Cidades

Indígena de Oiapoque ingressa no Exército Brasileiro

O agora soldado recruta Dos Santos veste a farda verde-oliva, participa de instruções para aprender o dia a dia da caserna, mas não deixa de lado a origem na etnia Karipuna.


Fotos: Arquivos 53º BIS e 34ºBIS

 

Em 2023, o Comando Militar do Norte segue incorporando soldados de origem indígena. A iniciativa demonstra a integração da Força com os povos originários.

 

Prestes a completar uma semana no quartel, o jovem indígena Alex Sandro dos Santos, de 18 anos, viu sua vida mudar após a incorporação no Exército Brasileiro. O agora soldado recruta Dos Santos veste a farda verde-oliva, participa de instruções para aprender o dia a dia da caserna, mas não deixa de lado a origem na etnia Karipuna, da região do baixo rio Oiapoque.

Dos Santos é um dos 22 recrutas de origem indígena previstos para incorporar no Comando Militar do Norte (CMN) neste ano. Destes, 14 serão destinados a compor o efetivo 2023 do  Comando de Fronteira Amapá/34° Batalhão de Infantaria de Selva (Cmdo Fron Amapá/34º BIS), em Macapá.

O soldado recém-incorporado saiu da Aldeia Arumã, no Oiapoque, e segue o treinamento dedicado aos militares recém-incorporados no 34º BIS. A rotina diária tem início com uma série de exercícios físicos, incluídos no Treinamento Físico Militar (TFM). Em seguida, as instruções militares são voltadas à Ordem Unida e às noções de hierarquia, disciplina, civismo, além do espírito de camaradagem, essencial ao trabalho em equipe, típico da vida nos quartéis.

“Essa semana foi bastante proveitosa. Estamos aprendendo bastante com os nossos instrutores. Espero aprender mais nesse ano, para que eu possa voltar à minha aldeia e contribuir”, explica o soldado indígena que se alistou com a motivação de dar conforto à minha família e servir ao país. “Sempre tive o sonho de entrar no Exército Brasileiro. Poder estar aqui é uma honra, declara o militar que, após cerca de cinco semanas de formação, irá servir na Companhia Especial de Fronteira (CEF), em Clevelândia do Norte.

 

Rotina semelhante vive o soldado Raylton Tomé Akay Mundurukú, de 19 anos, recruta no 53º Batalhão de Infantaria de Selva (53º BIS), em Itaituba, no oeste do Pará. Ele incorporou no Exército motivado por um parente que serviu no mesmo quartel onde está lotado atualmente. Agora, espera ser um bom soldado, aliando conhecimento tradicional no dia a dia do ambiente de selva. Os valores da minha comunidade que podem ser aplicados na profissão são as dicas de sobrevivência, como obtenção de alimentos e de comidas típicas oriundas da selva como a larva do tucumã, conta Akay.

A presença de militares indígenas nos quartéis subordinados ao CMN, nos estados do Pará, Maranhão e Amapá, reforça a integração das Forças Armadas com os povos originários. O conhecimento tradicional aprendido nas aldeias torna o militar de origem indígena um elemento fundamental para a operacionalidade e emprego da tropa nas atividades de combate aos delitos transfronteiriços. Na prática, a integração do Exército com os povos tradicionais facilita o diálogo em várias línguas indígenas e o contato com as comunidades. A aproximação ajuda a preservar a cultura, a tradição do povo e o  meio ambiente.

Contribuição: Tenente Heleíze

 

 


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