Cidades

Muita festa e religiosidade marcam o Dia do Padroeiro do Amapá

São José: uma história de renúncia, lealdade a Deus e de dedicação à família. A relação do Santo com os amapaenses vem desde os primórdios da civilização da Região Amazônica pelos portugueses.


Narrada na Bíblia e retratada em filmes épicos, a história de São José é muito bonita e envolvente. Carpinteiro desde a infância, profissão que herdou do pai, aos 30 anos foi convocado pelos sacerdotes, juntamente com outros solteiros da tribo de David, para disputar a mão de Maria, que se casaria com quem um ramo que foi entregue a cada um dos jovens se desenvolvesse e começasse a germinar.

O ramo que José recebeu se desenvolveu primeiro e germinou rapidamente e Maria, então com 14 anos de idade, foi dada em casamento a José. No entanto, ela continuou a morar com seus pais em Nazaré da Galileia ainda por um ano, entre o período do matrimônio e a entrada na casa do esposo, seguindo costumes dos hebreus. O casamento, entretanto, não se consumou, porque nesse período Maria recebeu o anúncio do Anjo de que seria mãe do Senhor.

Ao engravidar, a Virgem pediu a José para acompanhá-la à casa da sua prima que estava nos seus últimos três meses de gravidez e enfrentaram uma longa viagem de 150 km porque Isabel morava a Ain Karim, na Judéia. Após o nascimento de João Batista, Maria retornou a Galileia e comunicou a gravidez ao esposo.

Apesar de angustiado, José pensava na possibilidade de deixar a esposa fugir secretamente (Mt 1,18) para não condená-la em público, porque era um homem bom e justo. Na verdade se Maria fosse denunciada como adúltera a lei previa que fosse morta, juntamente com o filho. Foi quando um Anjo apareceu em sonho e revelou que aquele que foi gerado no ventre dela era fruto do Espírito Santo (Mt 1,20). Com isso dissiparam-se as dúvidas e José antecipou a cerimônia da festa de ingresso na sua casa com a esposa.

Após o nascimento de Jesus o casal passou a enfrentar muitas provações, empreendendo fugas constantes em meio a ameaças e tentativas de matar o filho de Deus por ordem de Herodes, que temia perder o trono. José protegeu a família e morreu antes da crucificação de Jesus Cristo.

A civilização

A relação dos amapaenses vem desde os primórdios da civilização da fronteira Norte do Brasil, mais exatamente no ano de 1738, quando os portugueses tiveram assegurados o domínio sobre as terras situadas entre os rios Amazonas e Oiapoque e voltaram a se estabelecer na região, posicionando em Macapá um destacamento militar.

Posteriormente, após assumir o governo do Estado do Maranhão e Grão Pará, em 24 de setembro de 1751, mais exatamente em dezembro daquele ano, o governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado organizou uma expedição sob o comando do sargento-mor João Batista do Livramento, constituída de soldados, e, principalmente, de colonos da Ilha dos Açôres, que passaram a conviver com os habitantes locais, quando o então povoado passou a progredir rapidamente.

No ano seguinte, em meio a uma epidemia de cólera, Mendonça Furtado veio pessoalmente a Macapá trazendo o único remédio existente para combater a doença, que foi controlada. No início de fevereiro de 1758, Mendonça Furtado novamente aportou em Macapá com uma grande comitiva, com a missão de demarcar as fronteiras da Colônia com as terras pertencentes à Espanha, em cumprimento ao Tratado de Madri, assinado em 1750. Impressionado com o crescimento do povoado, um dia após a sua chegada (2 de fevereiro), ele o elevou à categoria de Vila, denominando-a de Vila de São José de Macapá.

 

Patrimônio histórico

Hoje tombada pelo Patrimônio Histórico, a Igreja de São José de Macapá, localizada na Avenida que também recebe o nome do Santo, começou a ser construída seis anos antes da criação oficial da Vila, em 1752 e foi inaugurada em 5 de março de 1761, tendo como primeiro vigário o Padre Joaquim Pair e abriga a imagem original do Padroeiro, esculpida em madeira, com 35 cm de altura, sendo considerada uma das relíquias sacras mais importantes do Amapá, como também várias outras obras de arte, ostentando nas paredes os quadros do Padre Lino, que retratam passagens bíblicas e um quadro retratando São José Carpinteiro e o Menino Jesus.

