Cidades

(re)Conexões no Amapá fortalece diálogo com povos tradicionais e lança a Carta do Oiapoque

O documento firma compromissos para a valorização, salvaguarda e protagonismo das culturas tradicionais na região amazônica


 

O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) realizou, entre 16 e 19 de setembro, a etapa amapaense do Programa (re)Conexões, que promoveu encontros em Macapá e Oiapoque com representantes de museus, gestores culturais, povos tradicionais e suas lideranças, pesquisadores e sociedade civil. A iniciativa, em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura do Amapá (Secult-AP), reforçou o caráter participativo da construção de políticas públicas para o setor museal e resultou na elaboração da Carta do Oiapoque, documento que firma compromissos para a valorização, salvaguarda e protagonismo das culturas tradicionais na região amazônica.

 

Reuniões em Macapá

Na capital, Macapá, a programação incluiu debates sobre a política museal no Estado, o fortalecimento institucional e os desafios do setor diante da diversidade cultural amapaense. As reuniões contaram com gestores do Ibram, representantes da Secult-AP, dirigentes de museus locais e convidados da sociedade civil.

 

Foram discutidos pontos centrais para a consolidação do Sistema Brasileiro de Museus e do Plano Nacional Setorial de Museus 2025-2035, com ênfase no alinhamento das ações regionais às políticas nacionais de cultura e na necessidade de ampliar a participação social.

 

Reuniões e atividades em Oiapoque

O município de Oiapoque sediou a parte mais simbólica do evento, no Museu Kuahí, referência na preservação e difusão das culturas tradicionais do Amapá. Ali, o (re)Conexões destacou a importância de ouvir as comunidades tradicionais e de incluir suas demandas no planejamento museal brasileiro.

 

O encontro culminou com a assinatura da Carta do Oiapoque, que expressa o compromisso conjunto de fortalecer a cooperação técnica entre o Ibram e a Secult-AP, inserir representantes das culturas tradicionais no desenvolvimento das ações museais, promover a salvaguarda das línguas e patrimônios culturais (materiais e imateriais) e apoiar museus geridos por povos tradicionais.

 

A Carta reconhece que “o museu é espaço de direito, encontro do passado, presente e futuro, território de saberes ancestrais e referência identitária”, reafirmando a centralidade dos povos tradicionais na formulação de políticas para o setor.

 

Oficina de Inventários Participativos

Outro destaque da programação foi a Oficina de Inventários Participativos, conduzida por Carol Gelmini, que reuniu lideranças, pesquisadores e representantes comunitários. A atividade foi considerada necessária e providencial, ao responder ao desejo coletivo, manifestado nas escutas realizadas, de inventariar patrimônios culturais diversos — desde memórias de anciãos até a diversidade linguística e as múltiplas formas de fazer e saber das comunidades.

 

O processo buscou orientar e estimular práticas de documentação e patrimonialização que possam futuramente constituir acervos museais representativos, respeitando as tradições, lugares e celebrações dos povos tradicionais do Amapá.

 

Resultados e próximos passos

A etapa amapaense do (re)Conexões consolidou-se como espaço de articulação democrática e de fortalecimento da cidadania cultural. Ao reunir diferentes atores, o programa reafirmou o papel estratégico dos museus como lugares de encontro, resistência, memória e futuro.

 

Com a Carta do Oiapoque, os povos tradicionais ganham maior protagonismo no processo de formulação de políticas públicas museais, ampliando a participação no Sistema Brasileiro de Museus e no Sistema Nacional de Cultura.

 


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