Cidades
População reclama de abandono da Cidade do Samba no Complexo do Marco Zero
Apesar da proximidade do carnaval, escolas de samba mantêm os barracões fechados, sem qualquer destinação social. Secretário de Turismo, Vicente Cruz diz que local funciona como “parque industrial”, não para realização de eventos e é contestado no rádio.

São muitas as reclamações do abandono da Cidade do Samba, localizada no Complexo Turístico do Marco Zero do Equador (Zona Sul de Macapá). Uma equipe do programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90,9) comandada pelo repórter Olívio Fernandes esteve ontem no local e constatou o estado deplorável dos barracões, que permanecem fechados o ano todo sem a realização de qualquer evento.
O titular da secretaria de estado de Turismo (Setur) Vicente Cruz defendeu as escolas de samba, que administram os galpões, afirmando que o local é um “parque industrial” onde são construídas alegorias e destinado à guarda de materiais, não havendo qualquer previsão para a realização de eventos sociais e culturais e foi contestado pelo jornalista e radialista Elden Carlos, integrante da bancada do programa, lembrando que por ocasião da inauguração da Cidade do Samba o governador disse que o local seria destinado à realização de eventos.“A Cidade do Samba está completamente abandonada, cheia de entulhos e lixo, totalmente na escuridão porque nem fiação elétrica existe mais; a gente constata esse estado de abandono, está tudo fechado. O único galpão que a gente vê alguma movimentação é o da Escola de Samba Maracatu da Favela, com algumas pessoas fazendo limpeza, mas nos demais o abandono é total. E o mais triste é que a Cidade do Samba está localizada dentro de um dos mais importantes cartões postais de Macapá, que congrega o Monumento do Marco Zero do Equador, o Sambódromo e o Estádio Zerão, que, aliás, também mostram sinais de abandono”, relatou Olívio Fernandes.
O secretário Vicente Cruz telefonou para a bancada do programa e reagiu: “Não se pode confundir Cidade do Samba e parque industrial. Os barracões são limpos, sim, mas em horários que obedecem ao calendário que montamos com as escolas de samba; é importante esclarecer que eles não ficam abertos, porque não foram feitos para a realização de evento, mas sim para atender as escolas, que os utilizam para a guarda de materiais e construção de alegorias, com acesso privativo das escolas de samba, sendo contestado por Elden Carlos:
– O senhor está equivocado, secretário, porque eu estive na entrega da Cidade do Samba, fazendo a cobertura da inauguração, e o governador disse em alto e bom som que no local seriam realizadas várias atividades, eventos para a comunidade, justamente para não deixar a área ociosa; o senhor está desmentindo o governador da época e vem pela primeira vez com a expressão “parque industrial” que eu nunca ouvi alguém pronunciar se referindo à Cidade do Samba. E o que é ainda mais lamentável que aquele lugar está sendo usado até como oficina de carro e como depósito de ferro velho – protestou o jornalista.
Um ouvinte que se identificou como Antônio também rebateu Vicente Cruz: “Acho que o secretário estáa equivocado porque aquilo fica abandonado o ano todo, quando deveria ser usado todo aquele espaço pra fazer programações voltadas para a população; eu discordo do secretário, estou de acordo com o Elden, porque tem que ser usado, não pode ser abandonado não”. Vicente Cruz respondeu: “Eu reafirmo que aquilo é um parque industrial, não tendo destinação específica para a realização de eventos e não está abandonado, porque todas as 10 escolas de samba que utilizam o local seguem um cronograma limpeza que é feito junto com a prefeitura para que tenhamos controle da conservação e manutenção. E quanto à energia elétrica já estamos em contato com a prefeitura de Macapá para que seja restabelecida”.
Também integrante do programa, o jornalista Paulo Silva defendeu maior responsabilidade por parte das escolas de samba: “Eu compreendo que ali também é local industrial para se fazer alegorias como acontece no Rio de Janeiro e em São Paulo, é até compreensível, mas não pode ficar do jeito que está; são dois anos sem desfile de carnaval em Macapá e o complexo todo está abandonado, quando poderia ser mantido limpo, conservado, em condições de atrair turistas; infelizmente está sim tudo abandonado, a Cidade do Samba está largada, o Monumento do Marco Zero está daquele jeito, o Sambódromo e o Estádio Zerão continuam sem serem concluídos”.
Vicente Cruz finalizou reafirmando que no local não podem ser realizados eventos porque é destinado exclusivamente para a confecção de alegorias, como também atribuiu o fato dos prédios ficarem permanentemente fechados à violência: “É bom sermos bastante pedagógicos. O local não pode ficar aberto por questão de segurança, aquela área é muito violenta, inclusive já reunimos com uma empresa que se colocou à disposição para fazer segurança monitorada. Quanto à não realização do carnaval nos últimos dois anos todos sabem que o governo não poderia bancar o evento por causa da crise nacional, com reflexos impactantes no Amapá os quis estamos tentando superar. Eu deixo bem claro, porém, que quem vai para a Avenida são as escolas e se elas resolvem não ir, paciência! A Liesa (Liga das Escolas de Samba) só organiza e eu vou começar a tirar da costa da Liga a responsabilidade do carnaval; financiamento público não é mais possível, esse modelo antigo exauriu, tem que buscar o financiamento privado”.
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