Com desgastes e a estrutura física comprometida, em 2015 a prefeitura de Macapá iniciou um trabalho de manutenção. Dois anos antes da Defesa Civil Estadual emitiu um laudo sobre as deficiências estruturais do prédio e deu prazo de 90 dias para a elaboração do plano de recuperação da Igreja. Sem prazo para serem concluídos, os serviços se concentram na recuperação das calhas com a limpeza e impermeabilização, descupinização e manutenção do telhado, além da avaliação estrutural da igreja, realizada pelo engenheiro Archimino Sthay, especialista em estrutura tecnológica de material de construção e patologias.

 

Mudança da Capital

Até então pertencente ao estado do Pará, por questões econômicas, políticas e estratégicas, por ser área de fronteira, em 13 de setembro de 1943 o presidente Getúlio Vargas assinou o decreto-lei nº 5.812 desmembrando e criando o Território Federal do Amapá.

Quando foi levado à condição de Território, o Amapá era constituído de apenas três municípios: Mazagão, Macapá e Amapá, esta mantida como capital, situação que mudou com a chegada em 17 de novembro de 1943 do primeiro governador do Território, o capitão do Exército Janary Gentil Nunes, que mudou a capital para Macapá e instalou a sede do governo no prédio onde funciona atualmente o Museu Joaquim Caetano da Silva.

Com a promulgação da Constituição Federal em 5 de outubro de 1988, o território foi transformado em estado e José Gilton Pinto Garcia nomeado governador em 25 de maio de 1990 para um mandato até que durou até 15 de março de 1991, quando Annibal Barcellos assumiu o cargo como o primeiro governador eleito. Atualmente o governador é Waldez Góes, que cumpre o 3º mandato.

 

Aniversário da Fortaleza

O feriado do dia 19 de março já era previsto através da Lei Orgânica do município de Macapá, que também tem São José como Padroeiro, mas através do Projeto de Lei Ordinária nº 0082/2001, aprovado pela Assembleia Legislativa (Alap), São José foi consagrado como Padroeiro do Estado do Amapá.

Neste domingo (04) Macapá completou 260 anos, com um dia inteiro de programação, repleta de atrações, com uma salva de canhões às 6h na Fortaleza de São José de Macapá, que também faz aniversário nessa data. Na missa em ação de graças celebrada às 7h na Catedral de São José, a liturgia coube à cantora amapaense Patrícia Bastos.

Às 8h30, em frente à igreja matriz de São José, os grupos de Marabaixo da Juventude e Manuel Felipe deram início ao tradicional Encontro das Bandeiras. O evento simboliza o reencontro dos primeiros moradores negros da capital, depois de remanejados do Centro da cidade para os bairros Laguinho e Favela (hoje Santa Rita), na década de 1940, pelo então governador Janary Nunes, em função do crescimento urbano.

Às 9h os cortejos do Grupo de Teatro Marco Zero e Banzeiro Brilho de Fogo saíram da frente da igreja Matriz rumo à Praça Floriano Peixoto, onde a banda Chocolate com Pipoca já estava animando a criançada. No mesmo palco, os convidados da festa tiveram um dia inteiro de apresentações musicais e teatrais, que seguiram até as 22h.

Festividades do Padroeiro

Uma intensa programação com mais de 12 horas de homenagens marca a festa em homenagem a São José, padroeiro da cidade de Macapá e do estado do Amapá nesta segunda-feira (19). As comemorações começaram às 7h30, com a celebração de uma missa e a tradicional procissão pela capital, encerrando à noite, com outra celebração religiosa.

Em 2018, a festividade propõe chamar a atenção para o crescimento do desemprego, a partir do tema “Com São José, pai trabalhador, cristãos e cristãs para uma sociedade melhor”. Na semana que antecedeu a data, a imagem peregrina do Santo foi levada durante peregrinação em diferentes órgãos, com orações voltadas aos trabalhadores.

“É um tema que frisa a importância de transformar essa sociedade através da vivência dos valores do evangelho. Sobretudo imitando São José, como pai de família, trabalhador, que nas lutas do dia a dia colaborou para que o projeto de Deus pudesse se realizar. Também queremos frisar o desemprego, porque há famílias que vivem na precariedade por falta de emprego”, explicou o padre Francisco Sorrentino, coordenador geral do evento.

A festividade, que acontece desde o dia 25 de fevereiro, com encerramento na segunda-feira, também conta com bingo, venda de comidas típicas, apresentações musicais e carreata.


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