Cidades

Usuária de crack ‘grita por socorro’ para abandonar o vício

Mãe de três filhos, mulher de 35 anos gritou por ajuda durante entrevista à Rádio Diário 90,9FM. Ela diz que quer ser internada com o companheiro para se livrar das drogas


Usuária de drogas desde os 13 anos de idade, Kelly Pereira da Costa, hoje com 35 anos, enfrenta um problema vivido por cerca de seis milhões de pessoas no Brasil: a dependência química. Esse dado é do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), que reúne todas as informações a respeito das drogas, produção, tráfico e consumo de drogas ilegais em todo o mundo.
A pesquisa é realizada através de um compilado de informações presentes no relatório, e que a UNODC envia aos países membros, compondo um documento de referência para nortear as políticas globais em relação às drogas.
Mas, ao que parece, ‘Kelly’, como é conhecida, não está contemplada com tal política pública, assim como centenas de usuários de drogas existentes no Amapá. Durante a manhã desta segunda-feira, 19, a mulher resolveu ‘gritar por socorro’ durante entrevista exclusiva ao repórter Rodrigo Silva, do programa LuizMeloEntrevista (Diário 90,9FM).
Mãe de três filhos, que moram com o primeiro marido, Kelly, hoje, divide um colchão com o atual companheiro na calçada de uma loja localizada no cruzamento da avenida Rio Maracá com a rua São José, no Centro de Macapá. Com a chegada das chuvas, o casal montou um barraco dentro da área onde deveria ter sido erguido o Shopping Popular.
“Infelizmente a droga me foi apresentada muito cedo. Uso da maconha ao crack e cocaína. Meu companheiro também é usuário de drogas, principalmente, da bebida. Eu quero sair dessa vida, tenho vergonha dos meus filhos, mas o vício é maior que minha vontade de sair. A fissura pela droga me faz desistir de qualquer coisa. Chego a oferecer um prato de comida que arrumo por uma pedra de crack”, afirmou.
Morando em condições subumanas, Kelly relatou ter conseguido se internar em uma clínica de reabilitação dentro de Macapá, onde passou cerca de dois meses. Porém, o companheiro dela conseguiu manter contato e ela acabou saindo do local.
“Eu sa´pi na verdade para vir buscá-lo aqui fora, só que quando chegou aqui acabei tendo uma recaída. Eu preciso que alguém ajude a mim e a ele também. Eu quero ser internada, tratada e curada desta doença. Minha mãe é evangélica e por várias vezes eu acordei aí na calçada com ela fazendo orações. É algo que machuca, que fere. Me sinto uma casca apenas, sem conteúdo, um lixo humano”, descreve.
Kelly disse que para sustentar o vício ela e o companheiro fazem ‘bicos’ na Feira do Caranguejo, quer seja carregando sacas ou reparando carros. A mulher de expressão sofrida também revelou que já cometeu pequenos furtos em lojas.
“Aí eu vejo que cheguei ao fundo do poço. Quando bate a fissura a gente sai em busca de dinheiro a qualquer custo. Já tive que furtar para comprar droga. É algo humilhante”, disse chorosa.
O companheiro de Kelly, Elielson Cardoso, de 37 anos, deixou a cadeia recentemente por envolvimento com o crime. “A mesma coisa. Teve que roubar para comprar droga, mas acabou preso. Eu quero sair desta vida, precisamos de ajuda”, reforçou a mulher.
Os apresentadores do programa chamaram a atenção das autoridades ligadas ao atendimento social para verificar a possibilidade de internação do casal, mas até o fechamento desta matéria não houve qualquer tipo de retorno.
“Estamos em pleno período de Natal. Penso que este seria nosso grande presente, o acolhimento e tratamento. Quero ser vista como pessoa novamente, poder abraçar meus filhos e viver com dignidade”, concluiu.

Editora: Elden Carlos
Fotos: Joelson Palhet


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