Entrevista

“O Amapá vive a época de ouro com o que vai acontecer aqui.”

Uma jovem liderança do agronegócio brasileiro, o paraense Felipe Balestreri é uma das estrelas convidadas a palestrar no 1º Agro Summit 2025, evento que integra a programação da 54ª Expofeira do Amapá. Confira a seguir.


 

Cleber Barbosa
Da Redação

 

Diário do Amapá – Usando uma palavra bem atual, como você recebeu o convite para compartilhar essa experiência vitoriosa que vocês têm lá no estado vizinho do Pará, com a fazenda Guarani?

Falipe Balestreri – Muito obrigado, obrigado pelo acolhimento é uma surpresa muito grande ver o níveldo evento. O Agro Summit está sendo muito importante realmente para a Fazenda Guarani. É um momento de compartilhar os nossos resultados que a gente acumulou ao longo do tempo e enxergar o potencial que tem o Amapá, esse estado, que tem um futuro brilhante. Para a gente é uma honra poder estar vendo esse despertar dessa época de ouro que vai acontecer dentro do Amapá. Então, a Fazenda Guarani está muito lisonjeada de estar aqui e espera poder contribuir muito com o melhoramento genético na pecuária amapaense.

 

Diário – Geralmente nas histórias do campo os filhos mais jovens querem ficar na cidade, querem ser urbanos, você fez questão de buscar formação acadêmica e permanecer no campo. Como é que essa decisão foi amadurecida para você?

Felipe – É, eu tenho uma particularidade, que a Fazenda Guarani, a minha infância toda, eu cresci lá, eu não morava lá, mas eu passei muitos momentos importantes da minha vida, a minha adolescência e meu início da vida adulta. Então eu tenho uma relação muito próxima com a fazenda. Eu fui para Belém para poder formar veterinário, como veterinário, mas não pensava em ir para outro lugar a não ser para a fazenda.

 

Diário – E hoje os filhos estão lá também?

Felipe – Eu moro na fazenda e meus quatro filhos estão lá e está vindo a quinta filha agora para poder honrar essa geração. [risos]

 

Diário – É complicado legislar em causa própria, mascomo um verdadeiro embaixador dessa propriedade, desse projeto, fala para o pessoal que acompanha a gente o que é a Fazenda Guarani e o que ela representa hoje para a pecuária, não só do Pará, mas da pecuária brasileira?

Felipe – A Fazenda Guarani tem orgulho de representar a pecuária de ciclo curto, que vai transformar a pecuária tropical, não só no Brasil, mas na América Latina. Realmente a pecuária de ciclo curto é quem vai ser o grande divisor de águas nos resultados da pecuária brasileira. Então tenho certeza que a Fazenda Guarani leva essa bandeira, tem essa responsabilidade de difundir, de multiplicar essa genética. E não só aqui no Brasil, mas também na América Latina, que a gente já tem clientes em três países na América Latina, além do Brasil.

 

Diário – Em tempo de COP30, de discussão sobre o meio ambiente, a Embrapa sempre defendeu o projeto de lavoura, pecuária e floresta, integrados. Parece que é a solução, além de garantir rentabilidade o ano todo para essa propriedade, tem a proposta de ser ambientalmente mais responsável?

Felipe – A integração entre essas atividades é muito importante. Paragominas é pioneira nisso. E a Fazenda Guarani também utiliza dessas ferramentas de integração entre pecuária e agricultura para poder ser eficiente economicamente e também conseguir produzir a proteína, que é o nosso objetivo maior, tanto a proteína animal como a proteína vegetal, da forma mais sustentável possível e economicamente respeitando à natureza, respeitando todos os modelos de produção preconizados na agricultura e na pecuária moderna.

 

Diário – Para quem ainda é reticente sobre o agronegócio, o que o agro fez por sua cidade, outrora chamada de ‘Paragobala’?

Felipe – Ótima pergunta. A agricultura tirou Paragominas de uma lista negra do desmatamento. Era conhecida como Paragobala realmente e hoje é ‘Parisgominas’ ou ‘Paragobela’. Então transformou a cidadeem uma cidade referência no Brasil em gestão, em empresas, em resultados econômicos e transformou os municípios vizinhos também. E hoje nós estamos no Amapá também. É através dessa influência para poder multiplicar um pouco do que a gente faz lá aqui no estado.

Diário – Obrigado por falar com a gente.

Felipe – Muito obrigado, forte abraço.

 

Perfil

Felipe Balestreri é paraense, médico veterinário, sócio proprietário e administrador da Fazenda Guarani, além de outros projetos vencedoras como a Indiana, Santa Helena, Cristal e Cristalina, todas de Pecuária e Agricultura.

 

Histórico

– Graduado em Medicina Veterinária pela UFRA, com experiência em transformação agropecuária, inovou com a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e o programa Nelore de Ciclo Curto, destacando-se com seu gado e a marca premium de carne bovina de sua fazenda.

– Introduziu o Cadastro Guarani, revolucionando a produção e a comercialização da pecuária, e criou o Projeto Escola Farol Entre Ríos para educar os filhos dos trabalhadores rurais.

– Tem na memória da infância o registro da derrubada de árvores, atividade que décadas atrás não apenas era legal, mas também incentivada pelo governo como forma de “povoar” as localidades até então mais inóspitas do País.

– Consciente de que a prática era recorrente, muito em virtude da boa fertilidade dos solos nos primeiros anos de cultivo, Balestreri entendeu a necessidade de mudar esse jeito de pensar. “Tiramos essa visão do negócio e passamos a olhar somente para as áreas abertas”, diz.

 

 


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