Homens apenados por violência doméstica participam de roda de conversa sobre o tema
A psicóloga do NUPAF, Adriana Baldez, afirmou que a experiência da roda de conversa foi muito enriquecedora, tanto para o juizado quanto para os homens apenados.

O Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Macapá realizou a primeira roda de conversa com os homens apenados pelo descumprimento de medidas protetivas de urgência. A temática foi “Desconstruindo a Violência”, com exposição dialogada sobre a cultura da violência, exibição do filme “Acorda Raimundo”, explanação sobre a Lei Maria da Penha e comunicação não violenta. A roda de conversa foi realizada pelo Núcleo Psicossocial de Apoio à Família – NUPAF, setor psicossoc ial do Juizado de Violência Doméstica.
O titular do Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Macapá, juiz Normandes Souza, explicou que a iniciativa teve como objetivo ampliar o raio de ações do juizado. Segundo o magistrado, foi verificado que faltava um melhor acompanhamento dos apenados. Para isso, Normandes atuou em parceria com os juízes João Matos Júnior e Rogério Funfas, titulares da Vara de Execuções Penais e Vara de Execução de Penas e Medidas Alternativas da Comarca de Macapá, respectivamente.
“Percebi que muitas vezes apenas sentenciamos, condenamos e era como se terminasse ali a função do JVD em relação ao homem. Era muito pouco, então como a maioria desses homens cumpre a pena em regime aberto, procurei os juízes da VEP e da VEPMA e pactuamos que seria necessário definir condições para os apenados, por meio das quais eles teriam que participar de ações de conscientização realizadas pelo juizado. Nesse primeiro momento, uma roda de conversa”, explicou.
O juiz Normandes Souza ponderou ainda que o trabalho deva, posteriormente, ser ampliado para as escolas, trabalhando a prevenção de casos de violência doméstica. “Não podemos apenas fazer o trabalho de conscientização pós-agressão. Nesse sentido estamos estudando a possibilidade de realizar esse tipo de roda de conversa dentro das escolas, para que possamos combater a violência prestando informações e semeando a cultura de paz na vida dos novos cidadãos”, concluiu o magistrado.
A psicóloga do NUPAF, Adriana Baldez, afirmou que a experiência da roda de conversa foi muito enriquecedora, tanto para o juizado quanto para os homens apenados. Entre os temas foram abordadas questões como machismo, conceitos de violência e informações sobre a Lei Maria da Penha. “Foi um primeiro contato com esses homens e eles tiveram a oportunidade de abrir a mente e refletirem sobre os erros que cometeram, desenvolvendo uma nova visão de relacionamento, buscando despertar neles a cultura de paz”, disse a psicóloga.
Nessa primeira rodada de conversas com apenados por violência doméstica participaram oito homens, maioria condenados por lesão corporal leve. Segundo a psicóloga, o número reduzido facilitou a interação entre os apenados e o núcleo psicossocial. “Pelo número menor de participantes, eles tiveram sensação de conforto em poder participar do círculo e fazer as reflexões sobre os delitos cometidos”, finalizou.
A assistente social Nazaré Santos avaliou positivamente a iniciativa do juizado. De acordo com ela, o círculo de conversa teve uma boa aceitação por parte dos apenados. “Foi algo novo, se manifestaram, inclusive pediram para que houvesse outros eventos dessa natureza, onde eles possam trocar experiências e obter informações sobre a lei”, concluiu Nazaré Santos.
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