Safatle diz que comunicação faz todos trabalharem mais do que pensam, sem compensação
Filósofo se encontra em Macapá para quarta-feira, 24, fazer palestra de abertura de encontro nacional dos TCEs, que versará o tema ‘Sustentabilidade e governança: para um futuro mais transparente e inclusivo’

Douglas Lima
Editor
‘A sociedade da informação e o sistema de crises’ é o tema da palestra de abertura do Encontro Nacional de Corregedorias, Controles Internos e Ouvidorias dos Tribunais de Contas do Brasil, o Encco, que neste ano acontece no Amapá, com realização de 24 a 27 do mês em curso, no Sebrae-AP, e presença de conselheiros de todos os TCEs do país.
A palestra de abertura será dada pelo filósofo brasileiro nascido no Chile, Vladimir Pinheiro Safatle, que se encontra em Macapá desde segunda-feira, 22, e que na manhã desta terça falou no programa LuizMeloEntrevista (Diário FM 90,9). No estúdio da emissora o pensador compareceu acompanhado do presidente do Tribunal de Contas do Amapá, conselheiro Reginaldo Parnow Ennes.
Vladimir Safatle disse que com a dispersão da comunicação o ser humano continuou sendo ser humano, porém de outra forma, em razão do homem se construir, mesmo como agora, quando as mídias deixaram de ser regionais para se tornar submetidas a um sistema global dirigido por apenas quatro pessoas.
O filósofo mostrou que a tecnologia atual faz todos trabalharem mais do que pensam, sem compensação alguma, enquanto somente as quatro pessoas ganham, controlando os algoritmos. Para ele, a comunicação foi socializada na base, onde todos têm acesso, mas no topo não há socialização, podendo o acesso ser bloqueado a qualquer momento, por algum motivo.
“O algoritmo monetiza a existência das pessoas. Com essa administração de extração de valor, ninguém ganha nada, mas tem alguém ganhando pelo trabalho gratuito que se faz, sem sentir que é uma obrigação”, captou o entrevistado em seus pensamentos.
Vladimir falou do livro que ele vai lançar em Macapá, durante o evento dos tribunais de contas, ‘A esquerda que não teme dizer seu nome’. Ele informou que a obra com mesmo título ele lançou em 2012, mas teve que reescrevê-la, totalmente, em razão do mundo ter sido mudado profundamente nesses últimos 13 anos.
Para o filósofo, a crise que o mundo enfrenta, não vai passar, porque se tornou uma condição para governar, com a população deixando isso acontecer, uma vez que espontaneamente deixa os dirigentes administrarem a situação do país, que acaba colocado diante de desafios políticos, como por exemplo a chamada crise ecológica.
O presidente do Tribunal de Contas do Amapá (TCE-AP), Reginaldo Ennes, explicou que o filósofo Vladimir foi convidado para palestrar no Encco em razão de em meio às propostas de transparência e inclusão, entre outras, os presentes no evento precisarão saber, à luz do pensamento, como pode se comportar a sociedade que sempre vive em crise.
O Encco 2025, com o tema ‘Sustentabilidade e governança: para um futuro mais transparente e inclusivo’ é organizado pelo TCE-AP em conjunto com o Instituto Rui Barbosa e terá palestras e painéis com conselheiros, especialistas e autoridades. O evento também será aberto a universitários e à sociedade em geral.
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