discordei porque em cinco anos o prédio estaria consumido pelo fenômeno, aí eu escolhi outro terreno cerca de 300 metros do local; acharam que ficaria longe, mas foi mantido por ser mais seguro; o caminho é a adequação dos órgãos, serviços e bens públicos porque estamos perdendo prédios que não são repostos”.

Apesar de que se trata de um fenômeno natural, o juiz entende que é necessário para a região um projeto mais ousado para a solução definitiva: “Há muita coisa  a ser feita, aquela região é ótima e está em pleno desenvolvimento; para que se tenha ideia nós começamos trabalhando (na Justiça Itinerante Fluvial) dentro de um barco, depois conseguimos uma casa e posteriormente eu tive que mudar a minha sala de audiência para dentro do prédio da rádio de lá porque a casa que nos foi cedida para a Justiça Itinerante não teve mais como nos abrigar em decorrência da demanda que é muito grande; por outro lado, entretanto, há escassez de água tratada, a Caesa (Companhia de Água e Saneamento) tem que controlar a água, torneiras quebradas e canos vazando; toda viagem a gente leva tonéis e tonéis de produtos químicos para tratamento da água, os postes estão caindo, causando acidentes sérios como recentemente ocasionando morte; temos ali o Linhão de Tucuruí, com energia boa, mas que acaba sendo deficitária por causa da destruição da rede elétrica com as constantes quedas de postes”.


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