Cidades

“Tento ser forte como a minha filha”, diz mãe da cabo Emily após 4 anos do feminicídio

A cabo da PM foi morta pelo ex-companheiro, também policial militar à época, dentro da própria casa.


Railana Pantoja
Da Redação

 

12 de agosto é marcado no Amapá pelo aniversário de três anos da Lei Estadual de Combate ao Feminicídio, de autoria da deputada estadual Cristina Almeida (PSB). A data foi escolhida em alusão ao dia em que um crime brutal de feminicídio chocou os amapaenses: a cabo PM Emily Monteiro, de 29 anos, foi morta pelo ex-companheiro, Kássio Mangas, que também era policial militar à época, dentro da própria casa.

Passado os quatro anos do crime, a mãe da cabo, Aldineia Miranda, relata que o luto não passa e ainda não consegue entender a perda repentina da filha. “Todos os dias são difíceis, mas hoje é aquele dia que penso: ‘nossa, eu nunca tinha ficado tanto tempo longe da minha filha’. Já são 4 anos, e além do dia 12, tem o Dia dos Pais vindo aí, que remete a tudo que aconteceu naquele fim de tarde em 2018. Pra mim, hoje é um dia realmente que não é fácil. Mas, os dias têm sido assim nos últimos quatro anos. Se eu tivesse perdido minha filha para uma doença, seria mais fácil conviver com a perda do que perdê-la para o ódio e posse de alguém”, disse emocionada a mãe de Emily, Aldineia Miranda.

Para ocupar a mente e seguir a vida, Aldineia busca se engajar nas lutas e movimentos que combatem o feminicídio ou qualquer outro tipo de violência contra as mulheres. “Hoje é um dia de luta, não para relembrar a tragédia, até porque é algo inesquecível para mim, mas para memorizar e conscientizar sobre essa luta, chamar as mulheres e toda a sociedade. E também conscientizar os homens, eles podem nos ajudar a mudar essa realidade. Não vou dizer que é fácil lidar com isso, sendo que eu convivi 29 anos com a minha filha sem imaginar que poderia perdê-la assim, mas a Emilly era forte e aprendi a ser também. Ela me tirou de uma situação dessa, mas acabou acontecendo com ela”, relata.

Aldineia relembra que, a princípio, o então companheiro de Emily não apresentava indícios de que poderia ser violento e tentar algo contra a cabo. “Mas a minha filha deu alguns sinais. Porém, a gente nunca acha que vai acontecer dentro da nossa casa, e com alguém tão forte como a Emily. Eu perguntava se estava acontecendo algo e ela dizia que não, que iria resolver e não gostava de me preocupar. Mas, no fundo eu sentia que algo ia acontecer, só não imaginava o que seria”, apontou.

Kássio Mangas foi excluído da PMAP em 2020, mas ainda não foi julgado pelo crime e segue recorrendo aos tribunais superiores para evitar. Ele aguarda preso o desenrolar das decisões. “Ele está achando brecha para todo lado e está recorrendo para tentar se sair bem. Enfim, o processo está em Brasília e até hoje não tem previsão para ser marcado o julgamento. Assim como ele pode recorrer, ele pode encontrar brecha para sair em liberdade”, teme a mãe de Emily.

Nesta sexta-feira (12), o movimento Justiça por Elas realiza manifestação em memória a todas as vítimas de feminicídio no estado. O ato acontece às 16h30, em frente ao Cemitério Nossa Senhora da Conceição, no centro de Macapá.

Denúncia
A denúncia de crimes contra a mulher pode ser feita através do 180, 190 e ainda diretamente nas delegacias.


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