Cidades

História de Mazagão e a batalha entre mouros e cristãos fazem parte do enredo da Embaixada de Samba Cidade de Macapá

Os atos e personagens desta história desfilarão no segundo dia de desfile, 22, abrindo a noite e as apresentações do Grupo de Acesso.


Uma das mais antigas escolas de samba do Amapá apresentará um enredo histórico, rico, cheio de fé e conflitos. A Embaixada de Samba Cidade de Macapá escolheu para o retorno do carnaval “Mazagão: A Fantástica Batalha de Fé do Povo que Atravessou o Mar”, um enredo que conta a saga da travessia de um reino africano até as margens do rio Mutuacá, e onde ainda hoje preservam a memória da batalha dos mouros e cristãos, encenada anualmente.

A concepção do enredo começa com a travessia do reino africano de caravelas, pelo mar, trazido de Marrocos, por portugueses, para Mazagão. O desfile se desenvolve com a batalha, os personagens, elementos, São Jorge e São Thiago, sempre com o misticismo, magia e a fé embasando o cenário. A história de Mazagão se mantém viva por 243 anos, e, para contá-la, foi necessário que a concepção do espetáculo fosse subjetiva, que permite a livre criatividade na concepção de fantasias e cenários, para desenvolver mais de dois séculos da tradição em Mazagão Velho, em um desfile de 1 hora e 20 minutos.

A Embaixada de Samba

Tão bonita como a história de Mazagão, é a da Associação Cultural Embaixada de Samba Cidade de Macapá, que se entrelaça com o início do carnaval no Amapá, quando os foliões dos blocos populares despertavam para a organização do carnaval de rua. Era o ano de 1964, e o artista plástico R. Peixe, Raimundo Barros e Alice Gorda, que brincavam no então Bloco Piratas da Batucada, resolveram criar a agremiação do “Bairro Alto”. Em seu primeiro ano recebeu o prêmio Cultura Popular. O espírito carnavalesco e a criatividade de R. Peixe fizeram dos desfiles da Embaixada um espetáculo de arte e cores, enobrecendo e dando um formato mais artístico para o carnaval amapaense.

Em 1978, a escola deixou a avenida alegando problemas financeiros, e o afastamento, que seria por tempo indeterminado, foi interrompido em 1993, por Sidney Peixinho, filho do fundador, e a Embaixada precisou se reinventar para acompanhar as agremiações que tinham evoluído nos 15 anos em que a escola ficou sem desfilar. O resgate de um legado deixado por um dos maiores artistas plásticos do Norte e sua equipe nem sempre é fácil, e, por isso, a escola conta com profissionais e mais de 800 integrantes para dar vida ao enredo.

Como a Embaixada vai fazer seu espetáculo

A comissão de frente, “A Batalha de Fé do reino que atravessou o Mar”, é composta por 11 dançarinos que dividem a coreografia em dois quadros, o primeiro representa as danças africanas, e, o segundo, a batalha entre mouros e cristãos. São Jorge, o mitológico dragão, estará representado pelo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, que representam o rei e rainha que enfrentaram a travessia. A bateria vem de grupo de vominê, mensageiros que anunciavam o início da guerra com dança.

O carro abre-alas representa as caravelas portuguesas, e traz três cenários, o africano, portugueses e a batalha. O segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira vem de rei e rainha no reino da alegria, e a ala das baianas estará vestida da cultura do Marabaixo, cuja raiz remonta o povoamento de Mazagão. Dois elementos merecem destaque no desfile da Embaixada, a presença constante do Bobo Velho em todo o desfile, e a presença de instrumentos rústicos em razão das raízes africanas da história.

A primeira e segunda alas representam os africanos e lusitanos, e a terceira, “A Fé que Remove Montanhas”, remete ao sentimento de fé das famílias, ainda hoje muito presente na vida dos mazaganenses. A quarta e quinta alas se referem aos mouros e cristãos, e a sexta e sétima representam São Thiago e São Jorge. O espião atalaia vem figurado na oitava ala, e a seguinte, traz o baile dos mascarados. O desfile encerra com a ala “Caldeirinha”, rei que propôs a troca da bandeira pelo corpo de atalaia.

O presidente da Embaixada de Samba Cidade de Macapá é Adriano Leitão, o vice, João Porfírio, o carnavalesco, Disney Silva, e o diretor de Carnaval, Egídio Gonçalves.


Deixe seu comentário


Publicidade