Presidente do CRM critica criação acelerada de escolas de medicina
Doutor Eduardo Monteiro mostra que cursos são abertos sem condições para o aluno aprender; citou dado: há exigência de que para cada aluno de escola de medicina tem que haver cinco leitos hospitalares, mas atualmente faculdades criadas não dispõem de hospital

Douglas Lima
Editor
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Amapá (CRM-AP), médico cardiologista Eduardo Monteiro, disse na manhã desta terça-feira, 5, no programa ‘LuizMeloEntrevista’ (Diário DFM 90,9), ser preocupante a abertura de muitas escolas de medicina no país sem condições de funcionamento pleno.
Eduardo Monteiro falou no rádio a propósito do Dia Nacional da Saúde, que transcorre hoje, 5 de agosto, e ao lado do SUS citou a criação acelerada de curso de medicina como entraves na saúde brasileira que, segundo ele, tem tido avanços fantásticos nas últimas décadas.
Segundo o presidente do CRM, o Sistema Único e Saúde, apesar de propalado como o melhor e mais avançado do mundo, é positivo apenas no papel, uma vez que na prática deixa a desejar, principalmente no que diz respeito a financiamento, procedimento, conforme disse, muito demorado.
Eduardo Monteiro criticou o fato de no Brasil existirem 478 escolas médicas para uma população de 220 milhões de pessoas, enquanto nos Estados Unidos, com 320 milhões de habitantes, tem apenas 160 escolas. “Na Índia e na China, países com superpopulações, possuem menos escolas de medicina do que no Brasil”, contestou.
No entender do cardiologista, as escolas de medicina no território brasileiro são abertas sem condições para o aluno que quer fazer o curso. E citou um dado: há a exigência de que para cada aluno de um curso de medicina tem que haver cinco leitos hospitalares, mas atualmente as escolas criadas nem hospital têm.
O médico Eduardo Monteiro disse que do tempo da residência médica que ele fez em São Paulo, para agora, a medicina no Brasil teve avanço fantástico, principalmente em medicamentos e equipamentos. Naquele tempo, lembrou, na década dos anos 1970, 90% das cirurgias em pessoas com doença isquêmica eram feitos de peito aberto, hoje isso está reduzido a apenas 10%.
O especialista registrou também que hoje os tratamentos de doenças no Brasil são específicos, mas que infelizmente ainda se tem dificuldade, porque o Sistema Único de Saúde, apesar de ser o mais avançado do mundo, costuma demorar muito para liberar recursos.
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