Cidades

Pecuaristas do Amapá ainda trabalham à mercê de ladrões de gado

Entidade, há dez anos, pediu ao governo do estado criação da Delegacia Especializada de Combate ao Abigeato, mas sugestão caiu no esquecimento


 

Douglas Lima
Editor

Rodada de entrevista no programa ‘Ponto de Encontro’ (Diário FM 90,9) desta quarta-feira, 16, deixou claro que o produtor de gado do Amapá vive insegurança, em termos de segurança pública, vítima do abigeato, modalidade de crime feita como que no silêncio ou misteriosamente, mas de um volume muito grande, só percebido após ação policial ou algumas vezes nos matadouros.

 

Abigeato, etimologicamente, significa subtrair de propriedade privada em zona rural gados bovino, bubalino, equino e animais que se encontram em campos, pastos e retiros. No Amapá, contudo, o crime é reduzido à expressão ‘roubo de gado’, em virtude da preferência dos ladrões por boi comum e búfalos, bichos que no geral no estado são chamados de gado, em detrimento dos outros.

 

O programa de rádio reuniu no estúdio da Diário FM o diretor-presidente da Diagro, Álvaro Cavalcante; delegado-geral de polícia civil, César Augusto Vieira; o secretário estadual de desenvolvimento rural, Kelson Vaz; e o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Amapá (Faeap), pecuarista Iraçu Colares.

O delegado de polícia civil, César Augusto Vieira, ficou conhecido no Amapá como o primeiro agente da segurança pública do estado a atuar efetivamente contra o abigeato. Esse trabalho ele iniciou em 2016, tendo conseguido desmontar quadrilhas de ladrões de gado, e levado muita gente condenada para o xadrez, através de inquéritos bem estruturados que embasaram decisões judiciais.

 

Ao assumir a Delegacia-Geral da Polícia Civil, César Augusto deixou a atividade de combate efetivo ao roubo de gado, em tese, desguarnecida, afeta apenas às delegacias existentes nos municípios, as quais recebem os casos de abigeato com tratamento igual às outras ocorrências.

 

Iraçu Colares registrou no programa que há dez anos a Federação da Agricultura e Pecuária do Amapá pleiteou ao governo do estado a criação da Delegacia Especializada em Roubo de Gado, isso antes do delegado César Augusto Vieira atuar, mas que a sugestão não foi levada em consideração.

 

O presidente da Faeap explicou que a ideia com a delegacia especializada era integrá-la às delegacias de polícia dos municípios. Iraçu, ponderou, contudo, que o abigeato não se reduz ao estado do Amapá, mas é praticado em todo o país, hoje com um componente a mais, concomitante a roubos de máquinas pesadas utilizadas em fazendas, até trator.

O titular da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, Kelson Vaz, revelou que a pasta trabalha atualmente ainda com dados do Censo Agropecuário 2017, do IBGE, o que dificulta o estabelecimento de políticas públicas para contemplar, por exemplo, a questão da segurança no campo.

Álvaro Cavalcante, da Diagro, informou que a agência de defesa e inspeção colabora com o universo pecuário do Amapá com a expedição da Guia de Trânsito Animal, que mostra a procedência e o destino do gado. Essa guia tem revelado muitos casos de roubos, principalmente em matadouros.

 

No estado do Amapá, com rebanhos predominantes nos municípios de Calçoene, Amapá, Tartarugalzinho e Pracuuba, segundo foi anunciado no programa Ponto de Encontro, há 350 mil cabeças de gado, entre bubalinos e bovinos, trezentas mil de búfalos e o restante, de boi comum.

 

 


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