Cidades

Povos indígenas de nove países reivindicam demarcação de terras

Encontro no Amapá reúne índios dos países da Bacia Amazônica focados em nove eixos, destacando-se Megaprojetos, Impactos Ambientais e Sustentabilidade.


No segundo dia do I Chamado Internacional dos Povos Indígenas do Amapá e Norte do Pará, realizado na Universidade Federal do Amapá (Unifap), em Macapá, nesta terça-feria, 19, as representações aborígenes reivindicaram demarcação de terras, entre outros pontos. O pedido foi feito em conjunto pelos povos dos nove países da Bacia Amazônica – Brasil, Equador, Venezuela, Bolívia, Suriname, Guiana, Guiana Francesa, Colômbia e Peru.

 

“Nossa maior luta atualmente é a demarcação de terras e a garantia de acesso aos recursos naturais, que são a solução para o fortalecimento da autonomia dos povos indígenas”, destacou a coordenadora da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará (Apoianp), Simone Karipuna.

 

O encontro objetiva discutir políticas públicas para os povos indígenas que compõem o território da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica) com nove eixos temáticos: Megaprojetos, Impactos Ambientais e Terras Indígenas; Sustentabilidade, Segurança Alimentar e Terras Indígenas; Movimento Indígena, Direitos Indígenas e Conjuntura; Saúde Indígena e Medicina Tradicional; Universidade e Povos Indígenas; Educação Indígena e Educação Escolar Indígena; Chamado das Mulheres Indígenas; Relações Transfronteiriças e Povos Indígenas; e Chamado da Juventude Indígena.

 

O evento reúne cerca de 20 povos indígenas, sendo boa parte estrangeira e nove brasileiros, como Galibi Marworno; Galibi Kalinã; Karipuna; Waiãpi; Apalaí; Waiana, Tirió e Kaxuyana. Apenas do Amapá participam cerca de 650 índios. É o caso do cacique Gilberto Iaparrá, da etnia Palikur, do Baixo Oiapoque, que marca presença para reforçar as reivindicações dos povos indígenas.

 


“É muito importante para nós estarmos participando do maior encontro dos povos indígenas da Bacia Amazônica, no nosso prórpio Estado, e mostrar para os demais países que estamos juntos nesta luta”, ressaltou Iaparrá.

 

O secretário Extraordinário dos Povos Indígenas (Sepi) do Amapá, Fabiano Maciel, ressaltou que o encontro tem como objetivo manter o diálogo entre todos os povos que compõem a Bacia Amazônica. “Todos os povos presentes têm um objetivo em comum que é a garantia de direitos, seja na demarcação de terras, na saúde, na educação, nas políticas para as mulheres, para os jovens. Então esse encontro serve para discutir esses pontos, e já sair daqui com metas”, explicou.

 

O indígena Lúcio Maurício, da aldeia Kuramumã, no Oiapoque, aproveita o evento para trocar experiências com os povos indígenas de outros países.

 


“Estamos compartilhando nossa cultura, nosso artesanato, nossa alimentação com eles; é um momento de celebração como nossos irmãos”, destacou Lúcio.

 

Programação
O evento é organizado pela Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará (Apoianp) com coordenação e articulação da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e apoio do Governo do Estado do Amapá. A programação segue até sexta-feira, 22, e pode ser acessada pelo site https://www.even3.com.br/chamado.

No encontro também há exposição fotográfica, mostra de cinema indígena, palestras, apresentação cultural, discussões de nove eixos temáticos envolvendo a população indígena e apresentação de trabalhos acadêmicos.

Um dos destaques da programação é a palestra com a líder indígena brasileira Sônia Guajajara, graduada nos cursos de Letras e Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão. Ela é uma renomada ativista dos direitos indígenas, conhecida internacionalmente. Sônia já levou denúncias a conferências mundiais do clima (COPs) e ao Parlamento Europeu.


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