Cultura é sim uma forma de empreender aqui no Amapá
A Folia Literária Internacional do Amapá, em sua terceira edição, consolida a estratégia de abrir novas formas de agregar valor ao enorme potencial da cultura local, segundo defende o governador Clécio Luís, em entrevista

Cléber Barbosa
Da Redação
Existe uma máxima de que o povo nao quer só comida, mas diversão e arte também, não é? Como a Folia Literária se insere nas demandas que passam no seu dia a dia e o seu governo precisa atender ou garantir governador?
Clécio Luís – Olha, esse evento começou de um desejo e de uma necessidade, com muita dificuldade na prefeitura ainda, de lançar livros e de expor as nossas crianças, a juventude, a população macapaense aos livros. Nós começamos a lançar vários livros e fizemos a primeira feira literária. Na primeira já veio aqui o Luiz Inácio Vieira de Melo, que é curador de muitas feiras literárias. Depois veio Salgado Maranhão e outros que nos ajudaram a formatar uma feira. Nós entramos no governo já fazendo a primeira, e essa é a terceira edição. E está aqui, olha, para provar que não são só aqueles grandes shows nos circuitos nacionais.
Oportunidade para os pequenos também, o senhor diria governador?
Clécio – As pessoas, se tiverem oportunidade, se tiverem para onde acessar livros, cultura, arte, dança, literatura, enfim, elas vêm. Então essa folia literária é uma sigla de uma feira internacional de literatura e livros que acontece aqui.Vários lançamentos estão acontecendo neste momento na folia literária. Esse local se revigora com isso. E agora o show de hoje é um show inédito que denuncia a nossa idade e que é um sonho de muita gente que está aqui, viu? Que é Beto Guedes.Beto Guedes embalou gerações da década de 70, 80 e 90 pelo menos.
E teve gente que disse ter casado aqui em Macapá sob o som de Beto Guedes.
Clécio – Ele [Beto Guedes] faz parte de três a quatro gerações, faz parte da vida, da história, pelo menos da musicalidade de quem cresceu ouvindo Beto Guedes. Jovens, universitários, militantes sociais… todos ouvindo Beto Guedes. O Beto Guedes está aqui com quase 80 anos, mas saudável para fazer o show, pegar sua guitarra. Só a passagem de som hoje já emocionou e lotou de gente aqui com os discos de vinil para pegar autógrafo.Então, eu estou muito entusiasmado. E o que significa? Significa mostrar que o povo é ávido por cultura. A gente quer comida, diversão, lazer e arte também, com certeza.
Para ser fiel então ao quadro do podcast, em uma série sobre guia de profissões: empreender, ser um produtor de cultura no estado do Amapá, o poder público está hoje preparado para apoiar quem acalenta o sonho de viver da sua arte?
Clécio – Exatamente. Você sabe que eu fui produtor cultural, né? Produtor cultural durante algum tempo, produzi vários artistas: Amadeu Cavalcante, Zé Miguel, Osmar Júnior, Val Milhomem, Rambold Campos. E a Clícia foi produtora também durante bastante tempo. Ela chegou a montar uma produtora chamada Bacabeiras Produções, que tinha um programa na [rádio] Diário FM chamado “Festa na Floresta”. A Clícia, minha irmã, que hoje é secretária de Cultura. Essa profissão ou esse ofício, assim como os guias de turismo, os receptores, está em alta no Amapá. Os nossos hotéis estão lotados. Nós temos hoje dois eventos concomitantes: esse que é internacional e um outro do judiciário. Na semana passada tivemos um evento de economia do mar, na retrasada outro na Expofeira… Então nós temos um calendário de eventos culturais e de turismo que geram emprego e renda..
Desdobramentos para toda uma cadeia econômica.
Clécio – Hoje eu estava conversando com a vereadora Gene lá de Itaubal, que disse que durante a Expofeira todos os balneários lotaram e isso inspirou donos de pequenos terrenos a montar estruturas turísticas. Virou uma tradição.
E esses eventos também vêm ganhando boa repercussão fora dos domínios do Amapá, com um incremento no turismo receptivo, é isso?
Clécio – Os guianenses vêm da Guiana Francesa, com alto poder aquisitivo, e querem tomar banho nos rios do Amapá, querem comer nossos tucunarés, filhotes, pescadas… Então realmente é um mercado novo que se abriu, está dando certo, gerando dinheiro, emprego e felicidade para muita gente.
Perfil
Clécio Luís – Iniciou trajetória profissional como produtor cultural. Foi militante do movimento estudantil e se formou na 1ª turma do Curso de Geografia pela UNIFAP. É especialista em Desenvolvimento Sustentável e Gestão Ambiental.
Breve perfil
– Aos 26 anos foi nomeado secretário de Estado da Educação, o mais jovem do Amapá e do Brasil.
– Fundador do Banco do Povo e no ano de 2001, exerceu a presidência da Agência de Fomento do Amapá (AFAP).
– Como Servidor Público, foi policial civil e sou professor de Geografia.
– Foi eleito pela primeira vez em 2004, como vereador e reeleito em 2008.
– Em 2012, foi eleito prefeito de Macapá e reeleito, em 2016.
– Como prefeito de Macapá, em 2019, recebi o prêmio de “Prefeito Empreendedor”, pelo SEBRAE.
– Ao final do segundo mandato, em 2020, foi avaliado como o 3º Prefeito de Capital do Brasil que mais cumpriu promessas de campanha, com 85% dos compromissos assumidos no programa de governo.
– Diz conhecer todos os municípios do Estado, mas em 2021, decidiu colocar em prática o projeto “Pelo Amapá Inteiro”, morando em vários municípios.
– Ele diz que isso permitiu vivenciar a realidade do dia-a-dia das pessoas, conhecer as histórias, as peculiaridades, potencialidades e dificuldades de cada região.
– Em 2022 foi eleito, no primeiro turno, governador do estado.
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