Cidades

Prefeito diz que medidas restritivas foram determinantes para que Macapá atingisse 60% de isolamento social

Medidas como o lockdown foram determinantes para que a capital atingisse a taxa de 60% de isolamento social nos últimos dias.


Elden Carlos
Editor

 

O prefeito de Macapá, Clécio Luis, disse em entrevista na manhã desta quinta-feira (28) ao programa radiofônico LuizMeloEntrevista (Diário 90,9FM), que as medidas rígidas previstas no ‘lockdown’, e que duraram por dez dias, foram determinantes para que a capital saísse do patamar alarmante da taxa de 40% de isolamento social para 60%, nos últimos dias. Segundo o gestor, o reflexo pode ser medido pela queda na procura por atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), e na própria movimentação das ruas.

 

“Nós estávamos há três semanas seguidas sem conseguir descolar dos 40%, ou seja, esse percentual era de pessoas em casa e os outros 60% eram de pessoas nas ruas. Com o lockdown, conseguimos subir 20 pontos percentuais nossa taxa de isolamento, revertendo esse quadro. O reflexo é medido pelas UBS, que vem apresentando redução de pessoas à procura por testes ou com sintomas da doença, o que é um indicativo de desaceleração”, revela.

 

Clécio também disse que o processo chamado de ‘acelerado descontrolado’ começa a sofrer desaceleração, ou seja, a propagação do contágio sofre diminuição de ritmo, mas isso não pode ser motivo de comemoração, já que o sistema permanece colapsado e as medidas de isolamento precisam ser preservadas, mesmo que de forma mais flexível.

 

“O quadro começa a se apresentar favorável, mas não é hora de comemorar, ao contrário, precisamos adotar novas medidas para que não tenhamos uma segunda onda. O lockdown foi aplicado na hora certa, quando a pandemia começou a entrar no chamado ‘platô’, que ocorre quando a doença atinge o cume e se mantém em linha reta até começar a declinar, mas, se a população afrouxar o isolamento, poderemos ter uma nova escalada”, alertou.

 

O prefeito também fez menção ao sucesso do protocolo terapêutico de saúde, adotado nas UBSs, à base de azitromicina, ivermectina e outros medicamentos de reforço, que baixam a carga viral da doença e impedem a progressão do vírus.

 

“Já foram mais de 65 mil atendimentos nas UBS de referência Covid nesse padrão, evitando agravamento da doença e fazendo com que essas pessoas não precisassem de leitos ou UTIs. Repito, medidas tomadas anteriormente, como o lockdown e o protocolo terapêutico ajudaram a fazer com que a situação não estivesse ainda pior, apesar do número de baixas [óbitos]”, declara.

O gestor fez um apelo à população para que medidas de higiene pessoal, por exemplo, sejam mantidas e se tornem, de fato, algo habitual.

 

“A população deve entender que a queda dos números depende do comportamento social. Se ocorrer uma segunda onda, com as pessoas mantendo velhos hábitos, pode ser ainda pior. Precisamos entrar no período chamado ‘novo normal’. Muito do que era normal antes, não será mais. Se sentirmos que está ocorrendo retrocesso, aplicaremos novas medidas restritivas rígidas, até mais severas, se preciso for”.

 

Questionado sobre a crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus, que fechou o comércio e provocou a demissão de centenas de trabalhadores, além do fechamento de muitas empresas, independendo do porte de cada uma, Clécio disse que estudos estão em análise para a retomada das atividades econômicas de forma gradativa.

 

Ele também repudiou ataques veementes que vem ocorrendo em meio à pandemia, e que servem apenas para provocar pânico nas pessoas.

 

“As fake news continuam sendo um problema sério. Nesta quarta-feira houve a divulgação [por um jornalista] dizendo que o diretor da UBS Lélio Silva teria sido demitido. Isso já havia ocorrido no domingo (24). É um desserviço. A imprensa é a guardiã da boa informação. Esses ataques e falsas notícias têm sido promovidos por pessoas ligadas a determinados grupos políticos. Eles querem ‘ideologizar’ o vírus, os medicamentos e isso faz parte de uma política suja e rasteira”, e complementa: “Não mascaramos o que está acontecendo. Reconhecemos o colapso, a falta de estrutura adequada, agora, não podemos admitir esse tipo de ataque cruel sobre a dor das pessoas”.

 

O gestor municipal também foi provocado sobre o volume de recursos destinados pelo governo Federal para enfrentamento à pandemia. Clecio respondeu que os recursos empregados no combate à Covid-19 estão detalhados no Portal da Transparência e que recebeu do governo Federal, no dia 30 de março, R$ 1.639,000, 00; dia 9 de abril foram mais R$ 781 mil e dia 13 de maio R$ 8.607,000, 00 chegando ao montante superior aos R$ 11 milhões.

 

“Recebemos três repasses do governo Federal, mas já havíamos investido um grande volume de recursos do Tesouro Municipal. Estamos trabalhando no portal para que esse detalhamento seja ainda maior, garantindo a transparência de tudo o que estamos fazendo, de onde e em que cada centavo está sendo aplicado”, afirmou.

 

Questionado sobre 23 mortes em unidades de saúde de Macapá, Clécio reconheceu os números e fez uma rápida análise sobre a competência do município no atendimento. Ele disse que os pacientes mortos nas UBSs precisavam de medicamentos para intubação, mas que a rede é de atenção básica.

 

“A rede de atenção básica não tem estrutura para internação. Temos camas e pontos de oxigênio. A Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) só encontrada nos hospitais, na alta complexidade. Muitas pessoas questionaram o fato de alguém ter morrido por falta de medicamento para intubação na UBS. Nos não temos esse medicamento e nem como justificar a compra, já que não dispomos de equipamentos para isso. Os medicamentos como ivermectina e azitromicina são da atenção primária, e temos nas nossas unidades, então, é preciso saber diferenciar a competência de cada um no atendimento”.


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