Esportes

Da marginalidade a Olimpíadas: O fortalecimento do breaking no Amapá

Esporte olímpico vem crescendo na cidade e vem quebrando paradigmas


Lana Caroline
Editora de Esportes

 

Nascido nos anos 70, em Nova York, o Breaking foi criado pelas comunidades negras e latinas com objetivo de pacificar disputas territoriais na região. Com pilares do hip-hop, movimentos rápidos e impressionantes ao som de uma batida que envolve não só os dançarinos, mas também o público, o breaking é uma disputa onde a dança é a única arma.

Com passos que incluem giros, deslocamentos no chão, movimentos laterais de ombros e de troncos podem parecer complicados, mas os praticantes garantem que é possível aprender os passos e logo se envolver na filosofia da dança.

Há quase um ano ativa a Federação Amapaense de Breaking Dance, já realizou alguns campeonatos da modalidade e o presidente, Carlos Augusto, conhecido como Zulu, garante que no estado muitos b.boys e b.girls, como são chamados os dançarinos, são de grande nível.

“O Amapá não deixa a desejar, nossos b.boys são de nível e estamos aqui para dar esse suporte para os praticantes, mas também para as crews, que são as companhias de dança que eles se organizam”, disse o presidente.

Em dezembro de 2020, o Comitê Olímpico Internacional (COI) oficializou a entrada do Breaking como modalidade olímpica nas Olimpíadas de Paris 2024. A primeira aparição da dança foi durante os Jogos Olímpicos da Juventude de 2018, em Buenos Aires, na Argentina. A iniciativa do Comitê em incluir o breaking nas Olimpíadas tem objetivo de trazer uma audiência mais jovem para a competição.

No ano passado a Federação realizou o primeiro Campeonato Amapaense de Breaking, que teve como campeão b.boy Françoa, de 27 anos, que pratica a modalidade há 12 anos. Segundo ele, essa vitória serviu para fortalecer o seu trabalho.

“Acho que me favoreceu muito e hoje eu posso vender o meu produto. Tivemos muitos b.boys do estado, DJs de fora também. As pessoas vão me reconhecer como campeão estadual, mas existem muitos outros dançarinos de grande nível”, disse.

Outro b.boy, Matheus Marques, ou simplesmente Marques, de 26 anos, está no Breaking há um ano e conta com o apoio do seu grupo, CBC Crew, para não desistir. “Eles super me incentivaram, pois eu não era do breaking, mas de outros estilos. Meu primeiro contato foi com batalha, depois disso eles me agregaram e estar com eles trocando ideias e conhecimento é muito bom.

Se engana aqueles que acham que o Breaking é só movimentos aleatórios. Um bom b.boy ou b.girl precisa ter noção de musicalidade para poder ir ao ritmo da música. Segundo Marques, os que gostam ou que se identificam com o estilo precisam saber que nada é fácil.

“O breaking é difícil, mas a partir do momento que você tem uma visão do todo, do que é ou que não é movimentos mecanizados, você vai entender a essência da dança. Vai ter lesões, pois há movimentos de alta performance e para fazer isso, é necessário treinar bastante”, disse.

O crescimento do breaking vem fazendo mudar a cultura predominantemente masculina. Hoje, há b-girls reconhecidas e a luta por igualdade também faz parte do movimento. Segundo Françoa, muitas meninas estão se adaptando à modalidade e ganhando espaço. “Hoje nossa crew está com quatro meninas e quero conseguir mais para compor nosso grupo. Elas sempre buscam aprender e são destaques”, disse.

A cultura de rua, raízes do breaking, foi muito criticada e marginalizada. Com o passar dos anos esse paradigma foi sendo quebrado, tornando um esporte olímpico e mostrando a sua essência. “Antes as pessoas criticavam o skate e hoje é um esporte olímpico. O breaking esta em cena e hoje também é um esporte olímpico e tem tudo pra ter mais incentivo e crescer”, disse o b.boy Marques.


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