Cidades

Vítimas de incêndio podem ser impedidas de voltarem a morar na área do sinistro

Decisão caberá ao Ministério Público estadual e federal e à Defesa Civil, por haver suspeita de que local se trata de área de preservação ambiental. Enquanto isso, um trabalho integrado do Estado e Município garante apoio a mais de 70 pessoas que estão desalojadas.


Após o incêndio ocorrido na Passarela Vasco da Gama, no bairro do Beirol. 72 pessoas que integram as 15 famílias que ficaram desalojadas agora enfrentam o drama de serem impedidas de voltarem a erguer suas casas no local. A decisão final caberá ao Ministério Público estadual e federal ainda terá que esclarecer se a área é de preservação ambiental, considerando que se trata de uma região de ressaca. Enquanto isso, um trabalho integrado do Estado e do Município garante apoio a mais de 70 pessoas que estão desalojadas, com a participação direta da população, que já doou mais de 500 quilos de alimentos.
Na manhã desta quarta-feira (03) uma equipe de reportagem do programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90,9) comanda pelo repórter Olívio Fernandes e encontrou um cenário desolador. Entre os moradores ouvidos, dona Maria resumiu o sentimento das vítimas: “Moramos aqui há 17 anos e construímos a nossa vida ao longo de todo esse tempo, mas tudo se transformou em cinzas. Graças a Deus estamos recebendo o apoio do governo, da prefeitura e de muita gente através de doações. Mas o futuro, infelizmente, ainda está incerto. A nossa intenção é reconstruirmos nossas casas, mas para isso precisamos saber o que o governo vai decidir”.


Entrevistado pelo programa, o secretário municipal de assistência social Lucas Abrahão disse que a prefeitura está realizando um trabalho integrado para atender as vítimas: “Termos mais de 70 pessoas que sendo assistidas, já todas cadastradas e que estão recebendo a assistência necessária para minimizar as perdas. Em nome da prefeitura e do prefeito Clécio eu quero agradecer a solidariedade da população de Macapá, que vem doando bastantes coisas, foram mais de 500 quilos de alimentos, além de roupas. Agora estamos em outra fase de arrecadação, que incluímos material escolar e utensílios domésticos para a reconstrução da vida dessas pessoas”.

Perguntado se as famílias poderão reconstruir suas casas no local, o secretário explicou que a decisão caberá ao Ministério Público: “Isso não é prefeitura que vai dizer, mas sim o Ministério Público e a Defesa Civil é que vão decidir; nós já estamos incluindo as famílias no aluguel social, cujo pagamento de R$ 350 por mês já começa agora em janeiro, por um período entre três e seis meses, que é o tempo que a gente imagina que as famílias vão levar com muito esforço para reconstruir suas vida. Enquanto isso estamos recebendo doações em um posto de coleta que montamos na Igreja de São Paulo, na Rodovia JK, ao lado da Faculdade Famap, em especial, como já foi dito, material escolar e sapatos para 27 crianças que precisam estudar e eletrodomésticos”.

Atuação do Corpo de Bombeiros

Também entrevistado pelo programa, o comandante do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), coronel Wagner Pereira, explicou a estratégia utilizada para o combate ao incêndio: “Essa característica de um aglomerado de residências, todas em madeira, dificulta muito a nossa intervenção. Logo que o incêndio começou, nós fomos acionados; inclusive alguns amigos que moram na área também ligaram pra gente. Fui ao local ajudar os nossos companheiros de farda e integramos a guarnição de combate. O combate ao fogo com essas peculiaridades nós não aprendemos na academia, no curso de formação, mas sim em simulados e no dia a dia, quando a gente se depara com uma situação verdadeira. Chegamos no horário que deveríamos chegar, atuamos como deveríamos atuar e fizemos o combate com eficiência, controlando o fogo e protegemos as casas que estavam em risco”.
O comandante explicou que o trabalho do Corpo de Bombeiros continua, agora contribuindo para dar assistência às vítimas: “Nosso trabalho prossegue. No local da ocorrência não há mais nada para fazer, mas muita coisa precisar ser feita para amenizar o sofrimento das vítimas. Por isso nós montamos um posto de comando com a prefeitura no Super Fácil do Beirol,para atender essas. Outra frente trabalho do Estado e do Município é ver como essas famílias vão ser atendidas, porque elas não estão em abrigos, estão desalojadas, em casas de parentes e de amigos. O nosso esforço é no sentido de resolver o mais rapidamente possível as demandas, como dar alimentação, garantir o kit que chamamos ‘de fogão’, o ‘kit bebê… São cerca de 15 famílias, o quantitativo ainda está sendo contabilizado. No dia da ocorrência fechamos o cadastro com 72 pessoas. Em cima desses dados as pastas sociais do Estado e do Município estão atuando para levar as intervenções sociais”.
Questionado se o local se trata de área de preservação ambiental, o coronel Wagner Pereira disse que ainda não há uma informação definitiva, mas enquanto não há uma resposta dos órgãos competentes as famílias não podem reconstruir suas casas: “Cabe ao Ministério Público estadual (MP/AP) dar essa reposta e, se for necessário iremos ao MPF (Ministério Público Federal) para vermos se é área de preservação. Por isso não podemos permitir o retorno dessas famílias. Ainda há muito dúvida sobre isso, alguns dizem que se trata de uma área de propriedade da Rádio Difusora de Macapá, outros dizem que é da Embratel e também falam que é do Estado. Enquanto essa situação não é esclarecida, temos que garantir a assistência necessária às vítimas”.

Paulo Silva

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