Cidades

Macapá é uma das capitais que mais mata no trânsito no Brasil

Em todo o país acidentes de trânsito custam R$ 19,3 bilhões por ano, valor superior ao PIB de 11 capitais, de acordo com levantamento feito pela empresaria de Consultoria Falconi, que já desenvolveu projetos em 30 países.


Ramon Palhares
Correspondente em Brasília
 
De acordo com levantamento feito por consultores de gestão e economia da Falconi, que já desenvolveu projetos em 30 países, a tragédia dos mortos e acidentados do trânsito brasileiro provoca, além das perdas emocionais, um custo anual de R$ 19,3 bilhões, valor que supera em muito o PIB (Produto Interno Bruto) de 11 capitais, entre elas Macapá, Natal, Maceió e Florianópolis. O estudo, que foi divulgado nesta quinta-feira (02) pelo jornal Folha de São Paulo, mostra que as variações pelo Brasil são drásticas: há cidades com índices de mortes no trânsito comparáveis aos de países pobres africanos e outros equivalentes ao dos EUA.
Além do Amapá, Roraima, Mato Grosso, Piauí e Tocantins têm índices de mortalidade no trânsito comparáveis a Quênia, Uganda e Serra Leoa. Já o Amazonas tem a menor taxa do país, que é equivalente à de países como Estados Unidos e Portugal. Com maior número de habitantes entre as unidades da Federação, São Paulo apresenta a quarta menor taxa de morte no trânsito entre os estados.
Dos 103 registros de mortes no trânsito em todo o estado, a capital, registrou o maior número, com 70% das ocorrências, segundo dados do Observatório do Trânsito, organizado pela Superintendência em Vigilância em Saúde do Amapá (SVS) que, apesar dos números elevados, confirma uma redução dos casos registrados nos dois anos anteriores: 123 mortes em 2014 e 117 em 2013.  O estudo contratado pela Ambev lista a mistura de álcool ao volante entre os fatores que mais contribuem para os acidentes de trânsito, assim como excesso de velocidade, falta de capacetes, de cinto de segurança e de cadeirinhas automotivas infantis.
O levantamento aponta uma expansão preocupante de acidentes envolvendo motos, que, na última década, passou a liderar os veículos envolvidos em mortes no trânsito do país. Em 2004, as mortes envolvendo motociclistas ou passageiros de motos representavam 23% dos óbitos em acidentes no Brasil. Em 2015, esse índice saltou para 39%, com a Região Norte liderando os casos, com 79% do montante de motociclistas como vítima, enquanto que no Nordeste o percentual é de 63%.
 
Homicídios e mortes no trânsito lideram ranking
Em 2016, os crimes de homicídios e acidentes de trânsito lideraram as estatísticas de ocorrências registradas no Amapá. Os dados podem ser visualizados pelo site da Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública (Sejusp) –www.portaldaseguranca.ap.gov.br. A ferramenta de informação pode ser acessada por qualquer pessoa e também pelos veículos de comunicação, já que os números são atualizados todos os dias por uma equipe do Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciodes).
No site também é possível ter acesso aos relatórios estatísticos como crimes em Macapá por tipo, bairro, performance Ciodes, crimes na capital por dia da semana, infrações de trânsito atendimento de emergência por tipo, bairro, horário e dia da semana. Em outubro de 2017 os homicídios continuaram liderando as estatísticas, com 33 casos, porém, verificou-se uma queda acentuada de mortes no trânsito, com um total de 7, ficando em 3º lugar no ranking de mortes violentas. O 2º lugar é ocupado por mortes de causas desconhecidas, um total de 9. Esses números ainda podem ser maiores, porque a páginas 6 que detalha as mortes violentas ocorridas em Macapá está bloqueada.
 
Cenário de guerra
Ao analisar a grande ocorrência de acidentes de trânsitos em Macapá e o elevado número de mortos e feridos, em recente entrevista concedida jornal Diário do Amapá o médico ortopedista Wesley Amaral, que é auditor e especialista em gestão de saúde, afirmou que o Amapá tem se destacado no cenário nacional como um dos estados brasileiros onde, proporcionalmente, mais morrem pessoas no trânsito, destacando que das 103 mortes ocorridas em 2015, 37 foram motociclistas, 18 mulheres.
“Na realidade do Amapá percebe-se que imprudência é a principal causa de acidentes no trânsito, tanto por parte de motociclistas quanto na falta de atenção do condutor do carro, e tudo isso somado ao uso do álcool, porque constatamos que os pacientes mais graves que recebemos no HE (Hospital de Emergências) consumiram álcool, com maior incidência na faia etária de 19 a 40 anos, e são, de longe, os que sofrem os piores tipos de acidentes, com mortes e seqüelas irreversíveis”, pontuou o especialista.

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