Estádio Glicério chega aos 69 anos com obras de revitalização paralisadas e praticamente abandonado
Mais antigo que o Maracanã, o antigo “Gigante da Favela” luta contra o esquecimento

Célio Alício
Redação DA
Inaugurado por Janary Nunes, primeiro governador do Território Federal do Amapá (TFA), em 15 de janeiro de 1950, o Glicério Marques foi por três décadas a principal arena esportiva do Amapá, tendo servido de palco para jogos inesquecíveis e vitrine de grandes craques do futebol amapaense.
Antes do Glicério Marques, os jogos de futebol eram realizados na antiga Praça da Matriz (atual Teatro das Bacabeiras). Denominado inicialmente Estádio Municipal de Macapá, teve seu nome mudado em homenagem ao primeiro presidente da Federação Amapaense de Desportos (FAD), atual Federação Amapaense de Futebol (FAF).
Com o advento do Zerão, o Glicério Marques ficou relegado ao segundo plano e somente era utilizado quando o estádio estadual passava por manutenção. Quando o Zerão enfrentou um período de descaso e fechou seus portões, o estádio municipal voltou a abrigar jogos de futebol até que o Zerão fosse praticamente reconstruído. Desde 2014 o “Gigante da Favela” não é utilizado para partidas de futebol.
Por ocasião das comemorações do 69º aniversário do estádio- interditado de 2015 por não atender ao Estatuto do Torcedor -,, a PMM anunciou mais um projeto de revitalização orçado em R$ 12 milhões, com as obras previstas para iniciarem em setembro deste ano.
A história do Glicério Marques se confunde com a de muitos profissionais do futebol amapaense e de personalidades da imprensa local. Ex-atletas, dirigentes, narradores, repórteres e comentaristas têm histórias memoráveis sobre o “Gigante da Favela”.
“O Glicerão tem importância na minha carreira que começou nesse estádio. Meu primeiro jogo foi pela Rádio Curiaú, entre Cristal X Santos pelo Amapazão, depois atuei em vários jogos pela Difusora. Um jogo inesquecível foi Cristal 2 X 1 São Raimundo (AM) na bela campanha do time amapaense na Série D do Brasileirão, A situação atual do Glicerão e do futebol local me deixa, mas espero que a esse estádio e volte a ter um lugar de destaque no cenário nacional juntamente como o futebol local” (Costa Filho, narrador esportivo).
“É lamentável que o Glicério Marques esteja abandonado, principalmente pela história rica que ele possui. Atuei muito em seu gramado, desde as divisões de base até a categoria adulto na era amadora e tive bons momentos em minha carreira. Quando deixei o futebol, atuei por 12 anos como administrador do estádio e tenho enorme carinho por ele. Espero que as autoridades olhem com mais carinho para o Glicerão e possam revitalizá-lo para a alegria de todos que amam o nosso futebol” (Baraquinha, ex-jogador e administrador do estádio).
“Neste cenário abandonado por conta do descaso público, eu debutei, em 1992, no rádio esportivo puxando cabos de microfones da equipes de esportes Papiro na época comandada por Agord Pinto, até que debutei como repórter junto num clássico: Macapá e Ypiranga e tive grandes atuações como repórter esportivo até 1996 quando estreei como narrador pela Rádio Difusora num jogo de aspirantes do São Paulo e do Santana, e daí em diante narrei jogos nas cabines do “Gigante da Favela” (Tarciso Franco, narrador esportivo).
Foi no Glicerão eu debutei como repórter esportivo pela Rádio Difusora num jogo pelo Amapazão junto a companheiros como o saudoso Laércio Júnior, o também saudoso Benedito Silva, o Maranhão e Soriano Dias. Foi num jogo entre Independente e São Paulo. Antes frequentava o Glicerão acompanhando a seleção de Mazagão, no Intermunicipal e fiz até gol eu fiz no seu gramado jogando pelo time dos cronistas. É lamentável que o estádio esteja nessa situação de abandono” (Rodrigo Silva, repórter esportivo).
“É inegável a importância do Glicério Marques para o futebol do Amapá, pelos grandes craques que ali jogaram. Comecei como repórter de campo em 1975 e me despedi como convidado da Rádio Difusora, ao lado de Humberto Moreira e Aníbal Sérgio num aniversário da emissora. A maior emoção nesse estádio foi na final do Copão da Amazônia de 1980 quando o Trem perdeu para o Ferroviário (RO) por 1 X 0. Foi o nosso ‘Gliceraço’, comparando com o “Maracanaço” de 1950” (Paulo Silva, jornalista, ex-repórter esportivo).
“É o santuário do futebol amapaense, um relicário de memória que precisa ser preservado por todos nós. Como atleta, torcedor, dirigente e cronista esportivo, penso que reverenciá-lo é honrar o futebol do Amapá na sua essência, história e no que nele existe de mais importante. É um testemunho vivo da história do nosso futebol. Espero que as autoridades possam revitalizá-lo através de um projeto moderno que faça com que ele seja de fato o gigante da Favela”. (Vicente Cruz, ex-atleta, cronista esportivo e dirigente de futebol).
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